Parlamentares e cardiologistas discutem medidas para melhorar o acesso ao tratamento de doenças das válvulas cardíacas

No dia 8 de maio, a campanha Escute Seu Coração foi para o ambiente virtual. O webinar apoiado pela Edwards Lifesciences, empresa fabricante de inovações médicas para doenças estruturais do coração e critical care, reuniu especialistas para debaterem a importância e a necessidade de ampliação do acesso aos tratamentos mais modernos por pacientes com valvopatias, doenças que podem ser causadas por estenose aórtica, febre reumática e endocardite infecciosa, entre outros fatores.

Hoje, os tratamentos para as enfermidades baseiam-se em substituição e correção cirúrgica das valvas cardíacas. Existem duas formas para tratar a valvopatia: uma delas é por meio de cirurgia convencional, de peito aberto; a outra, via transcateter (TAVI), que consiste em um procedimento minimamente invasivo em que um cateter com uma prótese na extremidade é introduzido por punção na virilha e levado até o coração, passando por uma veia ou artéria. Ao chegar ao coração, a valva com defeito é substituída por uma nova por meio de insuflação de cateter balão, desta forma, expandindo e fixando a bioprótese no local pretendido. Em seguida, o dispositivo é retirado.

As soluções mais disruptivas e menos agressivas são especialmente adequadas ao período da pandemia. “Os procedimentos menos invasivos são tão eficazes ou até melhores que a cirurgia convencional. Eles garantem alta precoce – no dia seguinte -, diminuição da taxa de infecção, não requer intubação do paciente e são uma alternativa primordial nessa época de pandemia do coronavírus em que há limitação de recursos e de leitos de UTI”, explica a cardiologista intervencionista Fernanda Mangione, membro da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, que participou do webinar.

Também é preciso que o cuidado aos pacientes com doenças cardíacas seja assegurado mesmo em tempos de lotação nos hospitais. Eles fazem parte do grupo de risco e se não tiverem um tratamento adequado, o caso clínico pode se agravar.

A pandemia apenas evidenciou a urgência de implantar medidas que garantam o acesso dos pacientes com valvopatias às terapias para que tenham assistência contínua. De acordo com projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2042, o número de pessoas acima de 60 anos deve dobrar no Brasil em comparação com os dados de 2017. Como a população idosa é a mais afetada pelas valvopatias, é necessária a elaboração de políticas públicas que preservem a qualidade de vida dos pacientes e também os permita usufruir de procedimentos mais seguros. O ideal é que idosos não sejam submetidos à cirurgia convencional para tratar da doença valvar cardíaca por causa do risco cirúrgico.

Eles precisam, portanto, de opções de tratamentos como o implante de válvula via transcateter. Para colocar o procedimento minimamente invasivo no rol da Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS) e implementados no Sistema Único de Saúde (SUS), o cardiologista clínico Marcelo Sampaio, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, defende maior diálogo entre governo, legislativo e médicos. “É preciso ter uma coordenação integrativa entre o governo, os parlamentares e os especialistas da área científica para discutir protocolos e garantir o acesso ao tratamento transcateter à população”, afirma o especialista, que também integrou o encontro virtual. O médico compartilha da opinião de Fernanda Mangione sobre a necessidade de facilitar o acesso à saúde para tornar o sistema mais eficiente, o que colaboraria não apenas para o tratamento, mas também para facilitar as iniciativas de prevenção das complicações das doenças, promovendo a medicina integral.

O deputado federal Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ), presidente da Comissão Externa de Ações Preventivas Coronavírus no Brasil, também participou do encontro virtual e prometeu engajamento na defesa dos pacientes. “Quero ajudar a incorporar a TAVI no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar”, afirmou. Todos os procedimentos incluídos na lista da ANS têm cobertura assegurada pelos planos de saúde. “Precisamos pensar em um novo sistema de saúde que assegure um cuidado maior às pessoas vulneráveis.”

A deputada federal Mariana Carvalho (PSDB-RO), cardiologista e membro das Frentes Parlamentares da Saúde e da Medicina, foi outra convidada da videoconferência. Ela reforçou a necessidade de implementação de cuidados, atenção e políticas públicas voltadas para os pacientes cardiovasculares e ressaltou a importância da participação dos médicos no trabalho. “Os cardiologistas podem orientar a formulação dos projetos de leis voltados à proteção e à sobrevida dos idosos e cardiopatas que possam ser apresentados na Câmara dos Deputados”, argumentou.

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Redação

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