O Brasil tem um forte histórico em circulação extracorpórea (sistema que substitui as funções do coração e pulmão e permite a realização de cirurgias complexas do coração). A cirurgia cardíaca no Brasil se desenvolveu graças à nacionalização de equipamentos e consumíveis necessários nas cirurgias cardíacas, criando independência e viabilidade econômica para a realização de procedimentos complexos e de alto custo.
Em 2018 foram publicadas pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e pela Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea os Standards de Circulação Extracorpórea, estabelecendo normas e guidelines com grande foco na segurança para o paciente submetido a cirurgia cardíaca em nosso país. “Infelizmente a incorporação de novas tecnologias não ocorreu em todos os equipamentos nacionais, criando uma grande distância tecnológica entre aqueles utilizados na maioria dos serviços de cirurgia cardíaca brasileiros comparados aos demais países ao redor do mundo”, afirma Luiz Fernando Caneo, cirurgião cardíaco do Incor e ex-presidente da Organização para Suporte Vital Extracorpóreo Latino Americana (ELSO, na sigla em inglês) que participou da elaboração das diretrizes.
Segundo o cirurgião, a utilização de capacete ao andar de moto, ou do cinto de segurança ao andar de carro já se transformaram em leis, e poucos questionam sua necessidade. “Em contraste, nossas guidelines para cirurgias do coração não são leis, são raramente seguidas, e poucos as conhecem. O pior é que as pessoas têm ciência do que pode acontecer se não usam capacete ou se não colocam o cinto de segurança, mas não têm ideia dos riscos que correm ao serem submetidas a uma operação do coração sem máquinas servocontroladas com dispositivos de segurança”, ele afirma.
Durante uma cirurgia cardíaca, realizada sob anestesia geral, a circulação extracorpórea é feita com tecnologia que assume as funções do coração e pulmões para manter a oxigenação e a circulação sanguínea no corpo enquanto o coração e os pulmões são parados para o procedimento cirúrgico. Estas também são utilizadas para permitir a recuperação destes órgãos vitais após a cirurgia.
Entre outros pontos, as diretrizes especificam que durante as cirurgias cardíacas os equipamentos devem conter dispositivos de monitoração e segurança, incluindo detectores de bolhas, alarme de detecção de nível baixo do reservatório, alarme de falha de energia, unidade de backup alimentada por bateria e alarmes de sobrepressão, entre outros.
Todos estes dispositivos de segurança estão presentes em um equipamento de circulação extracorpórea de última geração, a S5, sistema de perfusão fabricado pela LivaNova, empresa líder na área de equipamentos cardiovasculares. “Nossa tecnologia de última geração proporciona diminuição da possibilidade de lesões neurológicas temporárias ou definitivas por fluxo cerebral inadequado ou ocorrência de microbolhas no processo de perfusão, podendo diminuir a necessidade de internação e acompanhamento ambulatorial”, afirma Celso Freitas, diretor médico da LivaNova. “Ela também proporciona diminuição da ocorrência de insuficiência renal aguda, um dos grandes fatores de elevação de custos no cuidado deste tipo de paciente.
“Nos outros países esse tipo de equipamento é utilizado regularmente, mas infelizmente é utilizado em apenas 10% das cirurgias do coração realizadas no Brasil, afirma Dr. Caneo. “Acredito que no Dia Mundial do Coração, como cirurgião cardiovascular, minha maior contribuição é alertar que os bons resultados de nossas cirurgias são resultados de um trabalho de equipe e da utilização de tecnologias de circulação extracorpórea seguras e otimizadas”, ele conclui.