Campinas mantém desaceleração nos casos de Covid-19 após um mês na fase amarela

A RMC – Região Metropolitana de Campinas (SP), que avançou à fase amarela do Plano São Paulo há um mês, apresentou queda de 10,5% nos casos de Coronavírus na 36ª Semana Epidemiológica, correspondente ao período de 30 de agosto a 5 de setembro. Mesmo com quedas consecutivas, o infectologista André Giglio Bueno, em análise feita ao Observatório PUC-Campinas, considera prematura a possibilidade de retorno às atividades escolares. Em alguns municípios do Estado, as aulas de reforço voltaram nesta terça-feira (8). (VEJA NOTA COMPLETA)

Para o professor de Medicina da PUC-Campinas, a impossibilidade de antever o comportamento da doença inviabiliza o retorno seguro das crianças ao ambiente escolar. “É necessário encontrar formas seguras para a volta às atividades escolares. Adotar como único critério a criação de uma vacina, que pode demorar e até mesmo não existir, não parece ser razoável. Não é razoável, do mesmo modo, ignorar as orientações estipuladas pela Organização Mundial da Saúde, tal como ocorreu nas flexibilizações de outros setores, motivadas por pressões econômicas e políticas. É importante frisar que estamos diante de uma doença sem vacina e com letalidade considerável”, diz Giglio.

O médico afirma, ainda, que as decisões em torno da retomada das aulas presenciais envolvem a garantia de três aspectos básicos: controle da epidemia, pautado em vários indicadores, como queda contínua de hospitalização e internação; capacidade de resposta do sistema de saúde a um eventual aumento de casos; e adoção de medidas para quebrar as cadeias de transmissão.

Campinas, mesmo com a redução de infecções nas últimas semanas, afastou chance de abertura das escolas em setembro. Na 36ª Semana Epidemiológica, a cidade apresentou 1,5 casos, 8,48% menos em relação ao período anterior. Queda de 6,5% também foi registrada no Departamento Regional de Saúde de Campinas, que integra 42 municípios. Ainda assim, o DRS-Campinas segue na segunda posição do Estado em número de casos e mortes, atrás apenas da Grande São Paulo.

Até 5 de setembro, o DRS-Campinas apresentava 91,5 mil casos, sendo 67,9 mil na RMC e 28,4 em Campinas, cidade que, embora esteja em queda ascendente em número de mortes (-16,67% em relação à semana anterior), tem o segundo pior coeficiente de mortalidade da região a cada 100 mil habitantes. Os dados atualizados estão disponíveis no Painel Interativo do Observatório PUC-Campinas pelo site observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19.

Economia

Mesmo com as últimas flexibilizações, a pandemia continua afetando a atividade econômica em todas as cidades brasileiras, inclusive as da RMC. A queda produtiva, que limitou oportunidades de emprego e causou redução na renda da população, deve atrasar a recuperação da economia. A retomada do consumo, imprescindível para esse processo, deve sofrer prejuízo em virtude da diminuição pela metade do auxílio emergencial.

Para o economista Paulo Oliveira, que coordena as notas técnicas referentes ao coronavírus pelo Observatório PUC-Campinas, a retomada depende da capacidade de consumo das famílias, das políticas de gastos públicos e da recuperação da economia internacional. No entanto, o governo tem pautado suas decisões na premissa de que os impactos econômicos serão de curto prazo, insistindo na manutenção do teto de gastos. Além disso, o aumento do dólar, indicando possível movimento inflacionário, deve causar impacto nos preços ao consumidor final.

“Neste contexto, a retomada da demanda interna, seja via consumo das famílias, seja via gasto do governo, deverá ser acompanhada de políticas de mitigação do aumento de custo de insumos como, por exemplo, a valorização do real em relação ao dólar”, destaca o docente extensionista, reforçando a tese de que a recuperação econômica depende de fatores além das reaberturas.

Redação

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