Ministério da Saúde anuncia 10 novos procedimentos para o SUS

O Ministério da Saúde anunciou, na manhã de segunda-feira (12), a inclusão de dez novas Práticas Integrativas e Complementares (PICS) para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os tratamentos utilizam recursos terapêuticos, baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para curar e prevenir doenças, como depressão e hipertensão. Com as novas atividades, ao todo, o SUS passa a ofertar 29 procedimentos à população.

Segundo o ministro Ricardo Barros há doze anos o ministério contemplava somente cinco práticas. “É prioridade não deixar que o país adoeça. Agora, o Brasil passa a contar com 29 práticas integrativas pelo SUS. Somos líderes na oferta dessa prática com 9350 estabelecimentos em 3173 municípios. Essas práticas são uma prevenção para que pessoas não fiquem doentes, não precisem de internação ou cirurgia, o que custa muito para o SUS. Vamos retomar nossas origens e dar valor à medicina tradicional milenar”, destacou.

A informação foi divulgada durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS), realizado no Rio de Janeiro (RJ), no Riocentro.

Quanto ao atual problema com a importação de medicamentos para doenças graves e raras – alguns suspensos desde outubro de 2017 – Barros disse que tem de respeitar o que determina a Justiça.

“O que há é que existe uma ampla concorrência entre laboratórios que estão em disputas judiciais. É uma disputa entre eles e o ministério não pode intervir. Estamos com os recursos consolidados, mas enquanto não termina essa disputa judicial, não podemos cancelar ou fazer novas licitações. Há necessidades, mas temos de agir no tempo da justiça”, disse Barros.

Confira cada uma das dez novas práticas:

Apiterapia – método que utiliza produtos produzidos pelas abelhas nas colmeias como a apitoxina, geléia real, pólen, própolis, mel e outros.

Aromaterapia – uso de concentrados voláteis extraídos de vegetais, os óleos essenciais promovem bem estar e saúde.

Bioenergética – visão diagnóstica aliada à compreensão do sofrimento/adoecimento, adota a psicoterapia corporal e exercícios terapêuticos. Ajuda a liberar as tensões do corpo e facilita a expressão de sentimentos.

Constelação familiar – técnica de representação espacial das relações familiares que permite identificar bloqueios emocionais de gerações ou membros da família.

Cromoterapia – utiliza as cores nos tratamentos das doenças com o objetivo de harmonizar o corpo.

Geoterapia – uso da argila com água que pode ser aplicada no corpo. Usado em ferimentos, cicatrização, lesões, doenças osteomusuculares.

Hipnoterapia – conjunto de técnicas que pelo relaxamento, concentração induz a pessoa a alcançar um estado de consciência aumentado que permite alterar comportamentos indesejados.

Imposição de mãos – cura pela imposição das mãos próximo ao corpo da pessoa para transferência de energia para o paciente. Promove bem estar, diminui estresse e ansiedade.

Ozonioterapia – mistura dos gases oxigênio e ozônio por diversas vias de administração com finalidade terapêutica e promove melhoria de diversas doenças. Usado na odontologia, neurologia e oncologia.

Terapia de Florais – uso de essências florais que modifica certos estados vibratórios. Auxilia no equilíbrio e harmonização do indivíduo.

Veja abaixo a lista dos procedimentos que o SUS já oferece:

  • Ayurveda
  • Homeopatia
  • Medicina tradicional chinesa
  • Medicina antroposófica
  • Plantas medicinais/fitoterapia
  • Arteterapia
  • Biodança
  • Dança circular
  • Meditação
  • Musicoterapia
  • Naturopatia
  • Osteopatia
  • Quiropraxia
  • Reflexoterapia
  • Reiki
  • Shantala
  • Terapia comunitária integrativa
  • Termalismo social/crenoterapia
  • Yoga

As terapias estão presentes em 9.350 estabelecimentos em 3.173 municípios, sendo que 88% são oferecidas na Atenção Básica.

Em 2017, foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais em práticas integrativas e complementares. Atualmente, a acupuntura é a mais difundida com 707 mil atendimentos e 277 mil consultas individuais.

Conselho Federal de Medicina questiona

O Conselho Federal de Medicina (CFM) informou que as práticas alternativas ou integrativas, como as aprovadas nesta segunda pelo ministério, “não têm base na medicina e são sem evidências”. Segundo o presidente da entidade, Carlos Vital, os médicos só podem atuar “com procedimentos terapêuticos que têm reconhecimento científico”.

“Nós não temos nenhuma prática alternativa que seja reconhecida pelo CFM. Há uma especialidade médica, a acupuntura, que é feita de maneira completamente diferente do que está colocado no SUS como uma prática integrativa. A prática da acupuntura como especialidade médica é feita com base em evidências científicas”, disse Vital.

