Iniciativas disruptivas, jornada do paciente e criação de ecossistemas na saúde são destaques no 26º Congresso Abramge

Inovação, novas tecnologias e criação de ecossistemas da saúde, visando a construir modelos sustentáveis e a proporcionar melhorias aos beneficiários da saúde suplementar, foram os temas que marcaram o período da tarde do primeiro dia do 26º Congresso Abramge, em São Paulo (SP).

O painel “Modelos disruptivos para a saúde”, com a moderação de Gui Azevedo, CHO e cofundador da healthtech Alice, trouxe uma visão sobre o uso das novas tecnologias e o surgimento de plataformas que simulam universos paralelos, como o Metaverso, contribuindo para o desenvolvimento da área da saúde.

O médico do Grupo de Quadril do IOT – Instituto de Ortopedia e Traumatologia da HCFMUSP, Leandro Ejnisman, apresentou novos produtos e destacou os benefícios que as inovações trazem para o setor.

“Muitas vezes questionamos a importância das tecnologias ou sua eficiência nos processos, e é verdade que muitas podem não ser necessárias, mas ajudam e facilitam muito. Como diz Steve Jobs, ‘as pessoas não sabem o que querem, até mostrarmos a elas’. Então, as tecnologias chegam  de diversas maneiras, e cabe a nós escolher quais serão as melhores para a saúde.”

Já o CEO da Health Innova HUB, Fernando Cembranelli, CEO da Health Innova HUB, destacou os constantes avanços que possibilitam ampliar o acesso e a importância dos investimentos em healthtech.

“O Brasil tem uma potência enorme para investir em startups, o vale do silício é um polo muito forte de inovação em saúde e estamos avançando. Porém, o grande desafio é trazer inovação para dentro das nossas empresas, pois há uma série de entraves e é um processo de longo  prazo. Inovar é um esforço coletivo.”

Na sequência, ocorreu o painel “Do acesso ao desfecho da jornada do paciente”, mediado por Marcos Paulo Novais, superintendente-executivo da Abramge, no qual foram debatidas as questões relacionadas à aproximação do paciente com a rede assistencial de saúde, a chamada coordenação do cuidado. Essa integração possibilita acompanhar mais de perto o caminho que o beneficiário percorre, evitando interrupções no tratamento e repetições desnecessárias de exames, o que torna o setor mais sustentável e a jornada mais ágil.

“Acesso é mais do que conseguir consulta ou exames. Mas que o paciente tenha cuidado adequado, os exames necessários e com a interpretação correta para alcançar o desfecho satisfatório. Para isso, é preciso uma integração maior  entre as operadoras e redes de atendimento, incorporações de tecnologias, e o melhor uso dos dados para que os pacientes recebam o tratamento mais preciso e assertivo”, explicou Vanessa Teich, superintendente de Economia do Hospital Israelita Albert Einstein.

Para Maurício Nunes da Silva, diretor de Desenvolvimento Setorial – DIDES, da ANS, “quando falamos da jornada do paciente, que é a experiência desde o momento em que se tem acesso ao atendimento até o tratamento ou desfecho, precisamos destacar que os cuidados coordenados trazem melhor resultado e reduzem o desperdício. A atenção primária, que oferece atendimento mais abrangente, acessível e acolhedor, é um caminho que pode ajudar o setor e, principalmente, os beneficiários”.

Stephen Stefani, oncologista, especialista em Economia da Saúde e presidente da ISPOR Capítulo Brasil, defendeu a importância de “inovar e construir modelos de negócio, com a incorporação de tecnologias de forma eficiente, que permitam fazer melhor escolha de diagnóstico para o paciente e  tornar o acesso uma realidade”.

E para fechar o dia, o painel “Ecossistemas da Saúde”, moderado por Luiz Celso Dias Lopes, presidente do IESS, abordou a movimentação dos principais grupos econômicos e de diversas operadoras em direção à construção de redes integradas. O debate girou em torno das vantagens proporcionadas por essa conexão aos assistidos, em especial a facilidade de acesso às consultas, exames e tratamentos, garantindo uma experiência final mais satisfatória.

“Criar um ecossistema na saúde exige uma integração efetiva de dados, compartilhamento de informações e coordenação de serviços para oferecer melhor experiência aos pacientes”, afirmou Renato Vieira, diretor-executivo de Desenvolvimento Médico & Técnico, Ensino e Pesquisa da BP Beneficência Portuguesa do Estado de São Paulo.

