Nos últimos anos, são notórios os diferentes avanços alcançados na investigação da saúde durante o período da gravidez que levam ao conhecimento das causas da mortalidade materna. Contudo, os números ainda preocupam. De acordo com o Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, o Brasil teve uma média de 107 mortes a cada 100 mil nascimentos. Os dados, referentes ao ano de 2021, revelam o aumento no número de mulheres que morreram durante a gravidez ou nos 42 dias seguintes ao parto devido a causas relacionadas à gravidez ou por ela agravadas.
O Brasil apresenta números bem distantes dos fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU). Até 2015, a meta era ter menos de 35 mortes por 100 mil nascimentos e o Brasil estava na faixa de 70 a 75 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos. Com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), a ONU indicou, até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100 mil nascidos vivos. De acordo com a adaptação das metas para a realidade brasileira, realizada pelo IPEA, o Brasil tem como meta reduzir a razão de mortalidade materna para, no máximo, 30 mortes por 100.000 nascidos vivos, até 2030.
A mortalidade materna é causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou por medidas tomadas em relação a esse período. “A prevenção tem um papel fundamental. Os cuidados tomados durante a gestação, durante o pré-natal e, especialmente, nos momentos próximos ao nascimento são importantes para reduzir a incidência da mortalidade materna”, explica Heloisa Oliveira, Diretora-Presidente do Instituto Opy de Saúde. A má alimentação e o sedentarismo antes e durante a gravidez, podem contribuir para o aumento da mortalidade materna, uma vez que são fatores de risco para doenças como hipertensão, obesidade e doenças cardiovasculares, esclarece Heloisa.
Outro ponto importante ligado à saúde materna são os cuidados durante os primeiros 1000 dias de vida da criança. Este é o período de transformações físicas, cognitivas e emocionais que vão impactar no seu crescimento e desenvolvimento. É uma etapa importante não só para a prevenção de doenças, mas também para a criação de hábitos saudáveis e para seu desenvolvimento integral. “Por isso a adequada nutrição da mãe, incluindo o estilo de vida saudável, além de prevenir a mortalidade materna é também um excelente investimento para a saúde da criança”, ressalta a Diretora-Presidente.
Quando o assunto é mortalidade materna, é impossível não remeter a uma pauta importantíssima que é a necessidade do cuidado com a saúde da mulher. “As mulheres são, figuras centrais na construção da sociedade e por isso precisam de políticas públicas de saúde que incluam atenção primária, acesso a serviços de saúde de qualidade, em especial no período da gestação, no parto e no puerpério”, defende Heloisa Oliveira.