O mês de setembro é marcado pela campanha de conscientização dos tipos de câncer que atingem o aparelho reprodutor feminino – Setembro em Flor. A data também contará com um dos mais importantes eventos de troca de conhecimento em oncologia: o 10º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana-Faber Cancer Institute, que ocorre de 22 a 24 de setembro. Na programação, palestras e mesas de discussão abordarão as mais recentes descobertas e tratamentos de diferentes tipos de câncer, entre eles, os de útero, ovário e endométrio.
Segundo a oncologista Andreia Melo, da Oncoclínicas Rio de Janeiro, que vai coordenar uma das mesas de debate (no dia 24 de setembro) sobre câncer do colo do útero, entre os pontos discutidos, estão estudos relacionados à Imunoterapia.
“No caso do câncer do colo do útero, por exemplo, existem novas pesquisas que merecem destaque. Muito recentemente, temos desenvolvido estudos sobre Imunoterapia em diversos contextos, desde a doença mais avançada até o que chamamos de doença localmente avançada. No Simpósio, nós vamos discutir todas as novidades recém-aprovadas e também as perspectivas que estão por vir em termos de novas terapias”, afirma a oncologista.
A Imunoterapia consiste em um tratamento que estimula o sistema imunológico do paciente para que este detecte as células não saudáveis e, após este reconhecimento, evite sua proliferação e as destrua. O tratamento já traz novas perspectivas aos que sofrem com a doença, aumentando a expectativa de vida em casos metastáticos.
Dos tipos de câncer ginecológico, o do colo do útero é o mais comum entre jovens e atinge 16.590 mulheres por ano, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Mas, existem formas de evitar o seu surgimento. Entre uma de suas principais causas está o vírus do HPV.
“A vacina contra o HPV é fundamental para a queda da incidência dessa neoplasia no Brasil. Ela está disponível na rede pública para os adolescentes. E, no sistema privado, para mulheres até 45 anos. Entretanto, no Brasil nós ainda temos índices de vacinação da população-alvo abaixo do desejado e muitos diagnósticos da doença em estágio avançado. É, ainda, uma enfermidade muito incidente e que causa altas taxas de mortalidade no país”, comenta a oncologista.
De acordo com o INCA, anualmente, cerca de 30 mil mulheres são diagnosticadas com algum tipo de câncer ginecológico. Enquanto o do colo do útero é mais comum nas mais jovens, os tumores ovarianos e de corpo uterino têm maior incidência em mulheres acima de 50 anos. Em todos os casos, segundo Andreia de Melo, consultas ginecológicas e exames regulares aumentam as chances de detecção precoce.
“Para o câncer do colo do útero, existem exames de rastreio indicados (o exame Papanicolau). Consultas ginecológicas e exames regulares também aumentam as chances de detecção de lesões pré-invasoras ou lesões bem iniciais. No caso de câncer de ovário e endométrio, para a população em geral não há recomendação de rastreio regular. Existem situações especiais de pacientes com síndromes genéticas familiares. Nesse caso, há esquemas de rastreio para a detecção precoce dessas neoplasias. Mas, de qualquer forma, toda mulher deve fazer o seu exame periódico de saúde com a ginecologista e descrever qualquer alteração ou sintoma que tenha. Com esse olhar, é possível trabalhar em detecção precoce”, finaliza.
10º Simpósio Internacional Oncoclínicas e Dana-Farber Cancer Institute
O Simpósio acontecerá entre os dias 22 e 24 de setembro, em formato híbrido. O evento presencial ocorre no Centro de Convenções de Salvador e contará com transmissão ao vivo durante toda programação. Serão mais de 250 palestrantes, entre convidados nacionais e internacionais. Ao todo, haverá 16 módulos, tratando de ginecologia, pulmão, mama, urologia, hematologia, gastrointestinal, medicina de precisão, sarcoma, pele, cabeça e pescoço, sistema nervoso central, multidisciplinar, cuidados paliativos, neuroendócrinos, onco-hemato-pediatria, radioterapia.