Autismo: milhares de crianças podem ser prejudicadas com norma do Conselho Federal de Medicina (CFM)

O autismo é um transtorno que acomete cerca de 70 milhões de pessoas ao redor do mundo, de acordo com a ONU. No Brasil, estima-se cerca de 2 milhões de indivíduos com o Transtorno de Espectro Autista (TEA), segundo análise de um órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, Center of Diseases Control and Prevention (CDC). Com manifestação na infância e persistência dos sintomas na adolescência e fase adulta, o TEA caracteriza-se por algum grau de comprometimento no comportamento social, comunicação, linguagem e por uma gama estreita de interesses e atividades que são únicas para o indivíduo e realizadas de forma repetitiva.

Pessoas com TEA podem apresentar outras condições concomitantes, incluindo epilepsia, depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). O autismo não tem cura, mas algumas crises e comportamentos podem ser melhorados consideravelmente com a primeira linha de medicação e também com alternativas como o canabidiol (CBD). Para o médico neuropediatra e presidente da Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide (APMC), Dr. Rubens Wajnsztejn, o tratamento com CBD é capaz de trazer importantes ganhos na qualidade de vida do paciente, familiares e cuidadores:

“Ao longo da minha experiência médica como neuropediatra, pude atender alguns casos de TEA gravíssimos, em que os pacientes tinham sérios problemas de agressividade e dificuldade na convivência social. Quando passamos a inserir o uso de canabidiol no tratamento, ocorreu uma melhora efetiva nesses comportamentos, além de promover mais qualidade de vida para o paciente e para toda a família”, comenta Dr. Rubens Wajnsztejn.

Atualmente, há diversos estudos que abordam o uso do CBD para autistas e como ele pode auxiliar crianças na parte comportamental, sociabilização, sono e  ansiedade, com o benefício de efeitos colaterais quase irrelevantes. No entanto, o tratamento com o canabidiol enfrenta diversos desafios, desde a falta de diagnóstico, preconceito da área médica e até decisões de entidades que dificultam o acesso a esses produtos.

Um exemplo foi a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) 2324/22, que restringia o CBD apenas para o tratamento de dois tipos raros de epilepsia da criança e do adolescente refratárias às terapias convencionais (Dravet e Lennox-Gastaut) e no Complexo de Esclerose Tuberosa. Após duras críticas de cientistas, médicos, advogados e pacientes, o órgão suspendeu a norma semanas depois. O CFM então abriu uma consulta pública para ouvir a sociedade sobre o tema, e uma resolução atualizada deve ser publicada no final do primeiro semestre. Mas, caso ela seja mantida, milhares de pessoas com TEA podem ser prejudicadas.

“O que se coloca em discussão é que o uso de canabidiol para autistas ainda não atingiu a comprovação científica máxima. E, assim, milhares de pacientes que obtiveram melhora com o uso do CBD, vão sofrer duras consequências até que saia o nível de comprovação exigida pelo Conselho Federal de Medicina”, comenta o especialista.

Redação

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