Hospital Moinhos de Vento utiliza robô de telepresença em consulta pós-operatória

Após passar por uma prostatectomia radical robótica para tratamento de câncer de próstata, um paciente do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS), recebeu uma visita inusitada. Um robô de telepresença entrou no quarto de Saul Pedro Pavanelo para a avaliação pós-operatória, acompanhado pela equipe médica que realizou a intervenção. Do outro lado do monitor, um dos maiores especialistas em cirurgia robótica urológica no mundo, sediado em Los Angeles, na Califórnia (EUA). A nova tecnologia foi utilizada de forma pioneira para este tipo de atendimento no Rio Grande do Sul em abril.

Especialista em uro-oncologia e chefe do Núcleo de Medicina Robótica do Hospital Moinhos de Vento, o cirurgião robótico André Berger realizou a intervenção em Porto Alegre, ao lado dos colegas Marcelo Quintanilha e Artur Paludo. Depois, retornou para a avaliação conectado ao norte-americano Monish Aron. Nesta primeira visita pós-operatória, Aron interagiu por meio de uma câmera de alta resolução. Com o recurso do zoom, ele avaliou com nitidez as incisões, dreno, sonda, além de falar com o paciente Saul, com Berger e a equipe que estava no local. “Usando esse robô de telepresença, podemos interagir múltiplas vezes durante o dia com paciente e familiares com a real sensação de estarmos no mesmo ambiente. Com isso, podemos melhorar o cuidado e a experiência”, destaca o cirurgião.

A inovação surpreendeu e agradou o paciente. “Essa é uma ideia que veio para ficar. Só vai agregar entre as coisas boas da medicina. Você conversa como se estivesse na presença daquele profissional porque está nítido. Não importa a distância, pois a qualidade do sistema e do som é muito boa”, avalia Saul.

Berger explica que o robô tem reconhecimento facial, inteligência artificial e navegação autônoma, e também pode ser acessado remotamente de qualquer lugar do planeta por meio de um aplicativo de celular. “O equipamento se movimenta em todos os sentidos e tem um sensor anti-colisão. Permite ainda cadastrar o número do leito, ou a posição do box de enfermagem, por exemplo, a partir de um clique por conta de seu GPS”, relata.

A iniciativa teve o apoio de um entusiasta dos robôs. O cirurgião Luciano Eifler, que trabalha há dez anos com essas criaturas, é dono da ConceptMed. Ele é responsável pelo projeto do robô de telepresença usado na visita.

Inovação e excelência 

O coordenador médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento, Felipe Cabral, aponta que o Hospital Moinhos de Vento vem realizando uma série de investimentos na medicina do futuro. Segundo o médico, a iniciativa do robô de telepresença permite levar a expertise daqui para locais remotos, onde pacientes não têm acesso ao atendimento e infraestrutura de alto padrão e onde não existem algumas especialidades médicas. Além disso, pode trazer para Porto Alegre alguns dos maiores especialistas do mundo.

“Estamos testando essa tecnologia para introduzir na rotina do hospital. Com elam é possível estar presente no local sem ser fisicamente. Podemos, por exemplo, ter cirurgias de alta complexidade realizadas aqui, pelos nossos médicos, acompanhados por colegas de qualquer outro centro de excelência”, pontua Cabral. Por outro lado, segundo ele, os profissionais também poderão estar em hospitais em outras cidades para avaliar pacientes, opinar e ajudar as equipes locais na resolução de casos mais complexos. O robô também pode ser utilizado em mentorias para médicos em formação.

Ajuda em tempos de Covid-19

Algumas iniciativas na área, como a experiência com o robô de telepresença, já eram projetadas pelo Hospital Moinhos de Vento, mas foram antecipadas em função da pandemia de COVID-19. De acordo com Cabral, o robô pode ser um importante aliado para reduzir a circulação de pessoas em algumas áreas, como o Centro de Terapia Intensiva. Equipes de apoio como psicólogos, nutricionistas e eventualmente fisioterapeutas podem orientar as equipes locais que estão na UTIs, sem estar fisicamente presentes.

“Os robôs de telepresença e os carts de telemedicina estão sendo fundamentais para que a gente possa avaliar pacientes em outros hospitais, como o Hospital Regional Norte, em Sobral no Ceará. Também servem para atualizar quadros clínicos de pacientes para os seus familiares”, diz o especialista. No CTI do Moinhos, as famílias conseguem visitar pacientes e conversar com eles. “É um alento para quem sofre com a angústia de não poder estar lá, segurando a mão desses entes e para conhecer quem está responsável pelos cuidados, pelo tratamento”, conclui Cabral.

Redação

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