Os avanços da medicina e as descobertas da ciência trazem grandes conquistas na busca por qualidade de vida nas instituições, sejam na área de saúde, educacional, corporativa, cultural ou residencial.
A saúde física, emocional e mental tem sido cada vez mais valorizada como parte do programa desejado nos espaços destinados às atividades humanas.
A arquitetura de ambientes de saúde foi a precursora de uma abordagem mais humanística, que relacionasse a qualidade ambiental à melhoria das condições de saúde e recuperação de pacientes em tratamento.
Nesse contexto, olhares se voltam a novos campos e conhecimentos fora das disciplinas clássicas da arquitetura. A contribuição da neurociência na arquitetura, denominada neuroarquitetura, tem demonstrado fundamental importância para garantir ambientes que promovam bem-estar, além de saúde física e mental a pacientes e colaboradores.
Projetos de ambientes de saúde são reconhecidos pela rigorosidade que combina rígidas normas técnicas, setorização e fluxos definidos, detalhamentos técnicos minuciosos e infraestrutura complexa. “A questão que tende a ser cada vez mais presente a partir de agora será a qualidade ambiental e os reflexos sensoriais e fisiológicos que provocarão nos usuários”, ressalta Denise Moraes, diretora de criação da AKMX Arquitetura e Engenharia, empresa especializada em executar projetos para transformar e evoluir espaços físicos no mercado corporativo.
Aplicar a neuroarquitetura de forma eficiente em qualquer edificação requer conhecimento e atenção na relação entre os diversos componentes do espaço e os reflexos provocados no corpo humano.
Cores, luzes, conexão com o exterior, orientação espacial, texturas, imagens, sons, cheiros, dimensões, formas etc. são captados a todo momento pelo usuário de um espaço. Essa percepção provoca reações positivas ou negativas e desencadeiam reflexos físicos e mentais, como alteração do batimento cardíaco, alteração do ritmo respiratório, stress, transpiração, além de sentimentos como medo, conforto, atenção, nervosismo, relaxamento ou diversos outros.
A neuroarquitetura se baseia nos estudos científicos que investigam a percepção e os reflexos do ambiente no cérebro humano.
Um estudo de caso realizado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre humanização em unidades de quimioterapia ambulatorial pediátrica apontou como estratégias de humanização o uso de paisagismo, ampla entrada de luz natural, disponibilização de janelas voltadas ao ambiente externo, iluminação suave em departamentos assistenciais e atenção à família.
O conforto assegurado pelo uso bem-sucedido desta ferramenta da neurociência traz aos pacientes uma sensação de acolhimento como se estivessem hospedados, e não apenas internados por problemas de saúde.
“Considerando, também, os atendimentos adultos, esse novo conceito arquitetônico passa a ser percebido nos quartos de internação, nas áreas de medicação e em todo o local por onde o paciente circula, se parecendo cada vez mais com um hotel. Com a pandemia, o que se percebeu foi a necessidade de ampliar esse olhar humanizado para os profissionais da saúde, que enfrentam jornadas longas, grande carga de trabalho e, consequentemente, alto nível de estresse”, completa Érica Prata, diretora comercial da AKMX Arquitetura Corporativa.
Confirmando os benefícios da neuroarquitetura, podemos destacar a adoção da biofilia, que consiste na conexão instintiva do usuário com a natureza, seja por meio de plantas, texturas ou imagens que remetam ao mundo natural.
“As janelas proporcionam iluminação e ventilação natural que auxiliam na saúde e nos momentos de descanso. Além do conforto emocional, a luminosidade natural regula o ciclo circadiano do corpo. Assim, ajuda o corpo a regular o relógio biológico, o que se reflete em diversos aspectos da saúde, como qualidade do sono e memória”, explica Denise Moraes, diretora da AKMX.