45% dos entrevistados da região Sudeste consideram que cuidados com dengue diminuíram na pandemia

Pesquisa inédita realizada pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da biofarmacêutica Takeda e com coordenação científica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), avaliou a percepção de 2 mil brasileiros sobre a dengue e mostrou que, apesar de amplamente divulgada, várias informações básicas sobre a doença ainda não são de pleno conhecimento da população. Além disso, o estudo revelou que a pandemia de Covid-19 contribuiu para a redução de cuidados com a doença e até mesmo para mudar a percepção sobre ela.

De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados 1.172.882 casos prováveis de dengue no Brasil nos primeiros seis meses deste ano, aumento de 195,9% em relação ao mesmo período do ano passado.1 Em 2021, houve uma queda no registro de casos e mortes em relação a 2020. Foram 544.460 casos prováveis de dengue, enquanto em 2020 os registros chegaram à marca de 1 milhão no país.2 A subnotificação e o isolamento social por causa da pandemia de Covid-19 podem ser algumas das explicações para a queda.

Nesse contexto, a pesquisa revelou que, entre os entrevistados da região Sudeste, 33% acreditam que a doença deixou de existir durante a pandemia e 20% avaliam que o risco de contrair dengue diminuiu no período. O fato de considerarem que a dengue deixou de existir durante a pandemia de Covid-19 pode levar ao relaxamento das ações preventivas, aumentando o risco de contraírem a doença. Entre os entrevistados da região Sudeste, 45% consideram que os cuidados com a dengue diminuíram no cenário da pandemia.

O Sudeste é a terceira região do país com a maior taxa de incidência de dengue (440,7casos/100 mil habitantes) no período analisado, ou seja, um total de 395.014 casos prováveis. São Paulo é o Estado que apresenta o maior número de óbitos (200) até o momento.1

“Essa realidade revelada pela pesquisa é preocupante. Com a urgência da pandemia de Covid-19, muitas doenças infecciosas, como as arboviroses (que inclui a dengue), foram colocadas em segundo plano e até esquecidas. Precisamos retomar a discussão e cuidados com a dengue, focando em disseminar informações e campanhas de conscientização que estimulem a prevenção”, afirma Alberto Chebabo, médico infectologista e presidente da SBI.

O levantamento também apontou que 30% dos entrevistados de todo o Brasil afirmaram já ter tido dengue, sendo 27% na região Sudeste. Destes, 21% contraíram a doença duas vezes e 5% três vezes ou mais. No geral, 72% conhecem alguém que já teve a doença. A pesquisa mostrou que ainda existe um longo caminho para conscientização da população, já que dos 27% que tiveram dengue, 51% não fizeram nenhuma mudança para o controle da dengue em casa após adoecerem.

O estudo foi realizado entre os dias 19 e 30 de outubro de 2021, com 2 mil pessoas, a partir de 18 anos, de todas as classes sociais e regiões do país. A região Sudeste é representada por 43% dos entrevistados. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. Acesse a pesquisa completa aqui.

Desconhecimento sobre a dengue

O levantamento apontou dados preocupantes sobre a falta de conhecimento de informações básicas sobre a dengue, mostrando que há um gargalo na conscientização da população. A forma exata de contágio não é de pleno conhecimento da população: 8% dos entrevistados do Sudeste desconhecem como a doença é transmitida – porcentagem menor que a média nacional (12%). Picada do mosquito (78%) e água parada (26%) aparecem como as formas mais citadas.

Mesmo tendo conhecimento adequado sobre os locais com maior risco de contágio, mais de 50% associaram como situações de risco: pessoas que nunca tiveram dengue, idosas e com imunidade baixa.

Outro dado importante revelado foi que 54% dos entrevistados da região Sudeste não sabem quantas vezes uma pessoa pode contrair a doença e 17% afirmam que podem contrair um número ilimitado de vezes. Apenas 3% reconhecem que uma pessoa pode pegar dengue até 4 vezes.

