O trabalho de assistência à saúde não para quando já não existem possibilidades de tratamento curativo. Aliviar o sofrimento, controlar sintomas, dores e buscar autonomia para manter uma vida ativa, apesar da doença são princípios dos chamados Cuidados Paliativos. Há um ano, o Hospital Márcio Cunha (HMC), de Ipatinga (MG), oferece estes serviços para todos os pacientes oncológicos cadastrados, inclusive do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja condição ameaça a continuidade da vida.
O HMC busca uma abordagem diferenciada, oferecendo também apoio à família. “O acolhimento (1º atendimento) é realizado somente com os familiares, justamente para verificarmos a atual situação e traçarmos intervenções específicas a cada paciente/família. Consideramos os familiares como elo importante para qualidade de vida do paciente, onde todos os membros da equipe envolvem os familiares das condutas”, explica a supervisora da unidade, Glaucia Ferreira Morais Moreira.
Com um ano recém-completo, o serviço de Cuidados Paliativos, na unidade II do hospital, alcança um índice de satisfação superior a 99%. Atualmente, conta com um ambulatório exclusivo e 12 leitos para atendimento. Ao todo, foram mais de mil pacientes assistidos pelo serviço. Um deles é o marido de Tereza Cristina Sales, que explica que o cônjuge foi bem recebido. “Todo tempo que ele esteve internado, meu marido foi atendido em todas as suas necessidades”, explica.
Como funciona?
Os profissionais que atuam na unidade prestam assistência ao paciente internado e acompanhamento ambulatorial. Este serviço é uma abordagem realizada por uma equipe multidisciplinar que promove qualidade de vida ao paciente e seus familiares, por meio de acompanhamento do quadro emocional. “Realizamos o controle da dor, dispneia e demais sinais e sintomas. A equipe é composta por médicas especialistas, enfermeiros e técnicos de enfermagem que promove o cuidado, higiene corporal e oral, tratamento de feridas, sistematização da assistência, administração de medicamentos e outros”, destaca Moreira.
Além disso, faz parte da equipe multidisciplinar fisioterapeutas, fonoaudiólogas e nutricionistas que asseguram o máximo de autonomia a cada paciente. Assistentes sociais orientam e direcionam pacientes e acompanhantes quanto aos recursos necessários para desospitalização, previdências e benefícios legais. Terapeutas ocupacionais estão à disposição para auxiliar o paciente nas atividades de vida diárias, evitando ociosidade. Psicólogas atendem tanto a família quanto o paciente, ajudando no enfrentamento das perdas que estão vivenciando, em atendimentos individuais e em grupos terapêuticos, e farmacêutica que são fundamentais para uma assistência holística.
Emoção
“Trabalho na Fundação São Francisco Xavier (FSFX, mantenedora do hospital), há 16 anos e já passei pela pediatria, pronto socorro e hoje sou supervisora dos Cuidados Paliativos. Estou muito feliz em fazer parte desta equipe que tem como foco a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias. Tem dias em eu me pergunto se eu ensino mais ou aprendo mais com eles”, desabafa Moreira.