Segundo o CFM, essas práticas dentro do SUS “oneram o sistema e não deveriam estar incorporadas”. O presidente da unidade chama a aplicação de verbas para a área de terapias alternativas de “desperdício”.

Fonte: G1

Terapias complementares ajudam no tratamento do câncer

O câncer começa e termina nas pessoas, disse, certa vez, a cientista britânica June Goodfield. Para ela, em meio as abstrações científicas, essa verdade fundamental pode acabar sendo esquecida. “Médicos tratam doenças e também pessoas e esta precondição de existência profissional, por vezes, a empurra em duas direções ao mesmo tempo”.

Goodfield está certa, assim como estavam chineses, indianos e tantos outros há mais de séculos: é preciso olhar o todo. Ainda hoje o tratamento contra o câncer é muitas vezes difícil e, não obstante, é preciso tratar a doença e também as pessoas de uma forma global, fortalecendo-as física, mental e, por que não, espiritualmente para que estejam prontas para encarar a doença.

Não é por acaso que, cada vez mais, em centros oncológicos existem áreas reservadas para tratamentos como reike, acupuntura, musicoterapia, yoga, suporte emocional, psicologia e tantos outros tratamentos bem ao lado das salas com equipamentos de alta-precisão. Isso porque cuidar do paciente com câncer é mais que um tratamento multifuncional, ele deve ser integrativo.

“A medicina integrativa não é uma especialidade médica, é uma forma de exercer a medicina. Um olhar que entende que a pessoa que está doente tem um conjunto de sintomas físicos e emocionais. Tem também o contexto familiar em que ela vive, a casa, o trabalho. E para que a gente tenha sucesso no tratamento é preciso abordar o paciente como um todo”, disse Regina Chamon, hematologista e médica especializada em medicina integrativa do Centro Paulista de Oncologia (CPO).

Tempo e atenção

As consultas de medicina integrativa duram em média uma hora, onde se aborda a história pessoal do paciente e como a doença está impactando a vida dele. “Além disso, trabalhamos alimentação, atividade física, fadiga, sono e também alteração do humor. Só depois de seguir esse caminho é que criamos um plano de autocuidado. Assim, conseguimos lançar mão das terapias complementares”, explica a Dra. Regina. “Muitas dessas práticas estão associadas ao relaxamento, que é exatamente a outra ponta da ansiedade muito comum durante um tratamento de câncer”, frisa.

Chamadas antes de alternativas, as terapias complementares são cada vez mais estudadas na oncologia e na medicina em geral. Tanto que hoje sabe-se que é de extrema importância que o paciente se sinta mais ativo, mesmo durante o tratamento. Com os grupos, eles percebem que mesmo com a doença, eles podem encontrar momentos de saúde e tomar as rédeas do tratamento. A lógica é que quando se estimula uma resposta de relaxamento, imediatamente há queda de adrenalina. Quando isso acontece há aumento de imunidade, fazendo com que a incidência da infecção seja menor, a alimentação, o sono e o humor sejam melhores.

Maria Lúcia Martins Batista, oncologista do NOB, em Salvador (BA), conta sobre a área para o cultivo de um jardim existente na clínica. Pode parecer inusitado, mas ela garante a importância do local. Lá pacientes podem conviver, trocar experiências e refletir enquanto fazem o tratamento.

“Sou oncologista há mais de 30 anos e percebi que é preciso tratar o paciente como um todo. Focar na doença e em seus efeitos colaterais é algo sistemático demais. É preciso focar no todo, em como o paciente poderá se fortalecer para enfrentar a doença, pois eu acredito que a doença e a cura estão dentro das pessoas. E quem pode alavancar isso? O médico. Mas para isso é preciso uma troca, uma convivência para conhecer a força e a fraqueza de cada paciente”, diz a Dra. Maria Lúcia .

Ela explica que a grande maioria dos estudos sobre medicina integrativa mostra uma resposta muito boa no controle da ansiedade, estresse, modulação da dor, distúrbios do humor, do sono. São ferramentas que permitem que a pessoa olhe para si, passo importante para a qualidade de vida, principalmente durante um tratamento. Isso porque, muitos pacientes subestimam quão dramaticamente o câncer pode afetá-los, seja do ponto físico ou emocional.

“O paciente precisa estar preparado para receber o tratamento, tomar as rédeas da situação. Ele não deve ter uma posição passiva, sem protagonizar aquele momento, sem entender ou refletir o que está acontecendo com ele”, comenta Daniela Moraes, médica acupunturista, nutróloga e médica antroposófica do Oncocentro, de Minas Gerais.

Um não exclui o outro

O cuidado integrativo tem duas camadas. Em primeiro lugar, os tratamentos convencionais atacam a doença em si. Ao mesmo tempo, as terapias baseadas em provas científicas ajudam a combater os efeitos colaterais relacionados ao câncer. Os dois juntos, tratamentos convencionais contra o câncer e terapias de suporte, devem ser oferecidos simultaneamente por uma equipe colaborativa de clínicos.

