Mais da metade dos brasileiros (53%) já ouviu falar sobre as valvopatias, porém muitos desconhecem sua definição e características. Outros 32% sabem o que são as doenças das válvulas cardíacas, enquanto 15% não conhecem essa enfermidade. Esses são alguns dos resultados apresentados na pesquisa “Doenças das válvulas cardíacas” (em inglês, Heart Valve Diseases), produzido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com as organizações internacionais Global Heart Hub e Pacientes de Corazón (PACO). O estudo ouviu 900 pessoas no Brasil e 900 no México e da Argentina e Colômbia, participaram 500 respondentes de cada um dos países.
Segundo o estudo, entre os principais sintomas apontados pelos brasileiros entrevistados estão: dor no peito (73%); palpitação (71%); fadiga (61%); e dificuldade de respirar (56%). O levantamento indica que 16% dos latino-americanos afirmaram não saber quais são as possíveis causas das valvopatias. Entre os brasileiros, 36% deduzem que a endocardite, inflamação na membrana que reveste a parede interna do coração e também as válvulas é a principal causa das doenças valvares.
Entretanto, é notável que a febre reumática e o envelhecimento que são os fatores de risco mais frequentes das valvopatias foram apontados apenas por um grupo muito reduzido de participantes em toda a região pesquisada: 6% disseram que o envelhecimento é fator de risco e somente 3% mencionaram a febre reumática como causa.
“É importante ressaltar que as doenças das válvulas do coração ocorrem com maior incidência por degeneração relacionada ao envelhecimento, fator predominante em países de alta renda e devido à febre reumática, principal causa em países de baixa e média renda como os pesquisados.”, comenta a presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida, Marlene Oliveira.
De acordo com a pesquisa, 64% dos brasileiros entrevistados acreditam que as doenças das válvulas cardíacas podem causar ataque cardíaco, que tem como a principal causa a aterosclerose, ou acúmulo de placas de gordura no interior das artérias coronárias. Entre os respondentes, 59% mencionaram corretamente que a insuficiência cardíaca é a principal consequência da valvopatia. Em contrapartida, 37% entendem que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a principal sequela.
O que disseram os participantes sobre diagnóstico e tratamento?
Segundo Marlene Oliveira, a percepção sobre como diagnosticar as doenças das válvulas cardíacas foi muito consistente entre os latino-americanos, com pouca diferença entre os países. O eletrocardiograma foi o mais citado, com 64%, seguido pelo ecocardiograma, com 55% e 41% responderam que a ausculta com o estetoscópio pode identificar valvopatias. “A ausculta com o estetoscópio, que é um exame simples e que deveria ser realizado nas consultas com o clínico geral ou o cardiologista é o primeiro passo para identificar uma valvopatia e, a partir dessa suspeita, o ecocardiograma pode confirmar o diagnóstico”, alerta a presidente do Lado a Lado pela Vida.
Perguntados sobre os tratamentos recomendados para tratar as valvopatias, apenas 36% mencionaram a substituição da válvula por procedimento minimamente invasivo (TAVI) e 33% disseram que seria a cirurgia convencional, abrindo o peito do paciente. Essas são duas importantes formas de tratar as valvopatias, porém, entre os 900 brasileiros ouvidos, alimentação saudável (60%) e não fumar (53%) seriam os principais tratamentos para a doença das válvulas do coração, o que pode indicar que confundem prevenção com tratamento.