Cuidadores são fundamentais no atendimento domiciliar de pacientes oncológicos

Com uma estimativa de mais de 600 mil novos casos no Brasil por ano, no biênio 2018-20192, o câncer continua figurando como uma das principais causas de morte no mundo. Entre os mais incidentes, destaca-se o câncer de pulmão, que é o segundo tumor mais diagnosticado entre os homens, e o quarto, entre as mulheres. Enquanto os tratamentos medicamentosos ou cirurgias para tratar a doença são fundamentais para os pacientes oncológicos, o cuidado paliativo também exerce uma função essencial durante essa jornada. É nesse cenário que os cuidadores se destacam, já que são os responsáveis pelos cuidados diários com estes pacientes.

Segundo Organização Mundial de Saúde (OMS), cuidados paliativos são os serviços prestados aos portadores de doenças malignas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, assim como prevenir e diminuir problemas físicos e psicológicos dos mesmos. Esses serviços podem ser recebidos em diversos ambientes, como ambulatórios, hospitais, centros especializados, entre outros. Porém, uma prática muito comum é o atendimento em domicílio. Neste caso, a maioria dos pacientes recebe apoio de familiares, vizinhos e amigos, e são esses que os acompanham em todas as etapas do tratamento.

Apesar de familiares exercerem a função de cuidador sem remuneração, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, a profissão que mais cresceu entre 2007 e 2017 foi a de cuidadores de idosos, com um aumento de 547%. O trabalho destes profissionais não se limita apenas aos cuidados com o paciente. Em muitos casos, eles limpam a casa, cozinham, vão ao mercado etc, estabelecendo, então, um vínculo afetivo entre paciente e cuidador.

No caso de pacientes com câncer de pulmão, um dos tumores mais agressivos, por exemplo, a limitação ou incapacidade de exercer atividades cotidianas pode se tornar algo angustiante e depressivo, pois esses pacientes podem se sentir desconfortáveis com a dependência que desenvolvem para certas atividades. Em situações como essa, o papel do cuidador é fundamental, pois é ele quem vai oferecer o suporte, tanto físico quanto emocional, que o paciente necessita durante esse período tão delicado.

Dra. Maria Cristina Figueroa explica que a agressividade do câncer de pulmão muitas vezes se deve ao diagnóstico tardio. “Muitas doenças respiratórias comuns, como a tuberculose, por exemplo, apresentam os mesmos sintomas como tosse, falta de ar, escarro com sangue e dor no tórax. Isso dificulta o diagnóstico e início imediato do tratamento”, diz Figueroa.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o Brasil terá cerca de 30 mil novos casos por ano em 2018 e 2019 e para gerar conscientização sobre o tema, foi criado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Pulmão, em 1º de agosto. Apesar do tabagismo ser responsável por 85% dos diagnósticos, existem subtipos pouco conhecidos desse tumor causados por mutações genéticas. “O câncer de pulmão é dividido em pequenas células (CPPC) e não pequenas células (CPNPC). Entre os CPNPC, existe um subtipo que é mais comum em não-fumantes, causado por mutações no receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)”, explica Dra. Maria Cristina. O diagnóstico desse subtipo de câncer de pulmão é feito por meio de testagens específicas. Após a identificação do subtipo é possível determinar qual a melhor abordagem terapêutica para cada caso. “A terapia-alvo é o tratamento mais indicado para o câncer de pulmão decorrente de mutação no EGFR.”

Em janeiro de 2018, a terapia-alvo afatinibe foi incorporada no Rol de Procedimentos da ANS para pacientes com plano de saúde diagnosticados com o adenocarcinoma com mutação no EGFR. A eficácia desse tratamento foi comprovada pelo estudo clínico LUX-Lung 7. Este estudo comparou o uso da terapia-alvo de geração anterior com o afatinibe. Os resultados mostraram que os pacientes que passaram por tratamento com o afatinibe apresentaram mais que o dobro da probabilidade de sobrevida e ausência de progressão da doença em dois anos.

Já o estudo global para pacientes com CPNPC, o GioTag, atestou que o afatinibe, em primeira linha, seguido de osimertinibe prolonga o tempo de permanência sem quimioterapia. Segundo o estudo, essa sequência de tratamento foi seguida durante 27,6 meses em média, com benefício consistente em todos os subgrupos participantes. “O GioTag é um estudo importante, pois seus resultados poderão auxiliar na hora de prescrever as melhores linhas de tratamento para cada caso”, afirma Dra. Maria Cristina Figueroa. Os resultados deste estudo foram publicados na revista Future Oncology.

Estudos como LUX-Lung 7 e Giotag são confirmações de que com o avanço das soluções terapêuticas é possível aumentar o tempo sem progressão da doença. Aliado ao tratamento medicamentoso temos os cuidados paliativos e o atendimento domiciliar feito pelos cuidadores. Ambos têm papel fundamental na rotina diária e no suporte emocional dado ao paciente.

Redação

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