A equipe de cirurgia vascular e endovascular do Hospital Santa Marta, em Taguatinga Sul (DF), realizou três cirurgias com métodos inovadores, de alta complexidade, sendo eles o implante da prótese especial Hero Graft durante cirurgia inédita no Centro-Oeste, o uso da endoprótese ramificada BEVAR e o uso de gás carbônico sem contraste.
A primeira cirurgia foi realizada com a utilização da prótese especial chamada Hero Graft, para pacientes que estão com ausência de acesso vascular para fazer diálise, que é a filtragem do sangue.
Segundo o cirurgião vascular e endovascular, e radiologista intervencionista, Dr. Adriano Martins Galhardo, uma das maiores causas de morte em pacientes dialíticos é a ausência do acesso vascular, por isso a prótese utilizada é importante para ajudá-los. Em comparação com outros cateteres, esse método diminui o risco de infecções em 69%, pois diminui pela metade a necessidade de intervenções para manter o acesso funcionando.
A segunda cirurgia foi realizada em um paciente que tem insuficiência renal e estava com úlcera de aorta abdominal infra-renal. Dr. Adriano explica que, em geral, em tratamentos endovasculares (por dentro dos vasos) é usado o contraste, porém essa substância afeta o rim e, se for usado para resolver o aneurisma (dilatação do vaso com risco de rompimento e sangramento), com risco de diálise para o paciente. A alternativa nesse caso foi usar o gás carbônico, dispensando a necessidade do contraste.
De acordo com o coordenador do Serviço de Cirurgia Vascular do Hospital Santa Marta, Dr. Gustavo Dias, a substituição do contraste iodado pelo CO2 traz vários benefícios, como a possibilidade de uso irrestrito em pacientes que tenham alergia ao Iodo e, principalmente, permitir a realização de cirurgia endovascular em pacientes portadores de doença renal em estágio avançado.
“É benéfico aos pacientes com doença renal que fatalmente estariam expostos à deterioração da função renal e necessitariam realizar hemodiálise, às vezes, de forma permanente quando expostos ao uso do contraste convencional. Pessoas que possuem doença de tireoide, como o hipertireoidismo, em que o uso do contraste convencional que contém Iodo pode ocasionar a descompensação dessa doença, também se beneficiam com essa substituição pelo gás carbônico (CO2)”, explica Dr. Gustavo.
A terceira cirurgia envolvendo alta complexidade foi de aneurisma tóraco-abdominal, que afeta tanto o tórax quanto todas as artérias viscerais, ou seja, artérias que vão para o rim, intestino, baço e fígado.
“É utilizada uma prótese ramificada, com benefício inegável para o paciente. Fizemos essa cirurgia com sucesso total. A paciente está bem, com aneurisma tratado e teve alta da UTI. Poucas equipes no Brasil têm condições e autorização para fazer, e nós estamos preparados para casos assim”, enfatiza Dr. Adriano.
Dr. Gustavo Dias explica que o procedimento de alta complexidade e minimamente invasivo destaca-se por ser uma opção em pacientes com elevado risco cirúrgico, uma vez que o aneurisma que acomete a aorta torácica e abdominal apresenta altas taxas de complicações e mortalidade. A técnica está associada à diminuição do tempo operatório e tempo de hospitalização.
“O tratamento com a cirurgia aberta convencional produz bons resultados, mas são cirurgias de grande porte, necessitando em muitos casos de circulação extracorpórea, grandes incisões no tórax e abdômen, transfusão sanguínea e um tempo de internação prolongado. O uso desta técnica endovascular com endoprótese ramificada (BEVAR) minimiza o tempo de internação, e as potenciais complicações como isquemia intestinal e paraplegia”, explica o Dr. Gustavo Dias.