Uso de soro fisiológico em UTI tem impacto similar à solução mais cara

Pesquisa inédita liderada por especialistas do Hcor, publicada nesta terça-feira (10) no The Journal of the American Medical Association – JAMA e apresentada no Critical Care Reviews, um dos melhores fóruns para apresentação de estudos de terapia intensiva, aponta que a substituição do uso de cloreto de sódio 0,9% – o popular soro fisiológico – por uma solução cristaloide balanceada utilizada para expansão plasmática (Plasma-Lyte®) não diminui a mortalidade em 90 dias em pacientes críticos internados em UTIs.

O estudo foi conduzido no Brasil como iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), liderado pelo Ministério da Saúde, e também contou com a parceria da Brazilian Research in Intensive Care Network (BRICnet).

A administração de diferentes tipos de fluidos é fundamental no tratamento da hipovolemia, frequentemente observada nos pacientes graves. A reposição volêmica objetiva melhorar pressão e fluxo que chegam nos diversos órgãos.

Mais barato do que outros fluídos, o uso de soro fisiológico demonstrou resultado similar ao do Plasma-Lyte® no que diz respeito à mortalidade em 90 dias dessa população, o que pode facilitar a atuação dos profissionais de saúde – inclusive na rede pública – não só pelo barateamento de custos como pelo acesso ao insumo, já que a solução balanceada não se encontra amplamente disponível.

“Nosso intuito era o de responder uma pergunta comum do cotidiano médico. O resultado encontrado, mesmo sem apresentar impacto significativo no prognóstico do paciente, beneficia o dia a dia das equipes, simplificando a terapia aplicada junto a essa população crítica. Os achados são importantes para pacientes graves no Brasil e em qualquer canto do mundo”, explica o pesquisador do Hcor responsável pelo estudo, Fernando Zampieri.

A mesma amostra de participantes também foi avaliada sob a perspectiva de velocidade da intervenção. Isso significa que o estudo também respondeu à dúvida sobre o quão rápido precisam ser aplicadas essas soluções no organismo do paciente.

Nesse aspecto, também não foram observados benefícios sobre a mortalidade em 90 dias daqueles gravemente enfermos.

Considerado um dos maiores realizados em UTIs nos últimos anos, no total, o estudo BaSICS acompanhou mais de 10 mil pacientes, de 75 centros médicos. A pesquisa dividiu os participantes aleatoriamente de forma individual – não por instituição – tendo utilizado como critérios de exclusão faixa etária inferior a 18 anos, necessidade de diálise e quadros terminais. Nela, cada paciente poderia receber, independentemente de seu perfil, a aplicação do Plasma-Lyte® ou do cloreto de sódio 0,9%. As avaliações foram realizadas ao longo de quatro anos.

Redação

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