Pesquisa com atletas do futebol resultará em exame para prevenir lesões

Medicina Personalizada e Preditiva ganhará novo exame genético

A influência do fator genético no desempenho esportivo dos atletas não é novidade no universo esportivo. Mas agora, genética, tecnologia e esporte caminham juntos e sinergicamente no desenvolvimento de um estudo pioneiro que poderá impactar a medicina esportiva. Com base em um projeto de Doutorado em Ciências do Esporte da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, pesquisa possibilita cruzamento de painéis genéticos, dados clínicos e algoritmos poderão influenciar decisões médicas.

Um sistema preditivo multiparâmetro (Apollo) desenvolvido pela Omni, já atua com a prevenção de lesões musculares em atletas do futebol brasileiro profissional. O Apollo recebe informações de termogramas e biomarcadores, permitindo calcular o índice de fadiga dos atletas por meio de algoritmo. O software ainda oferece a possibilidade de análises quantitativas e qualitativas mais assertivas, assinalando as regiões anatômicas mais propensas a incidência de lesões musculares. Os resultados auxiliam os profissionais do departamento de saúde e performance dos clubes de futebol na tomada de decisões sobre o equilíbrio da carga de treinamento e na recuperação de atletas de futebol de alto rendimento, minimizando a probabilidade de lesões musculares.

Para ampliar o acesso à esta metodologia, o setor de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Pardini tem um caminho de estudo pela frente com os atletas voluntários. O laboratório realizou coletas e análises dos voluntários, que se somam a outros dados como as imagens termográficas em atletas das categorias de base do Clube Atlético Mineiro e do América Futebol Clube para a genotipagem e análise dos biomarcadores.

Com os resultados dos testes, o P&D do Hermes Pardini fará a extração do material genético (DNA genômico) para identificar genes que possam influenciar nos processos de inflamação e regeneração muscular. A genotipagem será realizada através da análise do genoma dos atletas. Os dados provenientes da genotipagem passarão por uma análise pelos pesquisadores das duas empresas. A descoberta de perfis genômicos pode ajudar por exemplo, um médico cirurgião definir qual metodologia utilizará para operar determinado paciente, de acordo com seu potencial de inflamação e regeneração muscular. O objetivo do projeto é compreender todas essas correlações, disponibilizar o conhecimento e tecnologia no esporte de alto desempenho e, na sequência, permitir que todas as pessoas, profissionais e amadores, possam ser beneficiadas pelas informações que o teste oferece”, afirmou Bernardo Dória, gerente de novos negócios do Grupo Pardini.

Desde que o genoma humano foi decodificado em 2003, o desafio dos players de saúde é criar um catálogo de genoma, que possa descrever características individuais com base na sequência de DNA. É aí que entra o Grupo Pardini, um dos maiores em Medicina Diagnóstica no Brasil, que, com sua expertise de 60 anos vem investindo, nos últimos dez, em descobertas da Medicina Personalizada. De acordo com o vice-presidente do Grupo, Alessandro Ferreira, o estudo de associação ampla do genoma é uma nova abordagem na genética que envolve um escaneamento rápido de centenas de milhares de marcadores através do DNA de vários indivíduos para encontrar variações genéticas associadas a determinados fenótipos. “Investir nessa pesquisa significa encontrar aplicabilidade de uma conduta médica individualizada para ampliar o acesso das pessoas a tratamentos mais ágeis e eficazes. Possibilitar a realização do tratamento certo para a pessoa certa gera eficiência para toda a cadeia de saúde”, explicou Alessandro.

Segundo Alessandro Ferreira, vice-presidente do Grupo Pardini, a Medicina Personalizada é um drive estratégico para a companhia e apoiar pesquisas que tenham capacidade real de melhorar as condições de saúde e bem-estar sempre foi um dos direcionamentos do Grupo. “Buscamos aperfeiçoar essa nova abordagem clínica, propedêutica, diagnóstica e terapêutica que considera a história clínica, atual e progressiva, os hábitos de vida, o registro de exames de imagem e biomarcadores ao longo da vida do paciente”, afirma Alessandro Ferreira.

Associado ao estudo genético disponibilizado pelas modernas técnicas de genômica, a Medicina Personalizada é capaz de identificar padrões específicos de cada indivíduo e/ou doenças nele manifestadas. “Dessa forma, são disponibilizadas ao médico informações que levam a condutas personalizadas para prevenir e tratar patologias, bem como orientá-lo na prescrição de medicamentos, doses e intervalos de acordo com o perfil genético de cada paciente”, explicou Alessandro Ferreira.

É sobre tudo isso que o Prof. M.Sc. Tane Kanope, fisiologista das categorias de base do Clube Atlético Mineiro estuda e investe seu tempo. Doutorando em Ciências do Esporte pela UFMG, há dois anos Tane Kanope busca aprofundar os conhecimentos já disponíveis pela literatura científica. Segundo ele, os atletas de alto rendimento têm curvas de recuperação física diferentes, em função do grande número de jogos, muitos apresentam reabilitação incompleta e risco aumentado de lesões. “Utilizando o sistema Apollo, minha pesquisa busca informações que forneçam aos clubes esportivos, quais são as curvas de recuperação de cada um de seus atletas, propondo cargas de treino e recuperação individualizadas, diminuindo a incidência e a gravidade das lesões musculares”, explicou o fisiologista.

Com orientação do Prof. Dr. Eduardo Pimenta da UFMG e consultor em ciência do esporte do Clube Atlético Mineiro, a tese de doutorado busca entender a real influência de fatores genéticos sobre as respostas inflamatórias de atletas de futebol, e como a genética pode auxiliar na prescrição de carga para jogadores, otimizando a performance, maximizando o processo de recuperação reduzindo assim o risco de lesões. Eduardo Pimenta explica que o futebol é um esporte caracterizado por ações intermitentes de alta intensidade e curta duração, intercaladas com períodos curtos de recuperação. Por isso, a prática do futebol envolve a intensidade elevada e demanda grande geração de força, que resulta em aumento do dano muscular e da resposta inflamatória após treinamentos e jogos. “A informação genética pode ser utilizada em conjunto com todos os demais fatores de risco para identificar aqueles atletas com alto risco de lesão e individualizar estratégias preventivas, incluindo o controle de carga”, defendeu Pimenta. Segundo Dr. Miller Assis, médico Ortopedista e Traumatologista, diretor científico da Omni, até o presente momento, a grande maioria dos estudos que investigam as associações do perfil genético com fenótipos relacionados à prática esportiva, visam valências físicas diretamente relacionadas com o desempenho como capacidade de geração de força, velocidade, potência e resistência. “Porém, muito pouco se sabe sobre a potencial associação genética com a resposta inflamatória decorrente da prática esportiva”, argumentou.

“Desenvolvimentos como este são de suma importância para a evolução do esporte. É mais um fator que nos faz conseguir individualizar as respostas dos atletas. O futebol é um esporte coletivo, mas sabemos que cada atleta responde de uma maneira aos trabalhos diários. O Clube conseguindo identificar como cada jogador reage a um processo de recuperação pode ser um diferencial estratégico não só na prevenção de lesões, mas na otimização do rendimento de cada um”, afirmou Gerson Rocha, coordenador do Núcleo de Performance do América.

Redação

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