O dia 13 de dezembro é um marco na história da luta pela inclusão da pessoa cega e com baixa visão. Instituído no ano 1961 pelo presidente Jânio Quadros, a data tem o objetivo de dar luz às dificuldades das pessoas com deficiência visual, que na época passavam por uma realidade bem diferente da atual, principalmente no que se refere à acessibilidade em educação, lazer, cultura e tecnologia.
Quem explica esse panorama é Beto Pereira, especialista em garantia e defesa de pessoas com deficiência da Laramara – Associação Brasileira de Assistência à Pessoa com Deficiência Visual. “O dia 13 de dezembro é uma data ímpar na qual a sociedade é convidada a refletir sobre pessoas com deficiências visuais. No Brasil, é estimado que temos 528 mil pessoas cegas e 6,5 milhões de pessoas com baixa visão, segundo dados do IBGE de 2010 – tão antigos que os números provavelmente são maiores hoje”, diz.
Mudanças e progressos
Entre as vitórias, o especialista lista mudanças na constituição de 1988, com inúmeras conquistas jurídicas e legislativas: a lei de cotas, que viabiliza a entrada no mercado de trabalho; o crescimento e o fortalecimento dos movimentos representativos das pessoas cegas e com baixa visão; a criação da ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil), da qual a Laramara faz parte; a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência e a LBI, que fala sobre protagonismo do deficiente físico e traz avanço no direto de ir e vir, ratificado também para pessoas com deficiências visuais. “Outro fato a ser destacado são as tecnologias, que permitem que as pessoas com deficiência visual tenham facilidade em encontrar mais a informação, conhecimento, educação e recursos de acessibilidade no computador ou no celular, o que consequentemente gera a inclusão no mercado de trabalho”, explica Pereira.
Mas nem tudo são flores
Apesar do progresso inegável, existem ainda muitos obstáculos nessa discussão. “Um deles, sem dúvidas, é promover de forma efetiva o acesso de crianças à educação. Que a inclusão aconteça de forma ampla e irrestrita às escolas, salas de aula, livros didáticos, brincadeiras e recreações”, diz. Beto também destaca a dificuldade que a sociedade tem de enxergar que a pessoa com deficiência visual não é uma vítima nem um super-herói. “Como qualquer outra pessoa, é alguém que precisa ter oportunidades garantidas”, divide.
O poder do acolhimento
“Como uma pessoa com deficiência visual, nascida em família de classe média baixa no interior do país, que veio para São Paulo para fazer um curso na Laramara, contratado depois como colaborador e hoje atuando como representante da associação junto a ONCB e em inúmeras instâncias nacionais e internacionais, é fundamental dizer que o acolhimento que essas instituições proporcionam ao receber uma pessoa cega e com baixa visão é determinante: faz toda a diferença em sua vida e na de seus familiares”, conta o especialista.
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