Faz algumas décadas que dedico parte expressiva de minha vida à Medicina, à assistência em saúde. Minha entrega aos pacientes e a cumplicidade só têm paralelo em meus familiares. São os amores que carrego para sempre: minha família e a prática médica.
É de minha compreensão, desde sempre, a relevância de zelar pela boa Medicina. É um ofício a ser desenvolvido obrigatoriamente dentro dos mais nobres princípios éticos, humanos e morais.
Há certo tempo, respondo pela presidência da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), que representa alguns milhares de especialistas. Disseminamos atualização científica continuada de excelência, entre diversas missões.
Nossa SBCM, assim como o conjunto de entidades de especialidades e a Associação Médica Brasileira, olha para o paciente como sua razão de existência. É meta maior entregar atendimento digno, baseado nas mais consistentes evidências de eficácia e efetividade da Ciência.
Lamentavelmente, hoje, vemos em nosso meio alguns indivíduos desqualificados usando o diploma de médico para jogar contra a saúde dos brasileiros. Entre tantas perversidades e crimes, neste grave momento de crise sanitária da Covid-19, eles plantam fake news contra a imunização de crianças de 5 a 11 anos.
Um desses indivíduos ocupou tribuna pública recentemente, em Brasília. Simples bacharel médico, o tal se aventura a indicar o caminho do perigo e até da morte aos mais desavisados cidadãos. Não só por ignorância e incompetência, mas também por má fé.
Pessoas como ele, que, aliás, tem histórico de péssimo aluno, jamais entrou em residência médica alguma e muito menos possui título de especialista, deveriam ser punidas exemplarmente pelo nosso Conselho de classe e pela Justiça. Não fosse por jogar contra a saúde pública, deveriam ser rigorosamente sentenciadas por divulgarem títulos e formação que nunca tiveram, com o intuito de ludibriar os outros.
É assustador e mancha a reputação de todos nós, os bons médicos, ver um individuo sem nenhuma credibilidade em nosso meio, dizendo-se criador dessa ou daquela prática. O que ele faz é colocar em risco os nossos pacientes. Lembremos que todos somos pacientes!
Médico de verdade honra a Medicina, a Ciência. Está sempre ao lado do doente.
Certamente não o são aqueles que entram em esquema políticos e/ou saem por aí vendendo “tratamentos” com base em água, repouso, vitamina D e zinco! Esses são larápios, só estão de olho em tungar dinheiro dos outros.
Entidades médicas e cientificas contestamos informações sem fundamento científico. Os conselhos sabem quem são esses tipos e precisam agir.
Não deixaremos jamais que os brasileiros sejam tomados por cobaia por profissionais de má-fé. O remédio para essa gente se chama cassação do diploma de bacharel. É tiro e queda!!!
Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM)