Um novo estudo realizado por estudantes de pós-graduação em cinesiologia descobriu que o exercício passivo leva ao aumento do fluxo sanguíneo cerebral e melhora a função executiva, proporcionando os mesmos benefícios cognitivos que os exercícios ativos.
Publicado na Psychophysiology, o estudo da Western é o primeiro a analisar se haveria benefícios para a saúde do cérebro durante o exercício passivo, em que os membros de uma pessoa são movidos por uma força externa – nesse caso, pedais de bicicleta empurrados por um motor acionado mecanicamente.
Durante uma sessão de 20 minutos com adultos jovens saudáveis, a equipe avaliou a função executiva na linha de base, antes dos participantes se exercitarem, e comparou os dados após o exercício. Eles encontraram uma melhora na função executiva da mesma magnitude para as condições de exercício passivo e ativo, sem aumento da frequência cardíaca ou pressão arterial diastólica.
A função executiva é uma habilidade cognitiva de ordem superior que permite às pessoas fazerem planos e apoiar as atividades da vida diária. Sujeitos com deficiências cognitivas leves, como aqueles com sintomas de Alzheimer em estágio inicial, podem encontrar sua função executiva afetada negativamente.
Pesquisas anteriores documentaram que o exercício ativo, em que uma pessoa estimula seus músculos por vontade própria, pode aumentar o fluxo sanguíneo para o cérebro e melhorar a função executiva. Já o passivo também aumenta o fluxo sanguíneo para o cérebro, mas isso é significativamente menos documentado.
“Em termos de exercícios passivos, só podemos hipotetizar o resultado porque esse tipo de pesquisa não havia sido feito antes”, disse Matthew Heath, professor de cinesiologia e supervisor do estudo.
Durante o exercício passivo, os membros de uma pessoa se movem e seus receptores musculares estão sendo alongados. Essa informação é enviada ao cérebro, indicando que é necessário mais sangue nas áreas móveis do corpo e nas regiões conectadas do cérebro. Esse aumento no fluxo sanguíneo cerebral, embora significativamente menor do que com o exercício ativo, produziu melhorias nas funções executivas de magnitude semelhante — um resultado emocionante para os pesquisadores.
“O impacto potencial para pessoas com mobilidade limitada ou sem mobilidade pode ser profundo. Se feito regularmente, o aumento de atividade sanguínea para o cérebro e a melhora resultante na função executiva se tornarão, otimistamente, um efeito composto que terá um impacto significativo na saúde cognitiva e função executiva”, explicou Heath.
Um estudo mais aprofundado poderia ser aprimorado analisando se o benefício para a função executiva persiste em intervalos de tempo mais longos após o exercício, bem como pela inclusão de participantes mais diversos (aqueles que são mais velhos ou comprometidos com a saúde, por exemplo).
Saúde e equipe veem grande potencial no uso de exercícios passivos em lares de longa permanência ou em programas de reabilitação para pessoas em recuperação de lesões musculoesqueléticas, que não podem realizar exercícios com pesos.
O estudo foi liderado pelo aluno de mestrado Mustafa Shirzad e coautoria dos alunos de pós-graduação Benjamin Tar, Connor Dalton, James Van Riesen e Michael Marsala. Heath foi o autor correspondente.
Fonte: Mustafa Shirzad et al, passive exercise increases cerebral blood flow velocity and supports a postexercise executive function benefit, Psychophysiology (2022). DOI: 10.1111/psyp.14132
Rubens de Fraga Júnior é professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)