Neste momento de pandemia, uma das principais preocupações do mercado de saúde suplementar é a capacidade que as Operadoras e os Prestadores de serviços terão para administrar suas receitas e suas despesas buscando a sobrevivência do sistema.
Em um quadro onde se observa a redução no número de beneficiários, o envelhecimento da população e a dificuldade cada vez maior de suportar reajuste fora da inflação, a alternativa para manter a viabilidade do negócio passa por uma utilização mais racional e inteligente dos recursos.
Em quatro anos poderemos perder aproximadamente 10.000.000 de beneficiários. Se não investirmos da maneira correta, no que realmente pode nos salvar, certamente num período muito curto perderemos este benefício, que hoje é o segundo maior desejo dos brasileiros.
Precisamos de novas formas de remuneração para os prestadores, incentivando a racionalização dos serviços e evitando os desperdícios. Precisamos criar portas de entrada para que as pessoas possam ser avaliadas antes de ir de forma ilimitada para os prestadores.
Neste momento, os investimentos em tecnologia e medicina preventiva são de extrema importância, principalmente se pudermos explorar os “teles”:
- Teleatendimento – Contatos diários por telefone e por vídeo
- Telemonitoramento – Monitoramento dos beneficiários, principalmente com patologias crônicas com pequenos aparelhos que os mantenham conectados aos médicos ou a centrais de saúde ativas
- Tele-educação – Disseminação de toda forma de conhecimento e cultura na área de saúde, com uma linguagem do dia a dia. Reeducando as pessoas, ensinando-as que saúde não é de graça, pelo contrário, seu custo é extremamente elevado e também mostrando de que forma a medicina pode atuar em seu favor
O investimento em Atenção Primária a Saúde, mesmo que sendo apoiado pela tecnologia, nos leva a manter o beneficiário próximo da forma correta de utilizar o plano ou seguro saúde.
Os executivos precisam de ferramentas de Business Inteligence para entender o que está acontecendo financeiramente. Necessitam de um apoio de números, pois quanto mais informação, melhores serão suas decisões.
Os que se utilizam dos prestadores de saúde, por sua vez, necessitam entender sobre como devem utilizá-los. Entender que reembolsos dobrados ou triplicados são fraudes. Emergências hospitalares são para tirar as pessoas de riscos eminentes de vida. E que liminares são formas utilizadas para beneficiar poucos em detrimento de uma grande maioria; e pelo princípio básico do mutualismo todos terão que pagar pelas ações judiciais e pelas fraudes.
Este é um mercado em que todos são responsáveis e corresponsáveis. Todos nós – pacientes e prestadores – precisamos ter o mesmo entendimento: o de que se nada for feito, em breve, nada mais poderá ser feito, a não ser com muito sacrifício.
Charles Lopes é formado em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica e sócio-diretor da B2Saúde Consultoria, empresa presente no mercado de seguros há mais de 15 anos que é especializada em gerenciar o relacionamento das empresas com os planos de saúde