A área da Saúde também está aderindo e se ajustando ao trabalho remoto, adotando políticas mais flexíveis principalmente em relação às práticas administrativas e em relação a algumas atividades como consultas online/telemedicina, laudos de exames e até mesmo cirurgias à distância. Embora esta seja uma grande mudança cultural para muitas instituições de saúde, é uma tendência que vem ganhando força desde o início da pandemia Covid-19 com intenso suporte da tecnologia – que já estava pronta para o trabalho à distância.
Nos últimos meses, fiz questão de me aproximar de gestores e líderes da Saúde e entender algumas de suas prioridades, projetos e estratégias. Percebi que três conceitos surgiram como prioridades – agilidade, resiliência e segurança. Esses pilares tornaram-se impulsionadores da mudança graças às lições aprendidas com a pandemia.
Nesse sentido, resolvi detalhar um pouco mais cada um desses pilares no contexto da área da Saúde:
Agilidade
Como vimos nos últimos anos, a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças culturais e de gestão tem sido fundamental às organizações de saúde, assim como se modernizar e avançar nos recursos tecnológicos. A agilidade que elas precisam deve cobrir vários aspectos das operações e da infraestrutura e não apenas da computação para o usuário final.
Muitas instituições deste setor estão olhando em seus portfólios para identificar sistemas que podem mover suas infraestruturas e softwares para a modalidades de serviço, ou seja, as a Service, buscando maior modernização, simplicidade na gestão/operação e redução de custos.
Estendendo esses conceitos para ambiente de acesso do usuário através de soluções DaaS, é possível prover o suporte a qualquer necessidade de trabalho à distância ou na empresa, incluindo muitos fluxos de trabalho clínico, melhorando eficiência dos funcionários, facilidade na implantação e aplicação de patches e upgrades em todo o ambiente.
Um exemplo disso foi a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, que divulgou a adoção de tecnologias de virtualização de desktops centralizando todos os recursos que são utilizados na rede interna, inclusive os sistemas que não podiam ser acessados via internet. Dessa forma, funcionários de diversos setores da saúde puderam continuar trabalhando sem sair de casa em funções como controle de estoque de hospital, faturamento, direcionamento de acesso a unidades de saúde, encaminhamento de leitos, distribuição de medicamentos, entre outras igualmente importantes.
Resiliência
Embora a redundância da infraestrutura e dos serviços essenciais tenha sido uma prioridade das organizações de saúde, a resiliência tornou-se crítica. A redução do uso de datacenters e do custo associado, levou muitos executivos a considerarem as opções de nuvem pública e privada para facilitar várias cargas de trabalho. Este modelo vem ganhando espaço e se tornando popular no ecossistema de saúde, com provedores de sistemas clínicos migrando de forma maciça para esta modalidade.
Com as mudanças estruturais na entrega de dados, aplicações e serviços, as necessidades dos usuários também se transformaram. Os ambientes em que os usuários operam hoje, têm se tornado cada vez mais complexos, e esse tipo de transformação pode comprometer negativamente a experiência do usuário. O conceito de resiliência evoluiu dentro deste contexto a fim de incluir a resiliência da própria experiência do usuário.
À medida que as organizações adotam novas formas de fornecer serviços, seus usuários se adaptam a novas formas de consumi-los. Se os usuários estão trabalhando dentro de locais hospitalares/ambulatoriais, de casa, de um café ou de uma combinação de locais, a experiência deve ser a mesma. O acesso precisa ser ágil, estável e seguro – mantendo a produtividade e a plena satisfação do usuário.
A Unimed Belém, por exemplo, habilitou o atendimento remoto durante a pandemia, quando houve a necessidade de mover 500 funcionários dos escritórios para casa de um dia para o outro. Belém foi uma das cidades mais afetadas do Brasil. Os profissionais conseguiram se conectar ao ambiente corporativo de forma remota com agilidade e segurança obtendo acesso a todos os recursos, aplicações e informações por meio de diferentes dispositivos. O espaço de trabalho digital possibilitou, inclusive, o atendimento remoto de alguns médicos que trabalham em laudos a partir de imagens e precisavam de um ambiente robusto para ter acesso de qualidade aos exames. Com a virtualização, essas imagens são processadas na nuvem e entregues em qualquer dispositivo sem riscos de erro no diagnóstico.
Segurança
Agilidade e a resiliência têm um preço – um cenário de ameaça expandido. À medida que as organizações aproveitam a nuvem, adotam o DaaS e usufruem do trabalho remoto, elas também aumentam o perímetro e a área de risco e, consequentemente, as preocupações com a segurança se tornam mais complexas. Conceitos antigos de proteção como castelo e fosso, regras rígidas de firewall e segmentação de rede – já não são suficientes para garantir a proteção dos dados e do ambiente. Agora temos sistemas de registro vivendo na nuvem e usuários acessando seus dados mais críticos e sensíveis de casa, tudo isso se tornou um alvo atraente aos atacantes/invasores. Isso demanda sistemas de defesa modernos com controle de acesso aprimorado, aplicação do conceito de Zero Trust e análises de comportamento em tempo real.
Com o cenário em constante mudança da prestação de cuidados de saúde, as instituições deste setor devem considerar essas tendências como parte de suas necessidades tecnológicas atuais e construir ecossistemas ágeis e protegidos a fim de atender às carências dos profissionais e agentes da saúde, gestores, área de tecnologia e do usuário final.
Luciana Pinheiro é gerente geral da Citrix Brasil