Publicado no periódico científico BMC Medicine, Triggering anti-GBM immune response with EGFR-mediated photoimmunotherapy traz o resultado de um estudo que mostrou resultados promissores no tratamento contra o câncer. O objetivo da técnica da fotoimunoterapia é iluminar e eliminar as células cancerígenas microscópicas, permitindo aos cirurgiões mais eficácia na eliminação da doença.
O estudo contou com a participação de uma equipe formada por engenheiros, físicos, neurocirurgiões, biólogos e imunologistas do Reino Unido, Polônia e Suécia.
Para os pesquisadores, esta poderá se tornar a quinta principal forma de tratamento do câncer no mundo, ao lado da cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
O que é a fotoimunoterapia?
Trata-se de uma terapia ativada por luz, que faz com que as células cancerígenas brilhem no escuro, permitindo que os cirurgiões visualizem e removam os tumores com mais precisão.
Em um primeiro teste mundial, realizado em camundongos com glioblastoma, um dos tipos mais comuns e agressivos de câncer no cérebro, o novo tratamento iluminou até as menores células cancerígenas, permitindo, assim, a sua remoção.
A nova técnica, que inclui um marcador fluorescente e luz infravermelha, é também capaz de identificar e tratar células de glioblastoma remanescentes, prevenindo recidivas da doença.
Além disso, testes realizados pelo Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, mostraram que o tratamento parece desencadear uma resposta imune, permitindo ao sistema imunológico que passa pela terapia desenvolver a capacidade de combater novas células cancerígenas que possam surgir no futuro.
Futuro
Após os resultados obtidos em laboratório, o próximo passo será verificar se essa abordagem pode ser usada no tratamento do glioblastoma humano e em outros tipos de câncer.
Os pesquisadores estudam, por exemplo, a utilização da nova técnica no tratamento do neuroblastoma, um dos cânceres infantis mais prevalentes.
Há, no entanto, ainda alguns desafios técnicos a serem superados, como alcançar todas as partes do tumor com a luz infravermelha. Ainda assim, os resultados são bastante animadores, afirmam os pesquisadores.
Tratamento e prevenção
Para a pesquisadora Gabriela Kramer-Marek, que participou do estudo, a técnica é especialmente importante para tumores difíceis de tratar, como o glioblastoma, que ainda hoje possui poucas opções de tratamento. Para este tipo de tumor, o desafio está na localização e no acesso para a sua remoção. Assim, a descoberta de novas maneiras de visualizar as células tumorais a serem removidas durante a cirurgia, bem como de tratar as células cancerígenas residuais, é um grande avanço.
Segundo o professor Axel Behrens, do Instituto de Pesquisa do Câncer, em Londres, a proximidade de alguns tumores de órgãos vitais é um dos principais motivos para a necessidade de desenvolvimento destas novas formas de tratamento, como esta fototerapia, permitindo que os médicos possam superar o risco de afetar partes saudáveis do corpo.
Além disso, por conta da dificuldade no tratamento de tumores que crescem em áreas sensíveis do cérebro, como o córtex motor, que está relacionado ao planejamento e controle dos movimentos voluntários, nem sempre é possível eliminar todas as células tumorais por meio dos tratamentos disponíveis hoje. As células remanescentes podem ser responsáveis pela volta da doença, ainda mais agressiva.