Nos últimos anos, a combinação de tecnologia e conhecimento vem afetando positivamente a medicina. O câncer é muito temido pela alta letalidade, pelos seus sintomas e pela toxicidade de terapias já existentes. Entretanto, existem diversas abordagens que vão muito além do que era considerado “tradicional” até então. Na oncologia, a medicina de precisão combina técnicas diagnósticas precisas e tratamentos direcionados individualmente para o paciente, aumentando a eficácia em inúmeros desfechos clínicos.
Abordando os novos tratamentos, o JP Saúde recebeu especialistas para falar a respeito de terapias que estão revolucionando a medicina.
Dr. Vanderson Rocha, especialista em Hematologia e Terapia Celular, Professor Titular da USP e Coordenador de Terapia Celular da Rede D’Or, apresentou uma terapia que utiliza células geneticamente modificadas (células CAR-T) que foi aprovada pela Anvisa para o tratamento de patologias como a leucemia linfoblástica aguda em pacientes de até 25 anos e os linfomas difusos de grandes células B em pacientes adultos.
Considerada a próxima fronteira no tratamento contra o câncer, a terapia celular CAR-T Cell é um tratamento novo que usa as próprias células de defesa do paciente para combater o câncer. Nessa terapia, células de defesa do paciente – ou do doador de medula, caso seja transplantado – chamadas linfócitos T são geneticamente modificadas para expressar um receptor específico contra o tumor. Funciona como um sistema de chave e fechadura. Quando o receptor do linfócito encontra as células tumorais que expressam esse antígeno/molécula, o linfócito é ativado e mata a célula tumoral. O receptor é chamado quimérico porque ele foi criado em laboratório com partes de diferentes moléculas que já existem no nosso sistema imunológico. Através desse receptor, as células CAR-T se tornam capazes de reconhecer e matar as células tumorais. Como as células CAR-T persistem por muito tempo no corpo, têm a possibilidade de controlar o crescimento tumoral a longo prazo e potencialmente curar doenças que de outra forma seriam colocadas em cuidados paliativos. O perfil de pacientes que podem receber essa terapia é aquele que não tem mais possibilidade curativa com quimioterapia e radioterapia, e que em geral recaíram após o transplante de medula óssea. A estratégia, de forma simplificada, habilita as células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor e atacá-lo de forma contínua e específica.
Dra. Danielle Ferreira, biomédica, responsável técnica pelo laboratório da Invitrocue Brasil, expôs os avanços da empresa no país com o desenvolvimento do Teste Onco-PDO, um cultivo celular tridimensional, que melhor reflete in vitro as condições observadas in vivo do seu tumor de origem. O Teste Onco-PDO leva em conta que cada paciente é único, e isso ajuda o médico a traçar a melhor escolha para aquele paciente específico. Alguns tumores mostram-se resistentes a certos medicamentos e saber previamente as respostas das células tumorais do paciente aos diferentes tratamentos em laboratório contribui para a tomada de decisão dos médicos oncologistas. O benefício é que o Teste Onco-PDO permite verificar especificamente o efeito de diversos medicamentos no tumor do paciente e trabalhar diretamente com as células vivas que formam o câncer em cada caso. O teste é especialmente indicado para pacientes em estágio avançado, para aqueles em que se observou o retorno do crescimento do tumor após a primeira linha de tratamento, mas pode ser realizado nos demais estágios também.
Disponível no Brasil para câncer de mama, pulmão, colorretal, pancreático, gástrico, próstata e ovário, o Teste Onco-PDO permite que o médico escolha 8 de 60 drogas para testagem e o resultado demonstra como as células responderam em laboratório. O relatório, gerado em até 21 dias, fornece informações de como os organoides derivados do paciente reagiram aos diferentes tratamentos testados. O Teste Onco-PDO está disponível para coletas em todo o Brasil. Para mais informações, consulte a Invitrocue Brasil.
Os benefícios da medicina de precisão
Com a medicina de precisão, ou medicina personalizada, há uma gama de benefícios. Por exemplo, numa abordagem de prevenção, ela permite investigar a susceptibilidade a determinadas patologias, mesmo antes de se manifestarem clinicamente, possibilitando um acompanhamento e até a sua prevenção. Já na questão de tratamentos, a medicina de precisão indica uma escolha de tratamento que tenha maiores chances de resultado, uma vez que é personalizada. Além disso, a medicina de precisão promove o desenvolvimento de tratamentos alternativos personalizados para indivíduos que não responderiam aos tratamentos convencionais.
A principal contribuição em relação ao tratamento do câncer é na qualidade de vida do paciente, com um tratamento personalizado e melhores chances de sucesso. O avanço em direção à implementação de uma medicina personalizada tem impulsionado o uso e desenvolvimento de ferramentas inovadoras. Como é o caso da Invitrocue Brasil que investiu na tecnologia de organoides, cultivando as células do próprio paciente em laboratório e avaliando a sua resposta a diferentes drogas quimioterápicas e de terapia alvo.
De forma geral, o tratamento convencional é baseado em diretrizes médicas padronizadas que são aplicadas aos pacientes com uma determinada condição e considera médias populacionais. Já a medicina de precisão leva em conta características individuais dos pacientes. O objetivo é personalizar o diagnóstico, a prevenção e o tratamento para cada paciente, levando em consideração as suas particularidades.