O Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), vinculado à Rede Ebserh, realizou um procedimento endoscópico para avaliação e tratamento de doença pancreática nunca antes realizado no mundo inteiro. Chamada de pancreatoscopia via gástrica, trata-se de uma endoscopia do ducto pancreático utilizando o estômago como via de acesso.
“Em cerca de 10 a 30% dos pacientes que possuem alguma suspeita de câncer biliopancreático não é possível obter um diagnóstico definitivo com os métodos convencionais. Os pacientes, por terem uma forte suspeita de câncer, vão para uma cirurgia de grande porte sem de fato terem um diagnóstico. Essa é uma realidade mundial que vem sendo modificada com esses novos métodos”, explicou o endoscopista do CHC Eduardo Bonin.
O procedimento realizado no CHC consistiu, na prática, na introdução de um endoscópio ultrafino por dentro de um outro endoscópio posicionado no estômago, adentrando no canal do pâncreas e possibilitando o diagnóstico de lesões suspeitas para câncer com o tratamento de estreitamentos do canal e remoção de cálculos difíceis. “Nesse caso, o método foi utilizado para avaliarmos um estreitamento e cálculos dentro do canal pancreático de uma paciente que já tinha sido operada no pâncreas previamente, e cujo acesso teve de ser realizado através de estômago”, destacou a médica endoscopista do CHC Raquel Canzi.
O endoscopista Eduardo Bonin enfatiza ainda que o principal beneficiário é o paciente que, além de ter um tratamento pouco invasivo e um diagnóstico mais seguro, ainda pode receber alta muito mais cedo. “O benefício é obtermos diagnóstico e tratamento minimamente invasivos, por via endoscópica”. Os pacientes já se encontram em suas residências e manterão acompanhamento regular nos ambulatórios de Gastroenterologia e no Serviço de Endoscopia Digestiva.
Nova técnica
O aparelho utilizado para as técnicas chamadas de coledocoscopia e pancreatoscopia peoral foi doado pelos Amigos do HC e trata-se de um equipamento de ponta, de alto custo, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em meados de 2017. Ele permite procedimentos para tratamento de alguns cálculos biliares e pancreáticos e estreitamentos (estenoses) considerados como cirúrgicos.
“Além de poder ser determinante no diagnóstico de lesões suspeitas para câncer; descartando-se a malignidade por imagem e biópsia, evita-se, com o equipamento, uma cirurgia hepática e pancreática, que costumam ser de grande porte e morbi-mortalidade considerável”, considerou Bonin.