Um trabalho inédito feito pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz sobre o perfil da resposta imune do organismo, com relação ao novo Coronavírus, pretende fornecer importantes informações para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19. Pacientes internados com a doença, na UTI do Hospital, com idade e condições de saúde diferentes, vêm tendo suas amostras de sangue estudadas desde o início de maio deste ano. As análises permitem traçar um panorama do comportamento do organismo desses pacientes frente ao vírus.
O objetivo do estudo, realizado por médicos pesquisadores do Centro Especializado em Oncologia e da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital, com o apoio do Hemocentro da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Laboratório Fleury, é avaliar o desequilíbrio dessa resposta imune diante de uma “tempestade” inflamatória desencadeada por citocinas que atingem inúmeros órgãos, além dos pulmões, numa manifestação sistêmica que tem sido o principal alvo de combate contra o coronavírus. As citocinas são proteínas que atacam os vírus — ou bactérias –, enquanto células brancas de defesa. Elas constituem a “munição” que protege o organismo, mas que também pode deflagrar um auto-ataque, quando em excesso. O estudo é o primeiro do tipo aprovado pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).
Uma melhor compreensão da resposta imune contra o vírus, deve auxiliar na estratificação dos pacientes graves na UTI, possibilitando uma melhor abordagem terapêutica para todos os casos e possivelmente indicando um caminho para o desenvolvimento de uma vacina. Para um melhor entendimento da resposta imune ao vírus, serão utilizados como controle saudáveis doadores de banco de sangue com teste negativo para Covid-19.
Segundo o Dr. Otávio Baiocchi, médico hematologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital e um dos responsáveis pelo estudo, na prática, as amostras de sangue colhidas a cada de quatro dias, num total de seis coletas dos pacientes internados, irá descrever a dinâmica do perfil de 26 citocinas diferentes (medidas em momentos distintos) e correlacionar os resultados com desfechos clínicos específicos que obrigaram o uso da ventilação mecânica ou que causaram microtrombose, alteração renal, lesão pulmonar, entre outras complicações. “Ao comparar o perfil das citocinas nos pacientes admitidos na UTI em relação a um grupo saudável de pacientes, será possível entender se há relação entre as citocinas medidas antes e depois das terapias utilizadas para tratar a Covid-19”, afirma.