A saúde está em plena transformação. A combinação entre avanços tecnológicos, maior disponibilidade de dados e novas formas de interação entre médicos, pacientes e instituições inaugura um cenário de inovação sem precedentes. O futuro da saúde será cada vez mais digital, conectado e centrado no ser humano.
Eficiência e novos modelos de cuidado
O impacto da digitalização é perceptível em toda a cadeia de valor da saúde. Hospitais, laboratórios, clínicas e operadoras encontram na tecnologia caminhos para otimizar fluxos de trabalho, reduzir custos, encurtar jornadas de diagnóstico e oferecer atendimento mais ágil e personalizado. Para os pacientes, isso significa menos tempo de espera, maior comodidade e tratamentos mais assertivos.
Telemedicina, monitoramento remoto e prontuário eletrônico integrado são exemplos de práticas que já não pertencem apenas ao futuro: estão se tornando parte do cotidiano da assistência. Essa conectividade possibilita que profissionais trabalhem de qualquer lugar, colaborando entre si e acessando informações críticas em tempo real, o que se traduz em ganhos de produtividade e qualidade no cuidado.
Segurança precisa ser prioridade
Neste contexto de crescente digitalização, cresce também a responsabilidade sobre a proteção das informações. Dados de saúde são extremamente sensíveis, e ataques cibernéticos podem ter consequências graves, tanto para instituições quanto para pacientes. Por isso, a segurança da informação precisa ser encarada como um pilar estratégico e não apenas técnico – e precisa estar presente nas discussões de board.
Adoção de práticas de governança digital, conformidade com legislações de privacidade e investimentos em infraestrutura segura são condições indispensáveis para que a saúde conectada seja sustentável. Sem essa camada de proteção, a inovação perde sua credibilidade. No setor público, iniciativas como o Programa de Governança em Privacidade do Ministério da Saúde (PGP/MS) e a criação da Secretaria de Informação e Saúde Digital (Seidig) reforçam o compromisso com a proteção de dados, especialmente sob a égide da LGPD.
Equidade e acesso ampliado
Um dos maiores potenciais da saúde digital está na ampliação do acesso. A tecnologia reduz distâncias, conecta especialistas a pacientes em áreas remotas e permite que a qualidade do atendimento chegue a lugares antes limitados por barreiras geográficas e estruturais. Essa descentralização amplia a equidade e democratiza o cuidado.
Exemplo disso é a instituição da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) como plataforma oficial do SUS, com o Decreto Nº 12.560 de 23 de julho de 2025, e as Plataformas SUS Digital ampliam a interoperabilidade, eficiência e transparência no atendimento à população.
O Brasil, com sua extensão continental e disparidades regionais, encontra na saúde digital uma poderosa alavanca de equidade. A telemedicina conecta pacientes de áreas rurais e carentes a especialistas, reduzindo distâncias, custos logísticos e tempo de espera. Isso também ocorre no setor privado, onde um paciente se conecta com seu médico de preferência em qualquer lugar do mundo.
Desafios e próximos passos
Ainda há obstáculos a serem superados. A interoperabilidade entre sistemas públicos e privados, a inclusão digital de profissionais e pacientes e a necessidade contínua de capacitação tecnológica permanecem como barreiras reais. Além disso, soluções baseadas em inteligência artificial, big data e internet das coisas exigem infraestrutura robusta e investimentos consistentes para que possam cumprir sua promessa de diagnósticos mais ágeis e precisos.
O Brasil tem condições de se tornar referência em saúde digital, assim como é na presencial. A combinação de talentos, escala de mercado e crescente investimento em inovação cria um terreno fértil para que a saúde conectada se consolide.
O desafio é equilibrar a velocidade da transformação com a responsabilidade de proteger dados e garantir inclusão. Oportunidades existem, e o caminho para um cuidado mais eficiente, seguro e humano passa por decisões estratégicas que envolvem todos os atores do ecossistema de saúde.
Luciana Pinheiro é diretora da Citrix Latam no Brasil