Os atendimentos de emergências cardiovasculares nos hospitais do Brasil são 82,20% maiores do que os eletivos, aqueles onde uma cirurgia ou procedimento é agendado com antecedência. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) fez um levantamento inédito que será apresentado durante o 73° Congresso Brasileiro de Cardiologia, que começa na sexta-feira (14), em Brasília (DF). Em 2017 foram realizados 1.130.692 internações por doenças cardiovasculares, sendo que 929.528 (82,20%) foram de forma emergencial. Para os homens, a relação foi ainda maior: 84% em caráter de urgência, enquanto para as mulheres foi de 79%.
Para o coordenador do Centro de Treinamento em Emergências Cardiovasculares da SBC, Sergio Timerman, o quadro de saúde do país é bastante complexo, com uma demanda excessiva nos atendimentos hospitalares. “Mas não podemos esquecer que uma pessoa que entra num hospital de forma emergencial, normalmente, fica hospitalizada por um tempo maior. Um planejamento melhor poderia fazer toda a diferença, salvar vidas e ainda desafogar os prontos socorros”, avalia Timerman. O cardiologista irá coordenar o Simpósio de Emergências Cardiovasculares e Ressuscitação com o tema: ’Quão súbita é a morte súbita’, onde os números serão debatidos.
Em relação à faixa etária, também há uma elevação no número de atendimentos, conforme a idade avança e uma porcentagem maior nos atendimentos de emergência. “Vemos um pico nos atendimentos entre 60 e 69 anos, mas a porcentagem em relação à urgência x eletivo segue sempre de forma ascendente”, analisa Sérgio Timerman.
Faixa Etária | 2017 | 2017 – urgência | |
20 a 29 anos | 29.256 | 20.556 | 70,26% |
30 a 39 anos | 62.103 | 40.550 | 65,29% |
40 a 49 anos | 122.182 | 87.344 | 71,48% |
50 a 59 anos | 221.493 | 173.043 | 78,12% |
60 a 69 anos | 282.069 | 235.663 | 83,54% |
70 a 79 anos | 235.801 | 209.782 | 88,96% |
80 anos e mais | 154.128 | 143.885 | 93,35% |
Total | 1.130.692 | 929.528 | 82,20% |
Outro dado relevante no levantamento da SBC é que a taxa de mortalidade aumenta, em média, 4 vezes nos atendimentos emergenciais em comparação aos eletivos, sem contar nas milhares de pessoas que morrem em casa, sem chegar aos hospitais. O Brasil registra 360 mil mortes por doenças cardiovasculares todos os anos. É a principal causa de mortes no país. “Precisamos investir em prevenção cardiovascular e ainda ampliar o número de profissionais de saúde e de pessoas leigas em conhecer as manobras de ressuscitação. Menos de 2% das vítimas chegam com vida aos hospitais. Elas acabam morrendo no caminho ou na própria residência, sem atendimento até a chegada da ambulância. Em muitas cidades americanas, com treinamento e atendimento adequado, esse índice de sobrevida passa dos 70%”. O cardiologista orienta que quando uma pessoa tem parada cardíaca é preciso chamar o SAMU ligando para o 192 e iniciar as manobras de ressuscitação imediatamente. “São 10 minutos entre a vida e a morte. Uma pessoa com parada cardíaca, a cada minuto sem atendimento, perde 10% de chance de sobreviver”, completa Timerman.
Informações e inscrições: cardio2018.com.br