Câmara discute situação de pacientes com sequelas no pós-AVC e atraso na reabilitação

No dia 4 de maio acontecerá audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir o cenário atual dos pacientes de AVC (Acidente Vascular Cerebral) que não procuraram ajuda médica nos primeiros sintomas da doença em razão da crise sanitária e deixaram de iniciar a reabilitação indicada após a doença,1 medida essencial para minimizar as incapacidades, evitar sequelas e proporcionar ao indivíduo o retorno o mais breve possível às suas atividades e participação na comunidade. 2

“Essa audiência marca o início de uma discussão dos gestores públicos com a sociedade para tornar a reabilitação no pós-AVC algo institucional a nível nacional e que enxerguem a importância e entendam que isso faz parte do retorno à funcionalidade e qualidade de vida do paciente”, contextualiza o neurologista Marcos Lange, presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares.

Com a presença de sociedades médicas, associações de paciente e parlamentares, um dos objetivos da discussão é reduzir a lacuna entre o tempo da alta do paciente com AVC e o início da reabilitação. De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), criada para disponibilizar assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia de saúde no âmbito Sistema Único de Saúde (SUS), a maioria dos sobreviventes de AVC precisa de reabilitação após sequelas neurológicas – cerca de 70% dos pacientes não retornam ao trabalho e 30% precisam de apoio para caminhar, caso não sejam tratados devidamente.3

O paciente tem acesso à reabilitação na rede pública de saúde, mas nem sempre sabe da disponibilidade do serviço e da importância da procura precoce pelas terapias após o AVC. Segundo o neurologista, esses tratamentos variam de acordo com a gravidade das sequelas do AVC. Entre as técnicas aplicadas estão: fisioterapia, sessões de fonoaudiologia, terapia ocupacional, tratamento medicamentoso e uso da toxina botulínica A.

Espasticidade

Entre os danos mais comuns após o AVC estão alterações na fala; agnosia visual – déficit neurológico que não permite ao cérebro reconhecer objetos pela visão; déficit de memória; e falta de sensibilidade e alterações motoras, em que o organismo pode desenvolver um aumento desproporcional da contração muscular de forma involuntária, chamada de espasticidade, que pode deixar sempre as mãos fechadas, a perna mais rígida para caminhar ou ombro contraído, causando desconforto e dor. Cerca de 40% a 60% dos pacientes sofrerão com essa condição, que costuma aparecer entre três e 18 meses pós-AVC4,5.

“A espasticidade é uma situação inconveniente que muitas vezes impede o paciente de ter uma vida independente e realizar tarefas simples, como comer, vestir-se ou tomar banho. A espasticidade também aumenta as chances de quedas e fraturas e causa muita dor em razão da própria contratura muscular, o que prejudica a qualidade de vida”, esclarece o Dr. Marcos Lange.

Mas existem formas de contornar a espasticidade e quanto mais rápido implementadas, melhores serão os benefícios para o paciente. Atualmente, as diretrizes de tratamento do AVC reforçam que o médico responsável tem até 72 horas para pedir uma avaliação completa para o fisiatra, que consegue fazer um prognóstico da gravidade das sequelas e já estruturar um projeto de reabilitação.4

Um dos tratamentos consiste na fisioterapia que, por meio de uma série de técnicas promove o correto estiramento do músculo, podendo prevenir o encurtamento permanente dos músculos. Outra opção, disponível no Sistema Único de Saúde, é o tratamento com a toxina botulínica A que proporciona melhora na mobilidade e na dor ao deixar os músculos mais relaxados e soltos5. A toxina botulínica A pode ser aplicada em determinados músculos do corpo, variando de acordo com o grau de força muscular e da lesão.5

Existem ainda medicamentos que auxiliam a relaxar a musculatura e podem ser administrados oralmente, dependendo do grau de comprometimento muscular. Há ainda casos que requerem cirurgia.6

AVC

  • É uma alteração súbita do fluxo sanguíneo cerebral que pode ser tanto isquêmico, quando falta sangue em uma região do cérebro por causa de uma obstrução, quanto o hemorrágico, quando um vaso sanguíneo é rompido.4
  • Sintomas: Perda de força ou dormência numa metade do corpo, boca torta, dificuldade para falar frases simples e para enxergar em um ou ambos os olhos, repentinamente, tontura e dor de cabeça insuportável, diferente do habitual. 4
  • Dados Brasil: são mais de 400 mil novos casos todos os anos e a cada cinco minutos, uma pessoa morre, totalizando mais de 100 mil mortes/ano. 4
  • É uma das principais causas de incapacidade no mundo. 4

Referências:

Redação

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