Inteligência Artificial na Medicina é aliada ou substituta?

Um estudo publicado na revista Nature Medicine demonstrou que algoritmos de Inteligência Artificial (IA) podem detectar tumores com 95% de precisão, superando em alguns casos a capacidade de radiologistas humanos e a Microsoft recentemente anunciou uma ferramenta médica de IA que, segundo a empresa, é quatro vezes mais eficaz do que médicos humanos no diagnóstico de condições complexas. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de cautela e interpretação profissional.

A médica psiquiatra da infância e adolescência e preceptora dos alunos de medicina do Centro Universitário São Camilo, Laura Trevizan, pontua que as buscas por informações sobre as doenças devem ser feitas em fontes e sites confiáveis, mas lembra que eles apresentam dados complementares e que nunca substituem a avaliação clínica, alertando para os perigos dos autodiagnósticos.

Ela contextualiza citando o aumento do número de diagnósticos de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), que registrou o total de 1,2% da população, de acordo com o último Censo Demográfico. Segundo ela, esse é o resultado da conscientização da população sobre o tema, mais acesso à informação no geral, mudanças em critérios diagnósticos ao longo dos anos e novas ferramentas para diagnosticar essa condição. Mas alerta que o aumento dos diagnósticos não significa que há mais pessoas hoje com autismo do que antes, provavelmente só não eram diagnosticados. Na internet é possível encontrar testes que podem induzir ao autodiagnóstico e à desinformação.

A psiquiatra explica que, como a maiorias dos testes disponíveis na internet são baseados em autorrelatos, “há riscos nos diagnósticos automatizados, como a possibilidade de falsos positivos, limitação na compreensão de nuances individuais e incapacidade de captar contextos emocionais e sociais complexos”, afirmou. Na investigação diagnóstica de autismo é frequente a necessidade de contato com pessoas que convivem ou que conviveram com o paciente e também de testagens objetivas, em alguns casos.

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Pesquisas da Universidade de Stanford comprovam que chatbots médicos podem ser úteis para triagem inicial, mas apresentam margem de erro de até 30% em diagnósticos mais complexos. A anamnese bem feita e cautelosa continua sendo o método mais confiável para avaliação.

Para a população geral que utiliza chatbots como fonte de busca e pesquisa, Laura Trevizan recomenda que seja apenas como fonte inicial de informação, sempre confirmando os dados com um profissional de Saúde e levando as anotações de pesquisas on-line para consultas, não com o intuito de convencer o médico sobre o diagnóstico, mas sim para entender a relação com o seu sofrimento. “A internet oferece informações rápidas, mas a consulta médica oferece compreensão personalizada”, ressalta. A IA deve ser vista como complemento tecnológico e não como substituto da experiência clínica humana, ainda mais em uma área da Medicina com nuances tão subjetivas como a Psiquiatria.

“A revolução da IA na Medicina está apenas começando. Estudos projetam que até 2030 sistemas de IA poderão auxiliar em até 80% dos processos de diagnóstico, mas sempre sob supervisão humana”, concluiu.

Redação

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