Uso indiscriminado de probióticos para tratamento de asma pode fazer mal à saúde

A inflamação alérgica pulmonar (asma) constitui um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Os diferentes fenótipos da doença podem ser influenciados pela interação entre o ambiente, microbiota intestinal e a genética do hospedeiro. A fim de minimizar os efeitos da doença, muitas estratégias são investigadas para modular a composição da microbiota, como a suplementação com probióticos.

No entanto, os estudos ainda não são conclusivos sobre os efeitos dos probióticos em doenças alérgicas, devido à complexa interação entre fatores ambientais, composição da microbiota e background genético do indivíduo. Diante desses fatores, um recente estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado pelo periódico científico Microbiome, investiga os possíveis benefícios e riscos do uso indiscriminado de probióticos por consumidores asmáticos. A Springer Nature também preparou um vídeo sobre o tema para que as informações do artigo cheguem à sociedade disseminando não só a relevância do estudo e seus achados, mas também da instituição em âmbito internacional.

Estudo

Para chegar ao objetivo da pesquisa, os cientistas investigaram se a diversidade da microbiota intestinal e fatores genéticos do hospedeiro influenciam os efeitos da administração oral de um probiótico produtor de acetato (Bifidobacterium longum 51A) na inflamação alérgica experimental das vias aéreas induzida por ovoalbumina (OVA) em duas linhagens de camundongos.

Para tanto, foram usadas duas linhagens de camundongos, A/J e C57BL/6. Camundongos A/J apresentam uma maior predisposição para desenvolver respostas alérgicas comparado ao C57BL/6. Além disso, o camundongo A/J apresenta um microbiota menos diversa comparado ao C57BL/6.

“Nossos dados mostraram que o uso do mesmo probiótico induziu diferentes mudanças na microbiota intestinal, que se correlacionaram com a microbiota intestinal do hospedeiro, mas que essas mudanças podem nem sempre ter implicações positivas para a saúde, e efeitos adversos podem ocorrer”, explica Caroline Marcantonio Ferreira, docente e pesquisadora do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) – Campus Diadema que conduziu o estudo.

Além disso, a pesquisa revela que, através de um experimento de transplante de embrião, a composição da microbiota foi muito relevante para o fenótipo de inflamação alérgica das vias aéreas.

“Portanto, o uso indiscriminado de probióticos deve ser reconsiderado, pois os efeitos desses produtos são dependentes de parâmetros do hospedeiro, como a microbiota intestinal residente”, complementa Ferreira.

Segundo uma pesquisa realizada pela Ganeden, uma empresa que desenvolve produtos baseados em probióticos, revelou que a América Latina é a região com maior consumo de produtos com probióticos no mundo – o Brasil representa 52% do mercado latino-americano, seguido do México, que detém 28% desse mercado.

Redação

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