Uso da tecnologia facilita acesso ao SUS em municípios do Estado de São Paulo

Unidade Básica de Saúde digital em Cotia (SP)

A telemedicina, como modalidade de atendimento em saúde, expandiu o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) pelos cidadãos brasileiros e deve permanecer como um dos legados da pandemia. Impulsionada pela Lei Nº 13.989/20, de 15 de abril de 2020, que autorizou a prática da Telemedicina no país enquanto durar a pandemia, a modalidade segue em expansão porque reduz a exposição, tanto de médicos quanto da população com a eventual ida à unidade de saúde.

A tecnologia – aplicada à gestão e que também possibilita a prática da telemedicina – é uma importante ferramenta para a gestão em saúde. Mais avançada na rede privada, a implementação começa a se expandir no sistema público. Segundo pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM), divulgada em 2020, 90% dos 2.258 médicos entrevistados afirmaram que o sistema público de saúde pode ser beneficiado com tecnologias de informação e comunicação de forma a diminuir as filas de espera e melhorar o atendimento. Os profissionais de saúde veem uma oportunidade, mesmo que a longo prazo, conforme acrescenta o estudo. Itapevi e Cotia, na Grande São Paulo, e Jahu já contam com unidades 100% informatizadas e oferecem teleatendimentos à população.

Sistema de Gestão

Em Itapevi, mais de 90 mil cidadãos já estão cadastrados no sistema de gestão de saúde da prefeitura (sistema Saúde Simples), que foi implementado em fevereiro deste ano e já contabiliza 66 mil atendimentos realizados.

“Minha expectativa em relação à informatização e digitalização de todo sistema municipal de saúde é que a gente consiga realmente trazer maior agilidade, eficiência e eficácia a todos os processos realizados na área de saúde. Hoje, em pleno século 21, não se pode mais pensar em um serviço de saúde sem que tenhamos um banco de dados confiável, histórico do paciente em todas as unidades, agilidade nas marcações de consulta, agilidade no resultado de exames e que seja acessível a todos, tantos aos profissionais como aos usuários. Então, minha expectativa é que a gente tenha um avanço em todo o processo de informatização e principalmente que ele gere os relatórios gerenciais tão importantes para as tomadas de decisão, que devem ser baseadas nos dados que forem captados e disponibilizados de acordo com os atendimentos e procedimentos realizados”, explica Luiza Nasi Fernandes, Secretária da Saúde de Itapevi.

No município de Jahu, o Saúde Simples está implementado desde 2020. Com o módulo de gestão de estoques e farmácias, a prefeitura consegue rastrear os medicamentos em estoque, controlar lote e validade dos itens, além de agilizar o processo de reposição dos remédios de forma automática. Em 1 ano de implementação, o sistema já possibilitou a dispensação segura de cerca de 30 mil medicamentos.

Teleatendimento

Em Cotia, projeto que é considerado um dos pioneiros no estado de São Paulo e teve início em março de 2020, a população beneficiada é de pouco mais de 151 mil habitantes, que realizam exames e se consultam com médicos de diversas especialidades. Cerca de 50 mil teleatendimentos foram realizados na cidade.

“Para chegar a esse número foi necessário ampliar a possibilidade de acesso, ofertando um aplicativo que pode ser instalado nos aparelhos celulares, onde os moradores possuem a praticidade e facilidade em se cadastrar e gerir o cuidado com a saúde na palma das mãos”, explica Amaury Cunha Carvalho, diretor da OM30, empresa responsável pelo desenvolvimento da plataforma.

Dezoito médicos realizam em média 650 consultas por semana de maneira remota. A prefeitura conta também com cinco profissionais que atuam no backoffice e são responsáveis pela triagem, otimizando a hora de trabalho dos especialistas, que têm a atenção totalmente voltada ao atendimento. Em um ano, cerca de 50 mil teleatendimentos ocorreram a distância. “Isto impacta diretamente no combate à pandemia, pois reduz aglomerações, garante a segurança dos médicos e pacientes, e assim minimiza novos contágios, além de diminuir as filas de espera”, acrescenta Amaury. O serviço começou a ser oferecido em Cotia logo após a sanção da Lei Nº 13.989/20, de 15 de abril de 2020, e a plataforma foi implementada em menos de um mês.

“Nos últimos anos, o serviço de saúde deu passos importantes de inovação e de tecnologia. A telemedicina é o reflexo de um destes avanços que se somam a outros. Todos os nossos trabalhos são voltados para a excelência no atendimento e no acolhimento adequado aos usuários do sistema, pois sabemos que cada falta implica em represamento da demanda”, destaca o prefeito de Cotia, Rogério Franco.

Entre as especialidades atendidas em Cotia estão: reumatologista, alergista, cardiologista, cirurgião vascular, dermatologista, endocrinologista, gastroenterologista, oftalmologista, otorrinolaringologista, pneumologista e urologista. Durante o atendimento, os médicos podem emitir atestados, receitas médicas e pedido de exames. Segundo Amaury Carvalho, o sistema de atendimento a distância garante toda a segurança e privacidade necessária, como prontuários eletrônicos totalmente protegidos, prescrição médica com assinatura digital (receituário e atestados), facilidade de acesso e usabilidade simples, possibilitando melhor atendimento e prestação de serviços. “A tecnologia atende à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo proteção da privacidade de todos os dados pessoais envolvidos no sistema”, enfatiza Carvalho.

De acordo com especialistas, a tendência da telemedicina é de crescimento, sendo o modelo híbrido – atendimento presencial e de forma remota – a melhor forma para ampliar o acesso à saúde. Tanto a maioria dos médicos quanto os planos de saúde são favoráveis e defendem o avanço da regulamentação da Telemedicina no pós-pandemia, segundo levantamento da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) publicado neste ano e a pesquisa da APM. Estima-se que 55% dos pacientes brasileiros já fizeram uma consulta usando essa modalidade. Entretanto, esse número é ainda maior entre os que possuem plano 62% que os não segurados 37%, conforme apontam os dados da empresa Capterra.

Redação

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