“Uma abordagem não exclui a outra. A medicina vem para somar. Se eu não olhar o que está por trás da dor eu vou sempre tomar um remédio. A gente fala muito em sustentabilidade, precisamos falar também da sustentabilidade da saúde e é aí que entra a medicina integrativa, de se cuidar. A gente está sempre olhando para fora e são poucos os momentos que olhamos para dentro. A medicina integrativa faz isso”, finaliza a Dra. Regina Chamon.

Ozonioterapia é uma das dez novas práticas de medicina complementar adotadas

A Ozonioterapia é uma técnica que utiliza a mistura de gases medicinais, oxigênio e ozônio, com o objetivo de tratar doenças graves como câncer, dores e inflamações crônicas (hérnia de disco), infecções variadas (hepatites e herpes), além de feridas, queimaduras e problemas vasculares em que haja redução do fluxo sanguíneo. A terapia com o “Ozônio Medicinal” é natural, tem poucas contraindicações e efeitos secundários mínimos, se realizada corretamente. O procedimento é simples, seguro e de baixo custo o que é uma vantagem quando aplicado na rede pública de saúde por causa da redução drástica nos gastos com medicamentos.

A aplicação do ozônio medicinal pode ser feita por meio do gás retido dentro de bolsas plásticas para tratamento de feridas; com água ou óleo ozonizado para facilitar a cicatrização; injetado na forma de gás por via subcutânea, intra-articular e nas cavidades naturais (reto, bexiga, vagina) e até mesmo misturado aos líquidos biológicos, com o objetivo de melhorar a oxigenação e a função do sistema imunológico.

“Mais recentemente, vem surgindo novas aplicações da Ozonioterapia e seu uso está sendo ampliado para o tratamento de autismo, derrames cerebrais isquêmicos, esclerose múltipla e como terapia de suporte no tratamento de tumores malignos”, acrescenta a presidente da ABOZ – Associação Brasileira de Ozonioterapia, Dra. Maria Emília Gadelha Serra, uma das maiores especialistas brasileiras no assunto.

A Ozonioterapia é utilizada na Alemanha desde a 1ª Guerra Mundial, país onde os seguros de saúde remuneram os procedimentos desde a década de 1980. Os sistemas públicos de saúde da China, Rússia, Espanha, Portugal, Grécia e Cuba também disponibilizam a técnica para a população há várias décadas. “Nos países em que o uso medicinal do ozônio é reconhecido, houve redução de 27% no consumo total de antibióticos e de 22% no consumo de analgésicos opioides e não opioides”, explica a médica.

A ABOZ é membro atuante da Federação Mundial de Ozonioterapia (World Federation of Ozone Therapy – WFOT) e vem trabalhando há mais de uma década para que a técnica esteja disponível no Sistema Único de Saúde brasileiro. A Dra. Emília enumera as possibilidades e ganhos que teriam os pacientes do SUS com a implantação da Ozonioterapia no Brasil:

1. Diminuição do tempo de recuperação dos pacientes afetados por doenças em que a Ozonioterapia é eficaz;

2. Diminuição da morbidade de diversas doenças, com ganho na qualidade de vida -redução de até 80% da taxa de amputação de membros de pacientes com gangrena diabética (Calderon, Universidade Haifa – Israel), com consequente resultado na manutenção da autoestima destes pacientes e melhora da qualidade de vida e da aptidão ao trabalho, reduzindo as taxas de invalidez e aposentadoria;

3. Redução do custo do tratamento de várias doenças crônicas – redução de até 90% dos custos no tratamento de feridas crônicas em membros inferiores e gangrenas diabéticas (Menendez, Centro de Investigaciones Del Ozono – Cuba), em função da velocidade de cicatrização mais rápida e consequente diminuição do tempo de internação;

4. Diminuição na compra de medicamentos de alto custo, por aumentar a eficácia dos mesmos – estimativa de redução em até 30% do Custo do SUS pela introdução do uso do ozônio medicinal em outras patologias previstas em protocolos com experiência internacional (hepatites crônicas e hérnias de disco, por exemplo);

5. Diminuição no número de procedimentos de alta complexidade associados ao uso de equipamentos cirúrgicos de alta tecnologia;

6. Redução de internações recorrentes e desnecessárias, principalmente em pacientes com feridas crônicas;

7. Redução no número de pacientes internados devido às infecções oportunistas, hospitalares e dos efeitos colaterais;

8. Diminuição nos deslocamentos domiciliares;

9. Reabilitação precoce do indivíduo, que pode retornar às suas atividades laborais e demais atividades da vida diária com menor custo sócio familiar, em especial os pacientes afetados por dores crônicas;

10. Diminuição dos efeitos colaterais associados à quimioterapia e radioterapia.

Redação

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