Os preços dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil cresceram 1,37% em dezembro, revela o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador inédito criado pela Fipe em parceria com a Bionexo, healthtech especialista em soluções digitais para gestão em saúde. É a primeira alta do índice após quatro quedas seguidas, nos meses de outubro (-0,11%), agosto (-1,82%), setembro (-2,48%) e novembro (-0,65%). Com esse resultado, o indicador encerrou o ano de 2020 com uma alta acumulada de 14,36%.
A variação em dezembro foi impulsionada pelo avanço no preço médio de medicamentos atuantes no aparelho digestivo e metabolismo (+13,77%), sistema nervoso (+5,22%), sistema musculesquelético (+3,09%) e aparelho cardiovascular (+1,42%). Esses grupos, vale ressaltar, incluem medicamentos utilizados pelos hospitais em casos graves relacionados à Covid-19, como propofol (anestésico), fentanila (analgésico) e omeprazol (distúrbios gastrointestinais).
Comparativamente, o resultado do IPM-H em dezembro superou a inflação oficial do país medida pelo IPCA/IBGE (+1,35%), bem como o comportamento dos preços medido pelo IGP-M/FGV (+0,96%). Além disso, a elevação do IPM-H em dezembro também foi maior que a variação da taxa média de câmbio no mês (-5,02%).
Crescimento na pandemia
Desde o início da pandemia, entre fevereiro e dezembro de 2020, o índice registrou um crescimento de 12,15%. Nesse horizonte, o IPM-H superou a variação do IPCA/IBGE (alta acumulada de 4,04%). Por outro lado, a variação no preço médio dos medicamentos ficou abaixo da variação acumulada do IGP-M/FGV (alta acumulada de 22,60%) e também da variação na taxa de câmbio no período (+18,53%).
O comportamento do IPM-H durante a pandemia é explicado pela elevação no preço médio observada em todos os grupos, destacando-se as variações no preço médio de medicamentos atuantes no aparelho cardiovascular (+53,61%), aparelho digestivo e metabolismo (+49,63%), sistema nervoso (+46,13%), sistema musculoesquelético (+21,37%), entre outros. No contexto da crise sanitária e repercussões, é possível atribuir esses aumentos a um ou vários dos seguintes fatores: choque positivo da demanda das unidades de saúde, desabastecimento do mercado doméstico, elevação do dólar e do preço de insumos, entre outros fatores.
Entre os medicamentos que contribuíram para o comportamento registrado pelo IPM-H durante a pandemia estão norepinefrina (terapia cardíaca e suporte vital), fentalina (analgésico), propofol (anestésico), midazolam (hipnótico/sedativo/tranquilizante), omeprazol e pantoprazol (antiácidos utilizados no tratamento de dispepsia/úlcera gástrica e outros distúrbios gastrointestinais).
Com o encerramento do ano, o IPM-H acumulou uma alta de 14,36% em 2020. Nesse horizonte, os grupos que mais contribuíram para a forte alta do índice incluíram: aparelho digestivo e metabolismo (+69,96%), aparelho cardiovascular (+54,22%), sistema nervoso (+48,16%), sistema musculesquelético (+20,67%) e sangue e órgãos hematopoiéticos (+16,05%). Em contraste, os grupos com as menores variações incluíram: agentes antineoplásicos/quimioterápicos (+1,06%), anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+3,65%), medicamentos atuantes no aparelho geniturinário (+5,81%), órgãos sensitivos (+8,23%), aparelho respiratório (+8,67%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+9,56%) e preparados hormonais sistêmicos (+11,45%).