O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), está ampliando o escopo do projeto ‘Qualificação da Assistência em Terapia Intensiva por Telemedicina’, o TeleUTI. Em parceria com o Ministério da Saúde, a instituição está abrindo processo de seleção para recrutamento de novas unidades de terapia intensiva de hospitais públicos e filantrópicos de todas as regiões do Brasil. A iniciativa, desenvolvida por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), teve início em 2018 e era direcionada a UTIs pediátricas. Com o início do triênio 2021-2023, também passam a ser incorporadas as unidades neonatal e adulto.
Segundo Felipe Cabral, coordenador de Saúde Digital no Hospital Moinhos de Vento, o principal objetivo do projeto é prestar suporte qualificado a unidades de terapia intensiva da rede pública. “O país sofre com vazios assistenciais de médicos intensivistas em diversas regiões. Com esse projeto, estamos prestando suporte médico-assistencial via equipe multidisciplinar do segundo melhor hospital do Brasil às outras UTIs, de diversas regiões, com o intuito de qualificar e sistematizar o cuidado do paciente crítico, utilizando a telemedicina para a discussão de casos clínicos sob a forma de tele rounds multiprofissionais diários, visando a educação dos profissionais e qualidade da assistência prestada por esses centros”.
O projeto consiste em rounds diários de telemedicina, nos quais os médicos intensivistas do Moinhos, em Porto Alegre, fazem visitas virtuais a unidades de outras cidades, desde o interior do Rio Grande do Sul até o Pará. Com as equipes locais, eles discutem casos clínicos, fazem a adequação de rotinas e terapias e buscam formas de otimizar os recursos. A iniciativa conseguiu reduzir a mortalidade em 50% em UTIs pediátricas atendidas. Na pandemia, foi adaptada para dar suporte às UTIs Covid e diminuiu a mortalidade em 21%. Já o tempo médio de internação caiu de 14 para 7 dias.
Também é oferecido o serviço de interconsulta entre médicos especialistas sob demanda, e há ainda a possibilidade de utilização de dispositivos médicos Point Of Care, como ultrassom, eletrocardiograma, entre outros, que poderão ser entregues aos hospitais participantes do projeto sem custo à instituição. A expectativa da equipe do projeto é prestar uma média de 200 atendimentos diários.
Como participar
Serão escolhidas as UTIs (adulto, pediátrico e neonatal) de hospitais públicos ou filantrópicos com atendimento 100% SUS, que apresentem maior pontuação nos critérios de avaliação do projeto.
Os pré-requisitos são:
- Ser uma unidade composta por 10 a 20 leitos;
- Ter médico rotineiro sem residência médica ou título de especialista em terapia intensiva;
- Ter equipe médica e de enfermagem motivada a participar do projeto;
- Ter equipe multidisciplinar disponível e motivada a participar do projeto;
- Dificuldade de acesso a médicos especialistas;
- Ausência de rotinas e protocolos clínico-assistenciais bem estabelecidos;
- Possuir exames de imagem digitalizados;
- Possuir equipamentos, materiais e medicamentos mínimos para assistência ao paciente grave, de acordo com a equipe técnica do projeto;
- Ter facilidade de acesso a dados para realização de estudos científicos;
- Ter infraestrutura de rede mínima viável para conexões com a internet;
Caso a instituição atenda todos os critérios, deve enviar um e-mail para selecao.uti@hmv.org.br, até 24 de maio. O gestor da instituição receberá um questionário de avaliação de viabilidade e, em seguida, serão agendadas reuniões de seleção entre a equipe do projeto e do centro remoto candidato. A definição da unidade será realizada junto ao Ministério da Saúde, e formalizada para as instituições contempladas via e-mail.
Após o anúncio do resultado da seleção, as unidades devem estar prontamente à disposição para o início das atividades.