Com o objetivo levantar as boas práticas que estão sendo realizadas pelos RHs ou áreas administrativas dos hospitais contra o novo coronavírus, a TM Jobs realizou uma pesquisa de benchmarking, na primeira quinzena de abril, junto às instituições de saúde para saber o que está sendo feito para minimizar a pressão que sofrem os profissionais que atuam na linha de frente no combate à Covid-19.
Neste momento de emergência em saúde pública, uma análise estratégica das melhores práticas usadas pelas instituições de saúde pode ser uma ferramenta de gestão necessária para o aprimoramento dos processos a partir do compartilhamento dos dados obtidos com a pesquisa. O estudo realizado de forma anônima foi encaminhado a 3 mil instituições públicas e privadas de saúde do país e mostrou que ainda há falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para os profissionais da saúde.
Dos questionários enviados, 5% foram respondidos por completo, 25% não concluíram a pesquisa, 47% informaram que não podiam responder e 33% não quiseram responder. Dos que participaram do estudo, 68% são da região Sudeste; 16% do Centro-Oeste; 11% estão na região Sul; e 5% no Nordeste. Não houve a participação de hospitais do Norte do Brasil.
Para 5% dos que responderam à pesquisa não há disponibilidade de máscaras N95 e/ou cirúrgica e para 26% não há oferta de óculos de proteção, equipamentos considerados fundamentais para proteção dos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate à pandemia do novo coronavírus. 11% ainda informaram que não há treinamento para colocação e retirada de EPI assim como para a lavagem das mãos dos seus colaboradores.
“Realizamos a pesquisa a partir de uma demanda do Instituto de Gestão e Humanização (IGH) por não ter informações sobre a situação dos profissionais de saúde nos hospitais durante a pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já disse ser preocupante a falta EPIs para os que estão atuando no enfrentamento à infecção por Covid-19, porque além de proteger as equipes que estão na linha de frente, esses equipamentos também asseguram a saúde do paciente, evitando que um médico contaminado e assintomático os contagie”, explica Tania Machado, CEO da TM Jobs.
Os EPIs, segundo a OMS, são: máscara tipo N95 ou PFF2; óculos ou Face Shield (máscara de proteção em acrílico); luvas; gorro; capote impermeável e álcool gel 70%. Aliás, este último item, de acordo 100% dos respondentes da pesquisa, não falta nas instituições assim como comunicados frequentes sobre prevenção à Covid-19. Outro dado preocupante revelado pelo estudo da TM Jobs é que 32% disseram que não estão realizando exames de detecção do novo coronavírus nos colaboradores que apresentam sintomas da doença. O Ministério da Saúde recomenda que os profissionais de saúde e de segurança têm prioridade na realização de testes para Covid-19.
Também 32% das instituições de saúde participantes informaram que não há atendimento aos colaboradores que necessitarem de internação no próprio hospital independentemente da cobertura do convênio médico. A imprensa vem noticiando com frequência que a falta de atendimento ou a dificuldade de internação no próprio estabelecimento de saúde onde o profissional infectado pelo novo coronavírus atua, devido à falta de leito disponível, tem agravado o quadro clínico ou levado a morte desse paciente. Sobre a quarentena para os profissionais acima de 60 anos e doentes crônicos, 74% disseram que está sendo cumprida. Para outros 26% não. Quando os colaboradores apresentam sintomas de infecção pelo novo coronavírus, 100% informaram que estão respeitando o período de reclusão e isolamento.
A recomendação do Ministério da saúde é de isolamento e distanciamento social para evitar o contágio. Por isso, a pesquisa perguntou se há algum benefício diferenciado de transporte para os profissionais de saúde: 11% disseram que sim. Dentre eles estão a flexibilidade de horário e o trabalho remoto (home office) para evitar a lotação dos transportes coletivos e auxílio estacionamento. Apenas 5% disseram que também há auxílio diferenciado para os familiares dos colaboradores, mas não informaram qual.
Sobre se o estabelecimento de saúde tem oferecido algum benefício aos profissionais devido à Covid-19, como férias, banco de horas, treinamentos específicos, apoio humanitário, interação para preservar a saúde mental e incremento de salário, 79% informaram que não; 16% sim e 5% não responderam
Pelo fato de muitos profissionais que estão na linha de frente no combate à pandemia terem tido suas jornadas ampliadas ou mesmo precisarem ficar isolados das famílias, foi perguntado se as instituições estão oferecendo hospedagem. Apenas 16% disseram que sim, em hospitais e hotéis, e 84% não estão ofertando esta opção.
Medidas preventivas
É muito importante a limpeza, desinfecção e higienização dos estabelecimentos de saúde no combate à pandemia do novo coronavírus, para evitar o contágio e a disseminação da doença. Sobre isso, a pesquisa da TM Jobs perguntou: qual o tipo de reforço de limpeza está sendo realizado nas áreas do hospital? As respostas foram aumento e aquisição de novos produtos, utilização de sanizantes de terceira geração, desinfecção constante, limpeza programada e desinfecção de cada ambiente após atendimento a pacientes com Covid-19, colaborador específico para limpar áreas de maior circulação, limpeza duas vezes por dia das áreas administrativas e três vezes ou mais das salas de exames e procedimentos. 89% dos entrevistados que responderam as perguntas informaram que vacinaram todos os funcionários. Apenas 11% não realizaram campanha de imunização. Esses dados são importantes para auxiliar os gestores em medidas preventivas durante a pandemia.
Os profissionais na linha de frente ao combate à Covid-19 precisam ter estruturas física, material, equipamentos de proteção individual e o gerenciamento da saúde mental, pois o bem-estar psicossocial nesse momento de crise torna-se fundamental. Por isso, a saúde mental dos profissionais de saúde também foi foco da pesquisa. Somente 32% informaram que oferecem algum programa específico para seus colaboradores fazerem a descompressão. 58% não ofertam nada e 10% não responderam. Dentre as práticas que estão sendo realizadas para a descompressão estão canal direto com equipe de psicólogos, área específica para descanso e psicoterapia. As vitaminas C e E possuem propriedades antioxidantes, além de promover o aumento da imunidade e a resistência a infecções. Por isso, o estudo perguntou se as instituições estão oferecendo complexo vitamínico para seus colaboradores. A maioria, 95%, respondeu que não. Apenas 5% informaram que sim.
O mercado de contratação na saúde parece estar equilibrado. 47% dos hospitais que responderam à pesquisa disseram ter feito novas contratações devido ao coronavírus; outros 47% não contrataram e os restante não respondeu. Também ficou equilibrado o percentual de instituições que estão tendo dificuldades e resistência de profissionais para aceitar proposta de trabalho durante a pandemia do novo coronavírus. 42% disseram que estão tendo problemas para contratar novos colaboradores; 42% falaram que não e 16% não responderam.
Para a CEO da TM Jobs, esse tipo de pesquisa junto às instituições do país é importante para municiar de dados o setor da saúde que é tão carente de informações, além de promover a transparência dos sistemas público e privado de assistência à população. “Os dados dessa pesquisa podem ajudar a nortear os gestores de RH departamentos administrativos das instituições de saúde para que possam tomar medidas mais assertivas para suas equipes de profissionais principalmente durante a emergência em saúde pública devido à pandemia da Covid-19”, destaca Tania Machado.