Projeto Saúde em Nossas Mãos do PROADI-SUS realiza capacitação presencial em Porto Alegre

Rafaela Moraes de Moura. Crédito: Renan Martins Alves

Resultados agregados entre setembro de 2020 e setembro de 2022, mostram que o número de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) evitadas em UTIs é de 1.775. Os dados são do projeto ‘Melhorando a Segurança do Paciente Em Larga Escala no Brasil – Saúde em Nossas Mãos’. A iniciativa do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS) tem a participação de 193 hospitais do país com UTIs adulto, pediátrica e neonatal.

O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), realiza, na terça (22) e quarta-feira (23), a 4ª edição da Sessão de Aprendizagem Presencial (SAP) que reúne representantes de saúde de vários Estados, uma etapa importante do projeto. O Saúde em Nossas Mãos tem como meta reduzir em 30% a incidência das três principais infecções relacionadas à assistência à saúde em UTIs nas unidades participantes, em 24 meses. A iniciativa é coordenada pelos seis hospitais de excelência que integram o PROADI-SUS — além do Moinhos, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanês e Beneficência Portuguesa.

A SAP faz parte da metodologia que visa a qualidade e segurança do paciente, e trabalha em ciclos de aprendizado, de acordo com a coordenadora do projeto no Hospital Moinhos de Vento, Rafaela Moraes de Moura. “São encontros para passar conhecimento técnico, metodológico e proporcionar discussões das melhores práticas com equipes dos hospitais. Depois dessa imersão e troca de experiências, os profissionais voltam para as suas unidades de trabalho, o que chamamos de período de ação, e aplicam na prática o conhecimento adquirido nas oficinas”, ressalta.

Ela também destaca que ao longo do tempo se vai aumentando o grau de especificidade do aprendizado e expandindo os temas abordados, “com isso conseguimos obter melhoria de processos e redução de infecção, que é o objetivo do projeto, além de também sustentar os resultados alcançados”, enfatiza Rafaela.

Em Porto Alegre, participam das atividades 23 hospitais, reunindo cerca de 140 profissionais. Além do Rio Grande do Sul, há representantes de saúde do Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Os hospitais que integram o projeto estão sendo divididos em sete grupos para a participação nas atividades presenciais, que buscam fortalecer a troca de  experiências entre as instituições públicas e privadas, disseminar o modelo de aprimoramento dos índices de infecção e contribuir com a mudança da cultura das organizações de saúde com relação à segurança do paciente.

De acordo com Cláudia Garcia, coordenadora-geral da iniciativa, as sessões presenciais servem para gerar o senso de comunidade e a troca de ideias e experiências para prevenir as infecções em UTIs. “Esse projeto trouxe uma nova forma dos profissionais olharem para uma prática que já conhecem há muitos anos, por meio de métodos, ferramentas e formas diferentes de implementarem as medidas necessárias para redução dessas infecções”, afirma.

A superintendente Assistencial e de Educação do Hospital Moinhos de Vento, Vânia Röhsig, participou da abertura do encontro e destacou que técnicas, práticas seguras e tratamentos revolucionários estão transformando a medicina, a assistência e a vida das pessoas. “O Hospital Moinhos de Vento se orgulha de ser um dos melhores do Brasil e ter a oportunidade de compartilhar a expertise de uma instituição de excelência. Já conseguimos mostrar resultados relevantes e a saúde do Brasil avança quando unimos nosso conhecimento e somamos esforços em torno do cuidado com a vida”, ressalta.

Alinhado ao Plano Nacional de Saúde (PNS), o projeto Saúde em Nossas Mãos envolve mais de 1.700 profissionais em atividades de gestão e já capacitou, desde 2018, mais de 13 mil profissionais no Brasil. “O PROADI-SUS é um grande instrumento que tem trazido vantagens para o nosso sistema de saúde. Nós trabalhamos juntos nesse projeto colaborativo, compartilhando nossas experiências que trazem resultados para a sociedade, impactando de diversas maneiras na vida das pessoas. Dessa forma, já ajudamos a salvar mais de três mil vidas”, destaca o superintendente de Responsabilidade Social e Governos do Hospital Moinhos de Vento, Luis Eduardo Mariath.

Com o lema “Todos ensinam, todos aprendem”, as atividades seguem em diversas oficinas realizadas durante os dois dias de evento. Luciana Ue, representante técnica do Ministério da Saúde, afirma que o sucesso do projeto “demonstra a vontade que os profissionais de saúde têm em mudar a sua realidade” e que evento presencial propicia “trocar experiência e levar para as instituições esse conhecimento”.

Oportunidade de melhoria

Em 14 meses, o Hospital Nereu Ramos, de Florianópolis, Santa Catarina, já reduziu em 100% as taxas de infecção de trato urinário associadas a cateter vesical de demora e da infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter central na UTI. A instituição, que é 100% SUS, viu no Saúde em Nossas Mãos uma oportunidade de aperfeiçoar esses índices.

“Antes de ingressar no projeto, o hospital apresentava indicadores altos de infecção na UTI e isso estava incomodando. Tentávamos mudar os processos, mas não conseguíamos mudar a cultura. Então o projeto Saúde em Nossas Mãos foi identificado como uma excelente oportunidade de melhoria, por trazer método e colaboração da alta gestão”, afirma Cássio Luis Zandonai, fisioterapeuta da instituição catarinense que participa da imersão de dois dias de aprendizado em Porto Alegre.

Redação

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