O painel contou, ainda, com a participação de Victor de Britto Gadelha, Head de Inovação Médica em Hospitais da DASA; e Ricardo Soares, membro do Comitê de Estratégia, Inovação e Sustentabilidade do A. C. Camargo Câncer Center.

Sustentabilidade e ESG marcam segundo dia

As práticas de ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa) estão em pauta, visando mitigar impactos ambientais e promover inclusão e diversidade. A gestão das operadoras com o intuito de impactar positivamente a sociedade foi tema debatido na manhã de encerramento do 26º Congresso Abramge, na sexta-feira (16).

No início do dia, Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, inspirou a plateia em sua Conferência Especial sobre o valor da sustentabilidade para o mercado e as práticas de inclusão. “O ESG veio para ficar, o cliente mudou e está muito mais exigente. Mas não compra apenas pelo preço e qualidade, mas escolhe empresas que estão ajudando o Brasil”, destacou a  empresária.”

Luiza também destacou a importância da inclusão e do trabalho em conjunto para apresentar propostas consistentes que sejam boas para a sociedade. “A desigualdade social é uma responsabilidade nossa. Não apenas do governo. Somente unindo forças faremos diferença, pois saúde, educação e segurança têm que ser para todos, não podem ser para privilegiados”, finalizou.

Para Renato Casarotti, presidente da Abramge, “o setor de saúde é, por natureza, focado no social, e os planos cumprem papel fundamental na promoção da qualidade de vida das pessoas”.

Em seguida, no painel Boas práticas sociais e ambientais como diferenciais de mercado, Marcella Ungaretti, Head de Research ESG e sócia da XP Inc. trouxe para o debate a agenda ESG e o impacto dessas práticas nos resultados financeiros, no desenvolvimento e na geração de valor para as organizações.

“As práticas sociais, ambientais e de governança são uma evolução necessária e cada vez mais relevante para se manter ativa no mercado. Hoje, a agenda de ESG é impulsionada por um consumidor mais exigente. O mercado investidor busca por empresas responsáveis, e as regulamentações obrigam a inserção de algumas das principais ações socioambientais”, aponta.

Dando continuidade às reflexões, Rosana Jatobá, âncora da Rádio CBN e apresentadora do CBN Sustentabilidade, conduziu o debate “Como pensar ESG em Saúde”, que ofereceu diversos insights para o setor em transformação e para a identificação dos temas prioritários a serem tratados pelas empresas nos pilares social, ambiental e governança.

Juliana Caligiuri, vice-presidente da SulAmérica Saúde & Odonto, defende que para pensar em ESG “é necessário tirar as barreiras, promover mudanças dos antigos modelos e criar ações mais efetivas, por meio de programas de atenção primária e cuidados coordenados para ampliar o acesso e trazer mais qualidade e benefícios para o setor de saúde e a sociedade brasileira”.

O painel também destacou sobre a relevância da prevenção e governança para manter a sustentabilidade do negócio. De acordo com Carlos Ferreira, diretor e membro do board do grupo Athena Saúde, “o foco precisa estar em promover o acesso. A solução está em ter uma governança estruturada para alcançar o beneficiário e criar uma relação de confiança. Nós sabemos fazer um negócio sustentável, mas o Brasil precisa investir em um programa de saúde, porque a doença é absurdamente mais cara”. Para ele, a palavra-chave do negócio da saúde é o acolhimento.

“Acredito em levar a saúde por meio da tecnologia. Com a Telemedicina, podemos dar acesso a um médico em qualquer lugar do país e alcançar regiões que antes não era possível”, afirma João Alceu Amoroso Lima, VP de ESG da HapVida Notredame Intermédica.

Para encerrar o evento, Casarotti reforça “a importância do diálogo, integração e boas propostas como as destes debates do Congresso, que nos ajudará a construir um sistema de saúde suplementar mais acessível e de qualidade”, concluiu o presidente da Abramge.

Com o tema central “Ecossistemas, Acesso e Sustentabilidade na Saúde Suplementar”, o 26º Congresso Abramge aconteceu em 15 e 16 de setembro, em formato híbrido, com apresentação presencial no Hotel Rosewood São Paulo, e transmissão online. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) sempre aborda as principais discussões do setor, para que novas perspectivas e direções melhorem a qualidade dos serviços para os beneficiários e garantam a sustentabilidade das operadoras.

Redação

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