Casos de diabetes em mulheres cresceram 54% nos últimos 15 anos, alerta FEBRASGO

O Dia Nacional do Diabetes é marcado no calendário brasileiro em 26 de junho. Essa importante data foi estabelecida em uma importante colaboração entre o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), com o intuito de conscientizar a população sobre os cuidados necessários quanto a esta doença que afeta cerca de 537 milhões de pessoas em todo o mundo.

“O diabetes é uma condição crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue. Esse aumento pode acontecer devido a defeitos na secreção ou na ação da insulina, hormônio produzido pelo pâncreas, cuja principal função é favorecer a entrada da glicose nas células para gerar energia”, explica o vice-presidente da ADJ Diabetes Brasil, Dr. Ronaldo Pineda Wieselberg, uma entidade não-governamental que faz advocacy sobre o tema.

Diabetes e mulheres no cenário brasileiro

De acordo com dados recentes divulgados pelo Estudo Observatório de Atenção Primária em Saúde, realizado pela Umane, uma associação civil independente, que apoia iniciativas no âmbito da saúde pública, e baseado na pesquisa Vigitel – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – de 2021, do Ministério da Saúde, as mulheres representam 57% das pessoas com hipertensão e diabetes nas principais capitais brasileiras. Além disso, um dado preocupante revela que houve um aumento de 54% nos casos de diabetes no público feminino ao longo dos últimos 15 anos.

O Dr. Belmiro Gonçalves, da Comissão Nacional Especializada em Hiperglicemia e Gestação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), esclarece que, em relação à associação às doenças crônicas, a diabetes mellitus tipo 2 está relacionada à obesidade, doenças vasculares, principalmente a hipertensão arterial crônica, e muitas vezes a síndromes asmatiformes. Todas essas complicações formam uma síndrome metabólica, caracterizada pelo predomínio de gordura na região abdominal, o que aumenta a associação com doença cardiovascular e alterações não apenas na glicemia, mas também nos níveis de colesterol e triglicerídeos.

“A prevalência de diabetes é maior em mulheres, pois elas costumam frequentar mais as unidades de saúde do que os homens. Esse fato se deve à maior predisposição das mulheres em realizar a prevenção de doenças crônicas degenerativas, como o câncer de colo de útero, câncer de mama, entre outras. Além disso, durante os períodos de gravidez, as mulheres recebem acompanhamento pré-natal, onde são submetidas a avaliações sistemáticas de diabetes. Elas são frequentemente avaliadas quanto ao risco de desenvolver um tipo específico de diabetes, chamado diabetes gestacional, e também para identificar a presença de diabetes pré-existente”, explica o médico.

Os fatores de risco para diabetes incluem obesidade, sedentarismo, maus hábitos alimentares e, frequentemente, a associação com outras comorbidades, como a hipertensão arterial. Além disso, é conhecido que as mulheres fumantes têm maior incidência de diabetes mellitus tipo 2.

Saúde Reprodutiva

O médico destaca ainda que as mulheres com diagnóstico de diabetes tendem a engravidar em idades mais avançadas do que aquelas sem diabetes. A média de idade das mulheres diabéticas no momento da gravidez está em torno de 30 a 35 anos, enquanto as mulheres não diabéticas tendem a engravidar entre os 20 e 25 anos, tornando-se em uma diferença de quase 10 anos. Essa diferença de idade pode estar relacionada a algum grau de infertilidade nessas pacientes.

Por outro lado, a ocorrência de diabetes durante a gestação resulta em efeitos gestacionais desfavoráveis. Por exemplo, mulheres que já têm diabetes antes de engravidar têm maior chance de ter má formações fetais, o que aumenta as chances de aborto. Caso não ocorra o aborto, os bebês nascem próximos ao termo com algum tipo de malformação que pode ser difícil de tratar.

Cuidados 

“É recomendado que as mulheres realizem consultas regulares ao médico para avaliar seu status metabólico. Essas consultas podem ser realizadas nas unidades de saúde, onde é possível obter informações e orientações adequadas. Além disso, é importante que essas pacientes tenham acesso a fitas para avaliação da glicemia capilar e a um glicosímetro para monitorar sua glicemia com frequência”, destaca o Dr. Belmiro ao alertar colegas de profissão que tenham olhar atento aos sinais de diabetes, inclusive fora do período gestacional.

Quando uma mulher planeja engravidar, é essencial realizar uma consulta não apenas com um clínico geral, mas também com um ginecologista obstetra. Esse profissional irá estabelecer um controle metabólico adequado e determinar o melhor momento para a concepção, minimizando os riscos de malformações, abortos e complicações metabólicas tanto durante o desenvolvimento fetal como após o nascimento do bebê.

Tratamento

O tratamento da diabetes é baseado em uma alimentação saudável, com uma dieta elaborada por uma nutricionista especializada no atendimento a pessoas diabéticas, que saiba equilibrar os nutrientes e garantir um controle metabólico eficaz da doença. É recomendado realizar várias refeições ao longo do dia, o que é benéfico para o controle da glicemia.

Além disso, é importante realizar avaliações periódicas com um clínico médico, que irá acompanhar o progresso do tratamento e ajustar a terapia, se necessário. A prática regular de exercícios físicos também é recomendada, com uma duração mínima de 40 minutos diários, pelo menos cinco dias por semana. Pode-se optar por atividades como caminhadas, corridas leves ou natação, que podem resultar em uma redução significativa da glicemia, muitas vezes dispensando a necessidade de aumentar a dose de insulina ou ajustar as medicações.

“Uma dica útil para os pacientes é manter um caderno para registrar o dia a dia, incluindo informações sobre as refeições realizadas, horários de administração da insulina e horas de sono. Além do mais, é essencial adotar bons hábitos, como ter uma rotina de sono regular e evitar o tabagismo”, conclui.

Redação

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