Artigo – O profissional médico não é treinado para gerir o próprio negócio

Estudar muito, passar no vestibular, fazer seis anos de faculdade e mais outros dois de residência, especializar-se, trabalhar arduamente e tornar-se um profissional respeitado, em dia com a ética e em compromisso com a vida. Ser médico é passar por essas e outras etapas. Nós, médicos, trabalhamos muito e nos orgulhamos do papel que assumimos em sociedade. Porém, não fomos ensinados a gerir nosso próprio negócio, assim como acontece em inúmeras outras profissões. Somos médicos. Aprendemos medicina, não administração.

Talvez, por isso, quando abrimos clínicas particulares, temos dificuldade de geri-las e nos atrapalhamos nas contas. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, 55% dos médicos exercem de duas a três atividades. Por semana, a carga horária média de profissionais da área é de 60 horas. E 73,9% não é proprietário da empresa onde trabalha. Ou seja, não sobra tempo para aprender a administrar os negócios. E quando não aprende e resolve abrir o próprio consultório, o médico esbarra numa série de erros.

O primeiro deles é não conseguir formar a equipe ideal para trabalhar na empresa. Contratar profissionais que não estão de acordo com o propósito da clínica pode prejudicar o desenvolvimento e a imagem. Um consultório de nutrologia, com o propósito de promover uma alimentação orgânica e saudável, precisa selecionar candidatos que veem a boa nutrição como um valor essencial à vida. O termo “vestir a camisa da empresa” faz diferença aqui.

Quando se trata de empresa com muitos funcionários, a promoção de técnicas de engajamento para trabalho em time é um passo muito importante na formação de uma equipe perfeita. É essencial que a equipe esteja em sintonia com os propósitos e resultados da empresa. Esse engajamento pode ser um critério de avaliação do colaborador, reconhecendo-o e premiando-o. Atentar-se a isso é lembrar que você não é só médico: você é médico e líder de uma empresa.

Outro ponto é quando o médico mistura suas contas pessoais com as da empresa. O resultado pode ser uma catástrofe. Além disso, o cálculo do preço de procedimentos e consultas deve se basear em pesquisas de mercado e considerar custos e gastos. Não é pecado buscar o preço justo para não ter prejuízos.

O custo mensal do consultório deve sempre ser conhecido e compreendido. Isso depende do uso de ferramentas adequadas de controle, como sistemas de gestão, relatórios apropriados e estratégia de custo e investimento. Uma dica valiosa é buscar profissionais que possam ajudar na administração da empresa e aproveitar a modernização para extrair o que há de melhor na tecnologia. Já existem no mercado aplicativos e sistemas de programação que auxiliam médicos e profissionais autônomos a gerir os próprios negócios.

Um profissional atualizado, com o domínio de tecnologias, ciente da importância de uma boa organização financeira, consegue fazer o seu melhor no atendimento a seus pacientes.

Sarina Occhipinti é especialista em clínica médica e diretora do Instituto Sari

Redação

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