Estudo aponta mortes 42% acima do estimado durante a pandemia, sendo 98% em idosos

Estudo inédito da CAPESESP (Caixa de Previdência e Assistência dos Servidores da Fundação Nacional de Saúde) aponta 42% mortes a mais que o estimado para o período de abril a agosto deste ano, comparadas ao registro histórico dos últimos cinco anos. A pesquisa levou em conta o número de desligamentos do plano por motivo de óbito nos meses citados. O excesso de mortalidade considerado foi aquele acima da estimativa projetada para 2020. A maior parte destes óbitos (98%) ocorreu em idosos. As regiões Norte e Centro-Oeste tiveram maiores índices de mortes em excesso x óbitos estimados: 78% e 57% a mais que o esperado, respectivamente.

Segundo o Diretor-Presidente da CAPESESP, o médico João Paulo do Reis Neto, o aumento dos óbitos pode estar ligado à infecção por Covid-19, mas também por conta da interrupção de tratamento de doenças crônicas ou pela resistência em buscar assistência por medo de contrair a doença

Na CAPESESP, plano de autogestão que atende mais de 40 mil beneficiários, isso representou 103 mortes a mais que o esperado, segundo as estimativas com base nos anos anteriores levando em conta o envelhecimento da carteira já composta por maioria idosa. Projetando este estudo para o setor de saúde suplementar, o volume de óbitos é estimado em cerca de 37 mil. Só nas autogestões, que congregam quase 5 milhões de vidas na saúde suplementar, o total é de 6 mil.

Por atender proporcionalmente o maior número de idosos, as autogestões são as mais impactadas, com quase o dobro de óbitos por 100 mil vidas. “São números que apontam o quanto a pandemia do novo coronavírus impacta as famílias brasileiras, sobretudo as de menor renda. Portanto, é fundamental ressaltar a importância dos cuidados com a saúde e manter sob controle as doenças crônicas, a fim de dirimir os riscos”, explica Reis Neto.

Morte precoce

Esse estudo inédito da CAPESESP vai ao encontro de Nota Técnica divulgada pelo IPEA em julho deste ano mostrando o impacto socioeconômico pela morte precoce de idosos durante a pandemia, especialmente daqueles que sustentam suas famílias. Segundo o material do instituto, 74% das mortes registradas por Covid-19 até 1 de julho de 2020 ocorreram em indivíduos com 60 anos ou mais, dos quais 58% eram homens. Aos 60 anos um indivíduo do sexo masculino ainda poderia esperar viver mais 18 anos, conforme estimativas de 2018.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, em 2018, dos 71,3 milhões de domicílios brasileiros, em 34% tinha ao menos um idoso residindo. Nestes domicílios moravam 62,5 milhões de pessoas, em média 2,6 pessoas por domicílio, das quais 30,1 milhões eram não idosas. Dentre os não idosos, 16,6 milhões não trabalhavam. O idoso contribuía com 70% da renda destes domicílios e 56% de sua renda vinha de pensões ou aposentadoria.

“Fica claro que em grande parte dos casos, o beneficiário é o responsável por manter financeiramente a casa ou contribui de maneira expressiva, o que significa uma perda relevante de renda e saída do plano pelos familiares (e provável migração para o SUS). Isso, somado aos altos índices de desemprego, é, sem dúvida, um impacto socioeconômico significativo provocado pela pandemia”, alerta o Diretor-Presidente da CAPESESP.

Redação

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