Softwares desenvolvidos no interior de São Paulo oferecem a possibilidade de imaginação motora e estímulo dos membros inferiores e superiores, incluindo acessibilidade em relação ao uso de Realidade Virtual para pessoas que sofreram derrames ou possuem doenças que degradaram a mobilidade.
A iniciativa possibilitou o aumento da acessibilidade de pessoas com deficiências motoras em espaços urbanos; aumento no acesso à recursos computacionais para terapias de reabilitação para a população carente; treinamento prévio ao contato com a prótese de mão para pessoas com o membro ou o antebraço amputado; e a melhora na qualidade de vida e reintegração social para pessoas com deficiências motoras severas.
Entre julho de 2011 e dezembro de 2013, sob a coordenação do professor Luís Carlos Trevelin, do Departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveram-se três softwares voltados à interação humano-computador de maneira fisicamente ativa e outro que permite ao especialista em cinesiologia mensurar os movimentos corporais durante as sessões da terapia motora e neurofuncional, registrar os dados e auxiliar na análise do progresso do paciente. Os programas, registrados no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), são os seguintes: GesturePuzzle; GestureChess (jogo de xadrez); GestureMaps; e RehabGesture.
Os softwares foram testados em pacientes com diferentes enfermidades, como pessoas com lesões medulares, fibromialgia e doença pulmonar obstrutiva crônica. O trabalho realizou-se em parceria com os departamentos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional da UFSCar.
De setembro de 2015 a abril de 2017, ocorreram os primeiros testes, com 13 voluntários saudáveis, da dinâmica cerebral, a partir da avaliação da conectividade cerebral por ressonância magnética funcional, incluindo o pré-processamento e processamento de imagens. Tais testes orientaram as limitações e melhorias necessárias, motivando o desenvolvimento de dois novos softwares, também registrados no INPI: e-House e e-Street.
A partir de janeiro de 2017 até fevereiro de 2018, iniciaram-se testes com os softwares de realidade virtual em pacientes com derrame (AVC – Acidente Vascular Cerebral), no Hospital de Clínicas da Universidade de Campinas (Unicamp). Eles foram submetidos à terapia convencional associada à realidade virtual, o que motivou o início do estudo em interfaces cérebro-máquina. Também a partir dos testes clínicos, houve a motivação para o desenvolvimento de um novo software para utilização da terapia em espelho, no qual se utilizou um eletromiógrafo portátil, para se reconhecerem os movimentos dos membros superiores e, assim, controlar um avatar virtual.
O trabalho teve, então, a participação do professor Alexandre Fonseca Brandão, doutor em Biotecnologia pelo Centro de Ciência Exatas e de Tecnologia da UFSCar e pesquisador no Instituto de Física da Unicamp e no Instituto Brasileiro de Neurociência e de Neurotecnologia (BRAINN). Ele desenvolveu dois aplicativos de realidade virtual para smartphones: o e-Street, que permite ao usuário explorar virtualmente um ambiente urbano e situações como atravessar ruas; e o e-House, que possibilita caminhar pela área externa de uma casa para treinar prevenção de quedas durante a simulação de subida e descida de escadas.
A iniciativa concorreu ao Prêmio Péter Murányi 2019, edição Ciência & Tecnologia, e foi destacada pela equipe de especialistas que avaliou todos os concorrentes. Para Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi, é importante ajudar na divulgação de trabalhos que tenham impacto positivo e contribuam para a melhora da qualidade de vida da população.
“Recebemos notícias negativas todos os dias, então precisamos fazer um esforço para compartilhar tudo que é feito de forma inovadora para o bem do próximo. Com muito orgulho, nós recebemos, anualmente, trabalhos de grande magnitude e que demonstram o potencial da área de Pesquisa & Desenvolvimento brasileira nos dando esperança de um futuro melhor”, declara Vera.
Prêmio Péter Murányi
Direcionado a iniciativas que melhorem a qualidade de vida da sociedade brasileira, o Prêmio Péter Murányi acontece anualmente, alternando os temas “Educação”, “Saúde”, “Ciência & Tecnologia” e “Alimentação”, com entrega de R$ 250 mil, sendo R$ 200 mil ao trabalho vencedor, R$ 30 mil e R$ 20 mil para o segundo e terceiro colocados.
A premiação conta com o apoio da ABC (Academia Brasileira de Ciências), Aciesp (Academia de Ciências do Estado de São Paulo), Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), Aconbras (Associação dos Cônsules no Brasil), CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).