O especialista em gestão de saúde Leonardo Nunes, CEO da empresa Cèdre Consultoria, explica que o Brasil precisa reduzir gastos do sistema de saúde, para manter a sustentabilidade do setor. “O modelo de pagamento do sistema de saúde mais comum é o que remunera pelo uso dos serviços (fee for service)”, afirma. “O futuro da saúde depende de como resolveremos essa equação da escalada de custos, equilibrando com a melhoria no cuidado ao paciente”, complementa. O especialista abordará o tema no SPIN Summit Brasil 2018, evento de inovação e tecnologia que será realizado nos dias 28 e 29 de novembro em São Paulo.
Além disso, Nunes admite que é necessária uma gestão mais profissional por parte de governantes para evitar desperdícios na saúde. “Precisamos inovar na maneira de gerenciar a administração dos recursos públicos. Muitos dizem que é necessário investir mais na saúde, mas além de investir mais, precisa-se investir melhor. Enquanto os recursos são escassos, pode-se investir na redução do desperdício”, explica.
O especialista cita como exemplo o aplicativo Uber, que revolucionou a mobilidade urbana e reduziu custos no deslocamento. “Hoje as pessoas não precisam usar mais seus carros particulares. Elas pedem o transporte via celular e economizam nos gastos. Os táxis foram forçados a reduzir os preços. Isso gera uma economia global”, garante. “Seria muito bom que esse tipo de inovação acontecesse na saúde”, acrescenta.
A solução para que os preços e serviços de saúde melhorem no Brasil passa pela desburocratização e desregulamentação, segundo Nunes. “Temos que remover ou simplificar regras e regulamentações governamentais que restringem a operação das forças de mercado, desde que isso não afete a segurança dos pacientes”, fala.
Outro ponto a ser discutido, de acordo com Leonardo Nunes, é o uso da tecnologia para o benefício do paciente. “Existem tecnologias no Brasil que possibilitam que você peça o atendimento e o médico vá até a sua casa”, diz. “Seria melhor ainda se, assim como em muitos países, os médicos pudessem atender por vídeo conferência, por exemplo. Outros profissionais de saúde já são autorizados a fazê-lo”, completa.
Para o especialista, a melhora no sistema de saúde passa por procedimentos que precisam ser automatizados, para serem humanizados. “Em média, metade do tempo de trabalho de um profissional de saúde é gasto com a burocracia. Só sobra metade do tempo para dar atenção ao paciente. A integração de informações dos registros dos pacientes, por exemplo, poderia reduzir a necessidade de duplicidade de preenchimento, liberando o profissional para focar no cuidado”.
Nunes ainda diz que a tecnologia pode ajudar os médicos, atendentes e profissionais do setor na análise rápida das informações, usando sistemas de suporte à decisão e consultas rápidas a prontuários mais completos e integrados. Existem também ferramentas de coordenação do cuidado, melhorando o nível de informação dos pacientes e a adesão aos tratamentos prescritos.
O especialista indica que existem algumas plataformas que podem ajudar os médicos no atendimento aos seus pacientes. “Hoje o profissional de medicina pode consultar em seu celular ou computador, conteúdos relacionados a diversas patologias e que foram gerados por especialistas. Isso facilita a disseminação e aderência às boas práticas e uso correto de protocolos. E mais, isso não onera o sistema, uma vez que são soluções de baixo custo de implantação”, exemplifica.
Em suma, o futuro da saúde passa pelo uso da inovação e tecnologia para redução de custos do sistema de saúde, redução do desperdício e melhoria na qualidade do cuidado ao paciente.