Apesar das recentes mudanças feitas pelo Ministério da Saúde, com a exclusão dos menores de 5 anos de idade do grupo prioritário de vacinação contra a Influenza, as crianças com comorbidades continuam compondo o público prioritário da campanha. Por isso, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) reforça a importância da imunização, que tem início no próximo dia 4.
Fabianne Carlesse, médica infectologista pediátrica e membro da SOBOPE, afirma que não há qualquer contraindicação formal à vacina da Influenza para crianças e adolescentes com câncer. Ela explica que a depender da fase de tratamento na qual o paciente se encontra, a resposta à vacinação será mais ou menos efetiva. Dessa forma, a aplicação da dose pode ser adiada para um retorno imunológico mais significativo.
“Como não é uma vacina de vírus vivo, a criança pode e deve ser imunizada. Caso ela esteja com a defesa muito baixa, linfopênica, ou seja, com a quantidade de linfócitos reduzida, a chance de resposta à vacina pode ser menor. Então, sempre orientamos que a criança em tratamento quimioterápico procure um oncologista para checar como está em relação às defesas e algum outro tipo de comorbidade, se há mais algum fator associado que poderia impedir ou diminuir a eficácia dessa vacina”, diz a especialista.
O esquema vacinal e a recomendação da vacina nos pequenos são definidos com base na idade no momento da primeira dose da vacina influenza e no número de doses da vacina recebidas em temporadas anteriores (pelo menos uma dose).
A infectologista é categórica ao afirmar que a proteção vacinal é necessária e pode evitar que a criança adoeça e tenha sua rotina de tratamento interrompida. Para ela, ainda que produza uma resposta menos eficiente, “é melhor ter uma criança imunossuprimida imunizada do que ter zero de proteção contra o vírus Influenza”. “O fato da criança ser vacinada vai diminuir o risco de internação, de idas ao pronto-socorro e de adiar o tratamento oncológico”, conclui Dra. Fabianne Carlesse.
Queda histórica na imunização infantil
Segundo dados coletados pela organização Repórter Brasil, via Lei de Acesso à Informação, o governo federal cortou mais da metade do valor investido em propaganda para a vacinação. Em 2021, houve uma queda histórica na imunização de crianças e adolescentes, resultando na pior cobertura vacinal em mais de 30 anos. Com este cenário, amplia-se o risco de retorno de doenças erradicadas há anos, como a poliomielite (paralisia infantil).