Especialistas discutem predisposição genética e tratamentos personalizados para câncer

Foto: Leonardo Lenskij

E se você descobrisse que tem 85% de chances de desenvolver um tumor em uma determinada parte do seu corpo? Agora imagine que com esse diagnóstico possa reduzir consideravelmente seu risco se fizer um tratamento como a quimioprevenção ou até se submeter a uma cirurgia para a retirada deste órgão ou tecido preventivamente. Em uma grande parte dos casos de pacientes com predisposição genética para o câncer isso é possível e são procedimentos cada vez mais utilizados na oncologia.

Testes genéticos, tratamentos personalizados, bem como quimioprevenção e cirurgias preventivas estiveram em pauta no evento “Oncogenética no Câncer de Mama e Ovário: a importância do diagnóstico imediato”, realizado em 12 de setembro no Anfiteatro Schwester Hilda Sturm do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS). Profissionais da área da saúde debateram casos clínicos, as pesquisas nesta área e como tudo isso pode ajudar a salvar vidas não apenas de pacientes, mas também de familiares com as mesmas alterações genéticas.

A chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Maira Caleffi, fez a abertura do evento com uma provocação aos colegas. A mastologista ressaltou que estes exames e procedimentos ainda são de difícil acesso, seja pelos custos, ou pelo preconceito e o medo. “Precisamos estudar o custo-efetividade da oncogenética e mostrar seus benefícios, esclarecer as pessoas e pensar o que precisamos fazer para que esteja mais ao alcance de todos e que isso chegue mais rápido aos pacientes. Se não dermos visibilidade a este assunto vamos deixar de tratar da forma mais adequada pessoas com câncer de mama e ovário, e tantos outros cânceres, que tem mutações genéticas e que precisam de atendimento diferenciado”, afirmou.

O apelo de Maira Caleffi é o mesmo dos geneticistas Osvaldo Artigalás, do Moinhos de Vento, e Gabriel Macedo, do Hospital de Clínicas. “São diagnósticos e tratamentos caros, mas que não vão ser utilizados em qualquer caso, e sim naqueles nos quais existe a presença de mutações . Então, a estratégia é identificar pacientes que tem alto risco para câncer e investir em prevenção, não deixar a doença acontecer”, destacou Macedo, médico convidado para discutir os casos clínicos no evento.

Para Artigalás, o custo-efetividade, no final, acaba sendo até mais baixo. “Mesmo que não tenhamos no Brasil um estudo mostrando isso, se conseguirmos ampliar o acesso, no caso do diagnóstico nas pacientes que ainda não apresentam sintomas, com certeza é mais barato fazer o rastreio com exames e até uma mastectomia preventiva do que tratar o câncer depois” ponderou.

As oncologistas Alessandra Morelle e Daniela Rosa apresentaram casos clínicos de câncer de mama e ovário em pacientes com mutações genéticas. Elas falaram sobre os riscos aumentados em pessoas com histórico familiar e como essas testagens podem impactar no tratamento. Entre os benefícios destacados também estava o uso dessas informações para tratar outras pessoas da família com predisposição, desde que se invista em suporte emocional para este aconselhamento.

Redação

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