Um ano de Covid-19: diretor-geral de hospital de Joinville analisa o período

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“Os desafios são imensos. Mas vamos sair mais fortes desta crise.” É a convicção de José Tadeu Chechi, diretor-geral do Hospital Helena, de Joinville (SC), em um balanço sobre o primeiro ano da pandemia, recém concluído. Já no início de 2020, quando ainda não se tinha ideia da dimensão global que a doença ganharia, o hospital que é um dos principais centros de saúde de Santa Catarina fez a lição de casa: formou um comitê de crise, desenhou protocolos, adotou medidas preventivas e foi um dos protagonistas da mobilização regional que buscaria reduzir os impactos do novo Coronavírus, em um trabalho que agregou, lado a lado, instituições de saúde, entidades empresariais e poder público. “Tudo isso facilitou a nossa condição de atender às demandas quando elas apareceram”, rememora Tadeu, profissional com 25 anos de carreira no campo da saúde.

Entre as dificuldades que viriam pela frente, o executivo destaca a administração do quadro de profissionais – seja no propósito de manter a equipe segura e motivada frente a uma crise sem paralelo na história, seja para driblar afastamentos de funcionários –, o cancelamento compulsório de cirurgias eletivas e, ainda, a escassez de insumos no mercado, provocada pelo aumento gigantesco da procura. “Máscaras, aventais, luvas, material descartável, tudo ficou mais caro. Mas em nenhum momento a operação foi comprometida por desabastecimento. Superamos as adversidades de maneira assertiva, muito em função do nosso planejamento”, avalia o diretor.

Ao mesmo tempo, o setor passou por readequações significativas, em decorrência, por exemplo, de mudanças na gestão de operadoras de saúde. “O mercado foi se tornando ainda mais competitivo, exigindo uma velocidade de reação cada vez maior”, sublinha Tadeu. E a reação do Dona Helena, diz ele, tem sido a de se preparar para o futuro. “A história ensina que as grandes crises servem de mola propulsora para novos ciclos de crescimento”, reflete, enxergando a oportunidade de colocar em prática as diretrizes do planejamento estratégico do hospital, que mira na expansão da estrutura e no desenvolvimento de novas especialidades, com ênfase para a oncologia.

O eixo dessa engrenagem, segundo o diretor-geral, é a consolidação do centenário Hospital Dona Helena, fundado em 1916, como um centro de saúde voltado à alta complexidade. No ano passado, o hospital investiu em modernização, com a compra, entre outros, de novos equipamentos de hemodinâmica e tomografia computadorizada, além de todo o aparato de suporte. Também ampliou a gama de especialidades disponíveis em seus ambulatórios. “Queremos preparar o hospital para um novo momento de crescimento, tornando a saúde mais acessível para a população”, resume José Tadeu Chechi.

Artigo – O aprendizado que vem da crise

O primeiro caso confirmado de Covid-19 atendido no Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), foi registrado em 16 de março de 2020. Mas a nossa preparação para esse período pandêmico se iniciou antes, em janeiro, quando instituímos um comitê de crise para enfrentamento do novo Coronavírus. Observar o que estava acontecendo na China e na Europa foi muito importante para nos mobilizarmos, antecipadamente, para a adoção de medidas preventivas, novos protocolos e rotinas, além de protagonizar uma ação regional para redução dos impactos do novo Coronavírus. Tudo isso contribuiu para a assertividade em nosso desempenho desde então.

Uma das primeiras medidas que tomamos, ainda em março, foi realizar a triagem dos pacientes e a separação da emergência em respiratória e não respiratória, para que os pacientes não se misturassem. Também prezamos pela segurança no atendimento eletivo, controlando o fluxo de pessoas e adotando medidas mais rigorosas de higienização e distanciamento. Manter os protocolos atualizados e acessíveis aos nossos profissionais, mesmo com as alterações constantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde, foi um trabalho intenso e constante. Assim como a iniciativa de suspender as cirurgias e atendimentos eletivos quando necessário, visando à segurança do paciente, e equacioná-los quando retomados, para manter a qualidade no serviço prestado.

Garantir um estoque de insumos foi um dos maiores obstáculos, pois sentimos a falta de itens no mercado ou, com frequência, a variação dos preços, principalmente de equipamentos de proteção, produtos descartáveis e medicações. No entanto, não tivemos desabastecimento em nenhum momento. A gestão de leitos e de equipes também mereceu atenção redobrada. Visando a recuperação dos pacientes que tiveram a Covid-19, abrimos um ambulatório de fisiatria, visando o tratamento das sequelas da doença, a reabilitação integral, para que esses pacientes possam retornar à sociedade e aos ambientes familiar e de trabalho da melhor forma possível.

Os principais personagens no combate ao novo Coronavírus são os profissionais da saúde. Trata-se de uma classe que vem sofrendo com uma enorme pressão psicológica, um grande sentimento de impotência perante uma doença que se agrava, por mais que se trate, e com um número crescente de pessoas contaminadas. Pensando nisso, para preservar a saúde mental, criamos o programa “Você de Bem”, que oferece suporte psicológico aos funcionários. Muitos de nossos profissionais tiveram que ser afastados por conta de contaminação em suas famílias, mas felizmente poucos contraíram a doença. Apesar das dificuldades, que não são poucas, todos estão engajados e comprometidos com o mesmo objetivo de prestar a melhor assistência ao paciente.

Assegurar que o nosso planejamento estratégico continue avançando é outro desafio atual — obter um crescimento sustentável em um cenário tão incerto. Acreditamos que vamos sair fortalecidos dessa pandemia: já estamos ampliando a nossa estrutura, com abertura de novos serviços, visando atender todas as especialidades médicas, e investindo em atendimento de alta complexidade. Pretendemos continuar oferecendo um atendimento integral, humanizado e completo, suprindo todas as necessidades da população, em um grande centro hospitalar, referência em Santa Catarina.

Foto: Rafael Richartz

 

 

Danilo Abreu é superintendente médico assistencial do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC)

 

Hospital Dona Helena

  • Um dos principais hospitais de Santa Catarina;
  • 870 funcionários;
  • Foi a primeira instituição de saúde do Estado a receber, em 2014, o selo de certificação da Joint Commission International (JCI), em respeito às normas nacionais e internacionais;
  • Também tem seus serviços certificados pela norma ISO 9001.
Redação

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