A presença das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é cada vez mais crescente. Segundo o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, elas representam 54,5% da mão de obra no país. Ainda de acordo com a instituição, a taxa de participação do sexo feminino na força de trabalho tem aumentado anualmente, enquanto a dos homens está reduzindo.
Há menos de um século, esse cenário era bem diferente. Houve um tempo em que as mulheres eram consideradas relativamente incapazes pelo Código Civil Brasileiro.
Até o início dos anos 60, por exemplo, as mulheres casadas dependiam da autorização do marido para trabalhar. Essa liberação deveria ser registrada em cartório e poderia ser anulada a qualquer momento por ele.
Isso mudou com a criação da Lei Federal n° 4.212, de 27 de agosto de 1962, que ficou conhecida como Estatuto da Mulher Casada. A partir daí, as mulheres casadas passaram a ter o direito de trabalhar livremente.
Empoderamento feminino como causa
De lá para cá, há muitos avanços na defesa dos direitos da mulher. No entanto, devido ao machismo estrutural que rege muitas das regras sociais do Brasil, a valorização do trabalho feminino ainda encontra muitos obstáculos.
Por isso, nos últimos anos, diversas organizações elegeram o empoderamento feminino como uma das suas causas.
O ISAC – Instituto Saúde e Cidadania é uma dessas organizações. Desde 2020, a instituição é signatária do Pacto Global da ONU – Organização das Nações Unidas, considerado a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com mais de 19 mil membros em 160 países.
As organizações que se tornam signatárias do Pacto Global se comprometem a adotar em suas operações os 10 princípios universais da iniciativa, sendo um deles a promoção da igualdade de gênero.
Evane Corbacho, presidente do ISAC, argumenta que o respeito às pessoas, independente do gênero, faz parte da construção de um ambiente diverso e inclusivo.
“O nosso Jeito ISAC de ser e cuidar tem como base princípios como valorização e respeito às pessoas, ética, integridade e transparência. Acreditamos que todos têm o mesmo valor e podem ser protagonistas de suas próprias histórias, contribuindo, junto com a gente, para a oferta de uma assistência à saúde segura, humana e de qualidade”, afirma a gestora.
Lorena Conte, gestora de Gestão de Pessoas do ISAC, também comenta sobre a importância do empoderamento feminino no mercado de trabalho.
“No ISAC, oferecemos oportunidades de forma igualitária a todos. Entendemos que os cargos devem ser ocupados pelas competências, independente da identidade de gênero ou como a pessoa se vê”, diz.
Desenvolvendo habilidades para superar desafios
Atualmente, cerca de 77% dos colaboradores diretos do ISAC são mulheres. Elas comandam 82 dos 120 cargos de liderança nas unidades gerenciadas pela instituição em todo o Brasil, o equivalente a 68%. E a liderança é ainda maior quando adicionados os profissionais terceirizados, chegando a cerca de 90%.
Carolina Rivero é coordenadora administrativa na UPA – Unidade de Pronto Atendimento Benedito Bentes, em Maceió, no Estado de Alagoas. Ela foi admitida pelo ISAC em março de 2021, aceitando o desafio de participar da gestão de uma unidade referência em atendimento a pacientes com covid-19.
“Eu comecei a trabalhar na área da saúde em plena pandemia e com filhos pequenos, tendo que conciliar a vida pessoal e profissional. Para mim, o ISAC é uma instituição que aceita os nossos desafios como mulher, dá abertura para falarmos sobre dificuldades e é flexível sempre que preciso de suporte. Também incentiva a formação de liderança. Tudo isso motiva a me dedicar mais ainda ao que faço”, conta a coordenadora.
A trajetória de Tamires Farias é outro exemplo de valorização profissional dentro do ISAC. Ela foi admitida pela instituição em 2016 como auxiliar de Higienização e Limpeza no Hospital Professor Ib Gatto Falcão, em Rio Largo, no Estado de Alagoas. Hoje é coordenadora de Processamento de Roupas e Higienização na unidade.
“Eu só tinha o Ensino Médio quando cheguei aqui, e o ISAC me mostrou o quanto eu precisava ser lapidada. Então eu busquei uma qualificação de nível superior na área de Gestão e Vigilância em Saúde. Hoje sou formada. Sou prova viva de todas as oportunidades que eles vêm me concedendo. Me sinto realizada profissionalmente e, também, no lado pessoal”, conta Tamires.
Mulheres inspirando outras mulheres
Outra colaboradora que reconhece o compromisso do ISAC no empoderamento feminino é Samantha Coelho. Desde 2017 ela atua no Instituto em Araguaína, no Estado do Tocantins. Começou como supervisora de Enfermagem do AME – Ambulatório Municipal de Especialidades, foi promovida a supervisora geral e, atualmente, é coordenadora administrativa do Hospital Municipal – Unidade Covid-19 e coordenadora geral do AME.
“Quando fui para o Hospital, eu já estava no AME. Foi um grande desafio porque essas unidades têm perfis de atendimento totalmente diferentes. Hoje me sinto privilegiada, honrada com o convite e valorizada, porque não achei que era capaz de tanto na época. Mas agora vejo o quanto cresci e como minha visão profissional foi ampliada. Porque o Hospital é um projeto grandioso. A gente fez algo que não existia antes. Uma experiência que a gente só vive em um cenário de guerra. Hoje eu acredito que sou capaz de superar qualquer desafio. E minhas maiores líderes aqui foram mulheres”, relembra Samantha.
Unidades com maioria de líderes mulheres
Em algumas unidades gerenciadas pelo ISAC, as mulheres ocupam todos os cargos de liderança, a exemplo da UPA Santa Paula, em Ponta Grossa, no Estado do Paraná. É lá que Franciele dos Santos trabalha como coordenadora administrativa.
“Aqui as líderes trabalham todas em uma mesma sala, conversam na hora de decidir algo. Me sinto desafiada e valorizada no trabalho, tenho liberdade para me comunicar e as pessoas são muito receptivas. Hoje temos uma psicóloga para acolher os profissionais que chegam e isso faz toda a diferença”, diz Franciele.
No Multicentro de Saúde Carlos Gomes, em Salvador, na Bahia, somente uma liderança é masculina. Os demais cargos de gestão são ocupados por mulheres.
Uma das líderes é a fisioterapeuta Verusca Contreiras, que está à frente da supervisão da Equipe Multiprofissional.
“Para mim, isso é um diferencial. A maioria de nós foi criada entendendo que o homem é alguém melhor. Mas aqui provamos o nosso valor como mulher e eu me sinto diferenciada por isso. Tenho orgulho da história que estou construindo no ISAC”, diz.
O que é o Pacto Global?
O Pacto Global da ONU foi criado em 2000 fornecendo diretrizes para a promoção do crescimento sustentável e cidadania. As organizações que integram a iniciativa se comprometem a contribuir para o alcance dos 17 ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Um dos compromissos do ISAC é com o ODS 5 que é sobre alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Para isso, o ISAC tem trabalho para acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas; combate todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas, garante a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão.
O instituto também adota o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para promover o empoderamento das mulheres e ainda, adota e fortalece políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas em todos os níveis.