Linfoma não Hodgkin: novas drogas têm revolucionado tratamento do câncer que afeta sistema imunológico

Linfoma não Hodgkin (LNH). O inusitado nome voltou a circular nesta semana diante da notícia de falecimento do jornalista Artur Xexéu, mas há algum tempo já vinha ganhado espaços nas manchetes depois que personalidades famosas, como os atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari, a ex-presidente Dilma Rousseff, foram diagnosticados com esse tipo de câncer. E não é à toa que ouvir essas palavras está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados 12.030 novos casos de Linfoma não Hodgkin. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.

Mas, do que se trata esse tipo de tumor? Os Linfomas não Hodgkin são um conjunto de tipos de tumores, que têm origem nas células do sistema linfático, essencial para a proteção de doenças. Existem mais de 60 tipos diferentes, que são tratados de maneiras diversas. O hematologista Evandro Fagundes, do Grupo Oncoclínicas em Minas Gerais, explica que, dependendo das condições dos pacientes, a taxa de cura pode chegar a 60% dos casos.

“Como se trata de um conjunto de doenças, cada um com a sua particularidade, não há como fechar um número exato para taxa de cura e isso dependerá das características da doença e também do estado de saúde de quem está passando pelo tratamento”, comenta.

Mas se o avanço da doença ainda é um mistério para a medicina, do outro lado, o acesso à informação pela população em geral se mostra ferramenta importante para a melhora no prognóstico dos pacientes.

“O grupo de tumores classificados como linfoma está entre os 10 tipos de câncer mais comuns entre homens e mulheres na região Sudeste. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial”, aponta Mariana Oliveira, hematologista do Grupo Oncoclínicas em São Paulo.

“Ao perceber ínguas – aumento dos gânglios linfáticos ou linfonodos – no pescoço, axilas ou virilha, concomitantemente a sintomas como febre e suores noturnos, fadiga, perda de peso e coceira na pele, busque ajuda médica”, orienta médica.

Novas opções de tratamento

No lado da ciência, o crescimento no número de casos também tem estimulado o desenvolvimento de tratamentos, cada vez mais efetivos. Evandro conta que, inicialmente, as terapêuticas para combater os linfomas mais comuns, que são aqueles que atacam as células do tipo B, são quimioterapia e, ocasionalmente, radioterapia.

“Em geral, o que vemos é que esse tipo de tratamento tem uma efetividade em cerca de metade dos casos”, comenta o especialista. Mas as boas novas vem exatamente para os que não respondem a essas opções. “É onde a medicina tem mais avançado nos últimos anos nos tratamentos e remédios, principalmente através da terapia celular”, afirma o médico.

O autotransplante, que substitui as células cancerígenas por saudáveis, tratadas em laboratório, é uma delas. A terapia com células CAR T é outra, e a principal novidade da área. Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente e recentemente aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do setor nos Estados Unidos. As drogas Yescarta e Kymriah obtiveram sucesso em cerca de 80% e 50% dos casos, respectivamente.

“Aliado ao diagnóstico precoce, o tratamento individualizado e humanizado para melhorar a integralidade do atendimento ao paciente e a adoção de avançadas técnicas da medicina de precisão são a chave para aumentar os índices de respostas positivas contra a doença”, frisa Mariana.

E, ainda que seja prematuro julgar os resultados dessas novas alternativas como definitivos, como reforçam os especialistas, as pesquisas apontam para um futuro promissor no combate aos Linfomas não Hodgkin. “A ciência têm caminhado e investido na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes. Principalmente nos linfomas, a opção de uso de células de defesa do próprio paciente reprogramadas em laboratório para combater a doença está trazendo resultados animadores para aqueles que não apresentaram resposta a outras alternativas de tratamento”, finaliza Evandro Fagundes.

Redação

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