Quanto à prevenção, o levantamento apontou que 9 em cada 10 moradores do Sudeste acreditam que a dengue pode ser evitada. “A população sabe o que é a dengue e qual a forma de prevenção, mas vemos poucas ações concretas para diminuir a proliferação do mosquito vetor. O trabalho dos agentes de saúde é fundamental para mudar esse comportamento”, afirma Rosana Richtmann, médica infectologista.

Conscientização e fake news

A pesquisa também avaliou o interesse dos brasileiros na busca e por informações sobre a dengue. Apesar de 64% declararem não buscar informações sobre a doença, quando questionados sobre o interesse, 6 em cada 10 gostariam de receber informações por diversos canais, deste a internet é citada por 72% dos entrevistados.

A pesquisa também buscou entender o quanto as fake news impactam a comunicação com a população. Quando questionados sobre a verificação de assuntos de saúde, 81% dos entrevistados da região Sudeste disseram checar a veracidade das informações. A internet foi citada como a maior fonte: Google (34%) e sites de notícias (33%).

Para contribuir com a disseminação de informações confiáveis e educativas a respeito da doença, a biofarmacêutica Takeda lançou o site Conheça Dengue. O portal, que traz dados atuais, mitos e verdades, informações sobre sinais e sintomas para identificar a dengue, tem como objetivo ser mais uma fonte confiável de informações e ajudar na conscientização e combate à doença no Brasil.

DENGUE

A dengue é uma doença infecciosa, que pode evoluir para formas graves, acometendo bebês, crianças e adultos. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). 3,4 A dengue está presente em mais de 100 países de regiões tropicais e subtropicais e está diretamente relacionada a fatores climáticos, como chuvas, temperaturas mais elevadas, umidade relativa do ar, além de outros fatores, como a crescente urbanização não planejada, globalização, aquecimento global etc. Além do impacto físico, a doença acarreta um importante ônus socioeconômico e impõe um grande desafio para a saúde pública onde está presente.3

A dengue é transmitida a humanos por meio da picada do mosquito infectado (fêmeas) Aedes aegypti. Outras espécies do gênero Aedes também podem atuar como vetores, porém desempenham um papel secundário ao Aedes aegypti. 3,4 A dengue é a doença transmitida por vetor que cresce de forma mais rápida no mundo, e sua incidência cresceu dramaticamente nas últimas décadas. Como a grande maioria dos casos é assintomática ou leve e, mesmo os sintomáticos, muitas vezes, não são notificados, os números reais são subestimados.3

A suspeita de infecção por dengue acontece quando o paciente apresenta febre alta (> 38°C) acompanhada por pelo menos dois dos seguintes sintomas: dor atrás dos olhos, manchas vermelhas na pele, náusea e vômito, dor de cabeça severa, dores musculares e articulares.4 Não existe um tratamento específico para a dengue. As medidas adotadas devem visar o controle dos sintomas. Pacientes com suspeita de dengue devem buscar orientação médica logo ao surgirem os primeiros sintomas da doença. Em casos de dengue grave, o atendimento médico é fundamental para a manutenção do volume de fluido corporal.3

A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, eliminando água armazenada para impedir possíveis criadouros, como em vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas.5

Referências:

  1. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico, Volume 53, Nº 24. Junho 2022. Disponível em: Link. Acesso em agosto de 2022.
  2. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico Vol. 53 Nº 01. Disponível em Link. Acesso em fevereiro de 2022.
  3. World Health Organization – OMS. Disponível em Link . Acessado em fevereiro de 2022.
  4. Niyati Khetarpal. Dengue Fever: Causes, Complications, and Vaccine Strategies. J Immunol Res. 2016; 2016: 6803098
  5. Ministério da Saúde. Saúde de A a Z. Dengue. Disponível em: Link. Acesso em dezembro de 2021.
Redação

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