Estima-se que entre 2018 e 2019, 600 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Receber a notícia do diagnóstico é impactante, principalmente quando se trata de um câncer que não tem cura, como é o caso do mieloma múltiplo. Nessas situações, a família desempenha um papel importante no acolhimento e apoio emocional.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o número de cuidadores profissionais passou de 5.263 em 2007 para 34.051 em 2017, um crescimento de mais de 500%. Porém, alguns membros da família, por falta de recursos ou necessidades específicas, podem acabar assumindo esse papel.
O mieloma múltiplo é um câncer raro de sangue e o segundo mais frequente no mundo. A doença ocasiona limitações físicas severas quando diagnosticada tardiamente. Por isso, o cuidado e atenção ao paciente pode demandar uma doação muito grande da família para lidar com fadiga, dores ósseas, anemia e possíveis alterações renais, que são os sintomas mais comuns da doença, confundidos com características típicas do envelhecimento, principalmente pela doença se manifestar entre os 60 a 65 anos de idade.
Por isso, o papel da família é fundamental em todo esse processo, desde o diagnóstico da doença até no cuidado diário do paciente, principalmente pelo grau de dependência causado pela enfermidade. Segundo o Dr. Walter Moisés, hematologista responsável pelo Ambulatório de Mieloma Múltiplo da Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina – UNIFESP/EPM, é importante que o cuidador familiar entenda o seu papel e planeje esse cuidado em conjunto com uma equipe multidisciplinar – que pode ser composta pelo médico hematologista, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta – para que o paciente tenha um tratamento integrado, fazendo com que suas condições e qualidade de vida melhorem.
“O cuidador familiar, seja ele filho, irmã, sobrinha, entre outros, contribui no auxílio ao paciente nas tarefas mais simples, como calçar o sapato, e até nos cuidados pessoais, como tomar banho. Na parte médica, o cuidador também é responsável por administrar a medicação do paciente, acompanhá-lo em consultas, auxiliá-lo em atividades de fisioterapia em casa, além do apoio diário com conversas e companhia. A família também desempenha um papel importante em fazer com que o paciente não perca totalmente sua autonomia. O autocuidado é importante, para que não haja um prejuízo físico e psicológico ainda maior ao paciente”, explica o médico.
Apesar do cenário difícil, o diagnóstico precoce traz menos complicações. “É válido frisar que há uma significativa diferença no estado dos pacientes que tiveram diagnóstico precoce em relação aos diagnosticados tardiamente. Por isso, é importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, para que se houver uma suspeita, o paciente procure imediatamente um médico hematologista para encaminhamento de exames e processo de investigação e detecção”, conclui o especialista.