Predominantes na força de trabalho da saúde, as mulheres têm promovido um impacto positivo no setor. Em âmbito global, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 70% dos trabalhadores desse segmento são do gênero feminino. No Brasil, elas representam 65% do total de profissionais, ocupando cargos que vão de áreas assistenciais hospitalares à atenção primária, de acordo com um estudo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. A enfermagem se destaca com a maior parcela das trabalhadoras, mas quando o segmento é a categoria médica o cenário é de minoria: 45% são mulheres.
Desde o início da pandemia, elas têm sido grandes protagonistas em diversas frentes de combate à Covid-19. Na área de assistência domiciliar (home care) foram fundamentais no desempenho do tratamento de pacientes pós-Covid, com programas de reabilitação e processos crônicos instaurados. Além disso, contribuíram de forma significativa na gestão de leitos hospitalares, cuidando de pacientes em casa após aval clínico.
O fato de o mercado da saúde ser um grande empregador para essas profissionais se conecta com um aspecto cultural atribuído a elas. Na história da Enfermagem brasileira, por exemplo, até o início do século XX, o cuidado humano era realizado por negras e indígenas. E mesmo nos tempos atuais, as mulheres ainda fazem três vezes mais trabalho não remunerado de prestação de cuidados do que os homens, o que reforça um papel histórico: o ato de cuidar é feminino.
Na AssistCare, empresa voltada à assistência domiciliar com unidades nos estados de Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, as mulheres são a maioria, representando 86% dos profissionais no quadro de colaboradores. São enfermeiras, farmacêuticas, fisioterapeutas, assistentes sociais, médicas, profissionais da área administrativa, entre outras funções. Cerca de 93% dos cargos de liderança são ocupados por elas e entre as pessoas que foram promovidas ou receberam algum incentivo por mérito, 75% são do público feminino.
Apesar de um cenário interno positivo, a realidade do mercado de trabalho é outra para grande parte das profissionais do sexo feminino. Segundo um estudo de 2019 do IBGE, apenas 37,4% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres. No ritmo atual, levará 130 anos para que ocorra a igualdade de gênero nos postos mais altos, segundo estimativas da ONU.
E ainda há outros desafios a serem superados. Os salários pagos a esse grupo são, em média, 25% mais baixos que os dos homens. Além disso, o fato de a maior parte deste trabalho ser exercido por profissionais de nível médio mostra que há um caminho longo a ser percorrido em posições que demandem maior qualificação.
Alguns movimentos são importantes para o crescimento e fortalecimento feminino na saúde, como o estímulo à aprendizagem contínua, programas de desenvolvimento individual baseado em competências, rodas de conversa e até o estabelecimento de cotas – dependendo do porte da empresa.
Além do mais, a implementação de comitês voltados à diversidade e à inclusão dentro das organizações privadas e públicas é uma medida afirmativa de grande valor. Composto por colaboradores, esses grupos podem dar suporte orientativo ao departamento de Recursos Humanos e à alta direção, propondo iniciativas que impactem setores da sociedade que precisam de apoio. Eventos em datas representativas, vídeos e manuais para conscientizar sobre atitudes agressivas e discriminatórias e sobre a igualdade de gênero são algumas estratégias educativas positivas.
Criar um ambiente seguro com canais de denúncia contra assédios, dar apoio integral e promover o respeito à maternidade, além de firmar convênios com creches próximas às instituições de trabalho são outras ações que contribuem para que a sociedade, em que as mulheres são a principal força de trabalho da saúde, seja mais justa.
À frente de cargos de liderança e envolvidas nos processos de decisão, as mulheres impactam a rotina empresarial com mais empatia, capacidade de planejamento, organização e gestão de custos e de pessoas. Elas aplicam um olhar integral, ajudam a dar um toque mais humanizado ao ambiente, agregando, também, alta eficiência. Uma junção de força, afeto e estratégia que reflete na melhoria do setor. Elas fazem a diferença na saúde.
Rosana Vieira é Gerente nacional de operações da AssistCare