Artigo – O que a pandemia tem nos ensinado sobre gestão?

A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) colocou o mundo todo em uma situação inimaginável, modificando e transformando o modelo atual de sociedade: em distanciamento social (seja ele horizontal ou vertical, outra boa discussão). O distanciamento, estruturado e implementado dentro de conceitos com base em evidências científicas, claras e objetivas, e não políticas, é, entre outras medidas, fundamental para que o impacto desta pandemia seja o menor possível, tanto na mitigação da sua gravidade (evitando assim um colapso do sistema) quanto na sua duração, mas também é um grande problema para a economia do país,

O momento é extremamente delicado, pautado por conversas difíceis e complexas, onde observamos transformações profundas no modelo econômico pautado, principalmente, pela mudança no perfil de consumo. Toda crise, paradoxalmente, é também uma oportunidade de aprendizado. Nos obriga, por uma questão de sobrevivência, a rever não somente como gerenciamos nossos negócios, mas também a fazer uma nova leitura do futuro e, principalmente, dos modelos de gestão das nossas equipes.

A primeira lição que a pandemia da Covid-19 nos deu foi que não há planejamento estratégico que suporte uma crise desta envergadura, pois nem o mais pessimista dos cenários alcançava tamanho impacto nos negócios. O futuro passa pela capacidade de “entender” que as mudanças que estamos vivendo determinarão um novo modelo de consumo e relacionamento comercial, pela capacidade de “adaptabilidade”, baseada em resiliência, agilidade e eficácia para fazer mudanças no tempo certo; reforça a importância de “equipes e liderança”, porque se elas já tinham um papel fundamental, agora emergem como o principal ativo para enfrentar o novo mercado; e demanda “disciplina e persistência” na busca de resultados e na gestão das empresas de forma que permita a retomada da atividade econômica e a geração de novas oportunidades de negócios, emprego e desenvolvimento social.

Uma segunda lição será, sem dúvida, incorporar a variável da “incerteza”, tanto no planejamento como no dia a dia operacional. Estamos e vamos continuar aprendendo a cada dia e devemos estar preparados e “abertos” para entender que as mudanças passaram a ocorrer com uma frequência maior que estávamos acostumados. Será fundamental ter capacidade de adaptar-se rapidamente.

A terceira lição é a consolidação da interdependência dos diversos atores da cadeia produtiva na busca de soluções que atendam esse novo modelo econômico, gerando acessibilidade, produtos e serviços de qualidade, somado a uma relação de custo/benefício relevante. Especificamente no setor da Saúde, operadoras, hospitais, médicos e indústria deverão iniciar, efetivamente, um caminho de convergência onde a “entrega de valor” real seja o principal diferencial competitivo.

Quando assumirmos que a incerteza é a única certeza que temos e conseguirmos entender como seu desdobramento influenciará o desempenho das nossas empresas é que nos tornaremos capazes de mergulhar verdadeiramente em como organizar e enfrentar esta ou qualquer crise. A incerteza não nos obriga a improvisar, aliás muito pelo contrário, nos obriga a liderar com visão e percepção de mercado, estruturando modelos inovadores, altamente eficazes e principalmente privilegiando equipes de alta performance.

Foto: Nilton Russo

 

Claudio Enrique Lubascher é especialista em gestão de negócios com sólida atuação no setor de saúde, diretor geral do Hospital Santa Cruz, de Curitiba (PR), e também presidente do Capítulo Paraná do Colégio Brasileiro de Executivos de Saúde (CBEXs), do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF PR) e vice-presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Sindipar)

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.