Artigo – Agosto Dourado: Apoio ao aleitamento materno é benéfico para todos e salva vidas

Amamentar é um ato de amor e cuidado, porém quem pensa que é fácil, está enganado. Parece algo simples e próprio da natureza humana, bem fisiológico, mas muitas mães passam por dificuldades, porque pode ser um processo doloroso e um período cheio de dúvidas. Por isso, o Agosto Dourado, comemorado anualmente, simboliza a luta pelo incentivo e pela proteção à amamentação.

Com este propósito, o tema deste ano da semana da amamentação é “Em favor do aleitamento materno: educar, promover e apoiar”, que tem como foco a cadeia efetiva de apoio, colocando a mãe e o seu filho como o centro de todas as atenções, desde o nascimento até os primeiros 1.000 dias da criança, em um esforço coordenado para vincular diferentes fatores no sentido de proporcionar atenção e assessoramento contínuos.

Desta forma, todas as mães podem e devem desfrutar de uma experiência de amamentação mais satisfatória e eficaz. Um apoio efetivo ajudará a criar um entorno propício e protegido, que deve ter o seu início na maternidade, com todos os recursos voltados para ajudar a mamãe a ter uma amamentação de sucesso.

A amamentação é importante porque é uma forma econômica de dar a melhor nutrição a um bebê. Além disso, protege contra enfermidades comuns, tanto a curto como a longo prazo, e reduz o risco de a mãe ter câncer e outras enfermidades. O custo de não amamentar é enorme, tanto para as famílias como para os estados. Ademais, a amamentação é uma decisão com enfoque climático inteligente e fundamental para atingir os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Para isso, a OMS e a UNICEF recomendam: um início precoce durante a primeira hora de vida do recém-nascido e a manutenção exclusiva durante os primeiros seis meses de vida, quando é complementado com alimentos nutricionalmente adequados e seguros. A lactação deve continuar até os dois anos de idade ou mais, enquanto são incorporados os demais alimentos (sólidos).

Inúmeros estudos comprovam os benefícios para a saúde da criança a curto e longo prazo. O aleitamento materno é considerado “a ação isolada mais eficaz para o combate à mortalidade infantil”, segundo a OMS e a UNICEF.

A lactação é capaz de salvar as vidas de mais de 10% de crianças vulneráveis, menores de cinco anos, em todo o mundo. Defender o uso do leite materno é extremamente importante, porque a lista de benefícios da amamentação é muito abrangente e envolve todo um processo de melhoria das condições de saúde física e mental da criança, mas podendo se estender até a idade adulta.

O leite humano é tão especial que é produzido na medida certa pela mulher e atende a todas as necessidades do bebê, nas diferentes fases da vida, inclusive suas necessidades de proteção imunológica, como na prematuridade.

Neste contexto, sabemos, através de vários estudos publicados pela Organização Mundial de Saúde, que o aleitamento materno exclusivo nos seis primeiros meses de vida, sem fórmulas ou outros alimentos, pode reduzir em até 25% o risco de obesidade na infância. Muito provavelmente, isso se deve ao fato de que o aleitamento materno contém elementos essenciais e biologicamente mais adequados para o metabolismo do bebê, e o seu uso atrasa a introdução de comidas sólidas, que geralmente são mais calóricas e inadequadas para essa fase da vida da criança. Esta consequência se estende até a fase adulta com reflexos no desenvolvimento de um índice de massa corpórea mais baixo e menor taxa de gordura visceral, sinônimos de vida mais saudável.

De outro lado, outra série de estudos, realizada com a finalidade de avaliar os efeitos a longo prazo do leite materno no desempenho cerebral, revelou que as crianças que foram amamentadas tiveram melhor desempenho em testes de medidas de inteligência, quando comparadas àquelas alimentadas com fórmulas lácteas artificiais. Um dos motivos que leva o cérebro a se tornar mais ágil provavelmente relacionado à presença de quantidades significativas de elementos bioquímicos específicos no leite materno, entre eles os ácidos graxos de cadeia longa (DHA), que desempenham um papel fundamental no processo de desenvolvimento do sistema nervoso central nas fases precoces da infância.

A amamentação exclusiva tem a capacidade de proteger os bebês de várias doenças, entre elas o diabetes tipo 1 (na infância) e o do tipo 2 (na vida adulta), além de várias outras doenças crônicas, incluindo alguns tipos de câncer. Também devemos lembrar que o leite materno não contém apenas elementos físicos, como açúcar, gordura ou proteínas, mas todo um complexo orgânico vivo, entre eles os anticorpos, que, ao serem ingeridos pelo bebê, desempenharão um papel fundamental na proteção contra infecções e alergias.

Finalmente, a amamentação está associada ao prazer e ao estabelecimento de uma boa saúde mental a curto e longo prazo, não só porque a criança desenvolve um nível maior de neurotransmissores relacionados ao bem-estar, mas também porque se estabelece durante o processo de amamentação um vínculo entre mães e filhos.

Crédito: Matheus Campos

 

 

 

 

Dr. Abimael Aranha Netto é neonatologista do Vera Cruz Hospital, de Campinas (SP)

Redação

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